Às vezes são insuportáveis Indigestos, estressantes. Às vezes são dolorosos, Insensatos, impiedosos. Já imaginei um mundo Sem comentários. Seria uma paz. Um universo de sossego, De alívio, pura liberdade. Mas ... Nem tudo é regra. Pensar em viver sem os seus comentários, é viver pela metade. É abrir a janela e não te sentir, Não saber de ti. Seus comentários, Diferentes de tantos outros, É que me fazem existir.
De onde vem a dor que sinto, O aperto no peito, a vontade de chorar? De onde vem a tristeza sem fim, A pergunta sem resposta, A angústia, a falta de lugar? De onde vem toda mágoa, Todo vazio, toda incerteza? De onde vem tanta loucura, Tanto sofrimento, Tanta vontade de casar?
Eu, o vento. Que sou calmo e violento Sou vendaval e brisa. Que à mercê da vida, Às vezes sou conforto, Às vezes incômodo, Às vezes paz, Às vezes caos.
Eu, o vento. Que sou incolor e frio Sou calor e sangue. Que à mercê da vida, Às vezes sou dor, Às vezes, rotina, Às vezes sou morte, Às vezes vida.
Eu, o vento. Que sou órfão e só Sou carinho e carente. Que à mercê da vida, Às vezes sou colheita, Às vezes plantio Às vezes sou notado, Às vezes esquecido
Eu, o vento. Que sou força e anemia Sou opressor e vítima. Que à mercê da vida, Às vezes sou vento, Simplesmente.
O direito, O esquerdo. O certo, O errado. O conceito, O preconceito. De que lado Devo estar? De que lado Realmente estou? Que me comprima O peito em dor, Mas não me incline Por conveniência. Que eu escolha De coração. E desse modo Possa viver.
Um aperto no peito Lágrimas que correm sem pedir Coração que bate em disparada Barulho de panelas na cozinha, Cheiro de café com leite O filme de uma vida inteira.
Uma buzina na esquina, Volto pra realidade. Só o que me resta é a saudade.