o canto dessa cidade sou eu
..
..
..
..
..
..
..
quando jovem,
conhecia muito mal
essa porra de cidade...
já cheguei à meia-idade
e ainda sinto saudade
daquela santa ignorância.
redundância dizer:
hoje até faço questão
de dedicar todos os nãos
a essa cidade de bosta
que ainda é, podes crer,
a mesma porra desde então.
doa a quem doer
tá certo, eu me rendo
à puta falta de prazer
que a porra dessa cidade me dá.
não permita, deus, que eu morra
sem que eu rape o cu de lá
PIRÂMIDE DO AMOR (?)
É
Amor
Amor é
Amor é nó
Amor é um só
Amor é um soco
Amor é saco de pó
Amor é um tiro no pé
Amor é um chute no saco
a palavra amor
como algo houvesse
entre gelo e zero grau absoluto
que pudesse incendiar a paixão
pela combustão a frio, afirmo:
onde for imprescindível ser dita
a palavra amor
a cada cinco minutos
por lá, em coração, não estarei
o mundo não seja besta
Ao mundo, o melhor de mim
Para meu gosto ainda é pouco
E o mundo que não seja besta
E espere o melhor de outro
eu andava bastante perdido
andava bastante perdido
pelos caminhos de pedra
suando humores aflitos
usando meus olhos malditos
para inteirar-me das ofertas
das famosas Casas Bahia
e não é que o sofá
tem preço bom
e o couro até que presta?
lengalenga do poeta
poema que tem alma
reencarna na vida terrena
pelas rimas sanguinolentas do poeta
siga-se a lengalenga
et cetera, et cetera, et cetera
amém
águas azuis
meus olhos ternos e pequenos
encharcam-se, amenos,
em tuas águas azuis...
raros momentos plenos!
o estrago que um olhar faz
um simples olhar
pode assassinar o sol
os deuses botaram formicida na boca do nosso formigueiro
desde que me entendo por gente vivemos em estado de maremoto, terremoto, enchente e furacão - dentre outros menos recorrentes. - já era para eu ter cessado de considerar estes fenômenos condições excepcionais e passar a encará-los como forças telúricas naturais e recorrentes. será que as formigas não considerariam uma espécie de intervenção divina incomum o extermínio em massa do formigueiro por formicida quando sabemos de forma tão natural e antecipada sobre o inexorável destino delas?
divagações nada vagas
leio.
escrevo com a mente.
aprendo a desmentir
o que o coração sente
só pelo esporte de sentir.