'palavrosia'
veemente
disse que eu não mais viria
às palavras me insinuar...
que um tempo
daria
de fininho saindo
sem provocar
ondulações, nesgas violáceas
resquícios de vento
sequer.
entretanto...
é mais forte
a vontade de te sentir
as curvaturas
tuas
delinear.
teus
sentidos claros ou
indefinidos,
pesquisar
tocar teu porte
fechar os olhos
sentindo tua espessura.
dar-te meus olhos
minhas mãos
meus lábios
entreabrindo-se
silábicos
arfantes de breves
surpresas
fazer-te amor
balbuciando intrigas
provocando
protestos
confesso...
és minha libido
minha luxúria
meu vício promíscuo
e também minha oração
és o limiar de um voo
asas minhas em convulsão
és tatuagem
roçagando como vento
minh' alma
também és
o antídoto
... a minha calma!
Coração descompassado
Rasgo o infinito de mim
Nas meras palavras escritas
Com lágrimas que caem sem fim
Ao som das palavras não ditas.
E neste mergulho nos versos
Aonde vai ecoando a saudade
Revestida de sonhos dispersos
Murmúrio de amor e verdade.
Tristeza que minha alma aflora
Com um turbilhão de sensações
Registrada em poesia agora
Vou relembrando as emoções.
Transformo em letras meu sentimento
Grita o silencio em minha mão
Traço nestas folhas do esquecimento
O descompasso do meu coração.
Nikka Costa - On My Own
Meus Blogs:
http://roseli-balbobelaflor.blogspot.com/
http://belarosehotmailcom-belaf.blogspot.com/
Site em participação especial:
Website: www.LuzdaPoesia.Com
se me entendesses...
A sair de mim teimam
estas palavras que me atiçam
e queimam
deixo-as em versos,
incertos, como a brisa
ao fim do dia, na hora derradeira
são canto saído dos lábios,
palavras sonho duma
vida inteira...
Palavras que me ocorrem
canto de sonhos que não morrem.
Como queria que m'entendesses
sem palavras
como eu entendo o mar
apenas com o olhar
que m'entendesses como os pássaros
que me cantam
como a flor que se abre no campo
ou como a água que brota da nascente
sem palavras, apenas com o sorrir
somente...
Correria então a dizer-te
que é fogo incandescente
o meu amor por ti.
Sem palavras, tudo assim
simples como vôo de rouxinol
abrigar o amor no peito delicadamente
alcançar manhãs vindouras
e novos amanheceres
e sem palavras, renovar
a arte do prazer.
natalia nuno
rosafogo
*Palavras de Poeta*
“O poeta, de facto, só é uma pessoa como as outras na fisiologia. Et quand même…, Antoinin Artaud já nos preveniu de que poderia, até mesmo aí, ser diferente”
De O Livro de Cesário Verde, Posfácio, António Barahona
São tantas as palavras que o vento albergou,
Das flores que ainda se fazem criar,
Por entre os campos caiou,
Pedaços de pétalas de mar,
Que o tempo vincou nas brochuras com o salivar…
Nas montanhas assolou um único contemplar,
Que as flores lhe matou,
No jardim que ainda estava a formar,
As palavras que com as boninas partilhou,
Avassaladas pela corrente que inalava no ar…
São tantas as palavras que o vento albergou,
Levadas pela morte que insiste em amar,
Um poeta que ganhou asas e voou,
Para lá das vistas do meu olhar,
Onde enterrou todos as farpas que conseguia trovar…
Marlene
Read more: http://ghostofpoetry.blogspot.com
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Inspirei-me em Cesário Verde, grande poeta que tanto admiro.
Abraços e Felicidades.
"Descortinando sonhos"
"Descortinando sonhos"
De dentro de mim os laços, desfio.
Descortino os sonhos, sigo a rima.
Buscando com sede de sobrevivência
Ânsias que a vida molda e repagina.
E se os massacrantes dias são de espera.
Cheios de palavras tortas, sem calor.
De falas sem ênfases e entrecortadas,
Ciclos não concluídos, silêncio devastador.
Então o amor chega solto, sorrateiro.
Vestindo de ilusões os dias vãos.
Arrastando pra bem longe o desvario.
Embalando meus versos, hoje sãos.
É árvore centenária, viçosa e frondosa.
Deu ao poema represado, fala forte.
Refletiu dos dias verdes, todo o viço.
Hoje os rios dos meus sonhos, já têm norte.
Glória Salles
Palavras cuidadas
Com elas tecem-se sonhos
Exprimem-se sentimentos
Alimentam-se egos
Rezam-se orações
que chegam a Deus
pela força da fé
Com elas criam-se inimigos
Inventam-se mentiras
piedosamente inócuas
Sepultam-se as verdades
que magoam a alma
Com elas fantasia-se a vida
No palco da leviandade
Apontam-se armas
Pontiagudas de maldade
Com elas és dono do Universo
E só depende de ti
Plantares amor ou ódio
Em cada palavra, em cada verso.
Maria Fernanda Reis Esteves
49 anos
Natural: Setúbal
AI DE MIM
AI DE MIM
Fico a olhar o poente
Enquanto o tempo vai passando
Sem raiva nem ressentimento
Num rio de memórias me vou afundando.
Nesta página saudosa lembro de mim
Agora neste tempo me consumo
Tocam os sinos sem fim
Já vou perdendo meu rumo.
Envelhecem as palavras e eu também
Murmuro-as em forma de queixa
Já dizia minha mãe
Deixa flha, deixa!
Verás, quando chegares à minha idade
Que mais um dia de vida é milagre!
Assim hoje é mais um dia que em mim morre
Mais uma perda que me dá saudade
E neste manto de palavras que aqui corre
Digo tal como tu mãe, hoje foi mais um milagre.
E agora depois de ter anoitecido
Guardo um segredo que não confesso
Hoje, passou mais um dia, dia perdido
Diria que não o soube amar!?
Mas a Deus mais um dia peço.
rosafogo
"Porque não??" - Soneto
"Porque não??" - Soneto
Percorro o indicador, contorno teu semblante
Decoro cada ponto, caminhos a desbravar
Vejo nos traços linhas de uma historia errante
Imperceptíveis marcas, um cansado caminhar
Então nos teus versos vou procurar a essência
Verdades implícitas, nas entrelinhas escondidas
Espio entre elas, nas brechas da tua vivência
Bebo as tuas lágrimas, te sigo nas ruas perdidas
Olho teu rosto tão serio, dentro de mim te emolduro
Os ecos das minhas palavras tento entender, me torturo
Isso que nem sei o nome, sem que eu queira, me tomando
Nossos versos se casam, me chama pro teu peito
Sem ser de outro jeito, vou, me despindo e te olhando
Beijo teu rosto na tela, e vou pra cama sonhando.
Gloria Salles
30 outubro 2008
21h29min
Encheria uma taça
Encheria uma taça
de bom vinho,
bebendo até que o
meu medo desapareça,
e que possa molhar
os meus lábios nos teus,
com o trago deste aroma.
Amar e dor
calor dos sentimentos.
Fazer amor é
prazer orgânico dos corpos,
que misturados
dão um condimento ferveroso,
onde o respeito sai a ganhar.
António Fonseca
António Fonseca
Bailam-me as palavras
BAILAM-ME AS PALAVRAS
Bailam-me palavras na mente
Bailam como que embriagadas
São como água que corre contente
Fluída e fresca nas madrugadas.
E assim, por aí as vou deixando
Sigo confiante!
A tristeza elas me vão quebrando
À felicidade de tê-las, nada é semelhante.
Minhas palavras não têm fronteiras
São torrente de rio caudaloso
São meu grito, minhas companheiras
Tristes, ou alegres do meu eu saudoso.
Não calam a emoção
Deste meu pensamento livre
Nas asas trazem a ilusão
Da andorinha que em mim vive.
Minhas palavras saem em procissão
Vêm em andores de alegria ou tristeza
Palavras que me dão a mão
Têm aroma de rosmaninho, dele a beleza
Rezo-as na ermida
São labaredas da candeia acesa
Da infância perdida.
Saem do coração delirantes
Diamantes por lapidar
Às vezes gritantes
Com desejo de rimar
Trazem a raiva
O amor,a força e a serenidade
Não querem que ninguém saiba
Que estou morrendo de saudade.
rosafogo