Alma quebrada
Sou assim sem você!
Criador sem cria,
Guerra sem paz,
Amante sem a amada,
Carta sem amor,
Sou alma quebrada.
Sem você sou inútil
Não tenho serventia
Assim sou!
Instrumento sem canção,
Riso sem alegria, poesia sem leitor, canção muda!
Por fim torno-me alma quebrada...
Amar-te é criar versos,
É ter os sentimentos livres é amar sem limites...
É estar preso por vontade, sem notar a liberdade...
Amandio Sales
Adriana sem você sou alma quebrada
Beijos molhados
Beijos molhados,
Como chuva em terra seca...
Beijos para quem tem sede!
Beijos barulhentos, similares a trovoadas,
flashes feito relâmpagos,
Como raios acesos em teus olhos.
Boca sedenta na loucura dos teus beijos,
Que são ardentes em forma de desejos.
Insanidade, loucura, um pecado só.
É pecado gostoso ouvir e sentir
tua boca quente em meu ouvido...
gemendo baixinho,
Falando que me ama
Querendo-me feito chuva fina,
molhando a terra que pede água.
Somos duas almas unidas em um só desejo:
é amar, é junção, é amor sacramentado numa canção.
Amandio Sales
Beijos molhados feito chuva fina em terra seca e um dia matarei minha sede em teus lábios.
Para minha amada, amada de minha alma.
O velho que habita em mim
Meus olhos não abrem mais,
esse é o meu último suspiro,
por isso o mundo calou!
Por respeito ao meu fim.
Fim?
Que fim?
Se o que silenciou foi o velho
que habitava em minha alma!
A vida continua...
Ficam as coisas boas...
Hoje sou livre!
Penso.
O que se foi, foi o velho que havia em mim!
E agora o que existe é um jovem
com sede de expor sem medo
do velho que tinha medo de sorrir,
de chorar, de cantar e falar
o que estava preso nas entranhas da alma...
Mesmo sendo velho, Sou um poeta!
Amandio Sales
Olhando o mar
Nunca vi um olhar tão distante
Era ela de fronte ao mar
Sentada em uma pedra a beira mar
Ouvindo os ruidos das aguas
Parecia estar em transe
Parecia noutra dimensão
noutro mundo
Por um minuto deixei-me
contagiar e fiquei por horas na mesma forma
olhando na mesma direção
A imaginar tanta agua!
E o sol que nasce, lindo!
só em ver, perdi-me em pensamentos e isso é bom
O mar me acalma.
Vi nas aguas a beleza de um olhar profundo
Mais bela ainda era sereia que estava
ao meu lado e num mergulho sumiu!
Menino do Sertão
Sou vaqueiro,
sou pastor, pastoreando ovelhas no sertão.
Sou menino descalço, comendo feijão.
Fui castigo, agora sou lição.
Não guardo ódio e nem rancor,
mas só decepção.
Sou menino de pés no chão,
com vergonha de comer feijão.
Sou riso tímido por falar errado,
motivo de graça, mas faço pirraça
porque sou menino do sertão,
sou poesia cantada e falada
para o meu Brasil.
Sou menino do sertão
que se perdeu na imensidão
deste País tão gentil.
Amandio Sales
Uns dos meus primeiros poemas.
Chove no sertão
Aqui no sertão choveu!
Ouvi o coaxar dos sapos
a serenata dos grilos,
vi plantas brotarem!
Logo cedinho o agricultor acordou,
com a enxada nas costas,
indo para a roça plantar,
choveu no sertão oba!
Vou plantar, milho e feijão,
e meus filhinhos,
comedores de rapa-dura,
vão ter mesa farta,
Arroz, feijão e milho verde
é comida forte, comida de nordestino...
Acá mando um alô pro meus irmãos,
que estão lá no sul!
Não sei ler e nem escrever, minha vida
é lida na roça, meu lápis é uma enxada
desde novinho fui roceiro cá estou,
falando pros irmãozinhos lá do sul
que não precisam manda dinheiro,agora chove
e é mesa farta...
Crônicas de Alzheimer
Passava a vida a recordar o passado. Hoje, nem minha casa reconheço. Tudo diferente. Meus filhos não reconheço mais, nem minha esposa. Que mal é esse que arrebata a minha memória?
Vejo-me perdido! Não reconheço nada e nem minha face no espelho. Não sou este velho que se apresenta! Meu Deus! Que está acontecendo comigo? Quem são estas pessoas?
Só sei que esta casa não é minha e estes que se dizem filhos não são meus. Esta que diz ser esposa não é minha mulher! Quem é? Ou melhor: quem são estes? Passo a clamar por uma resposta: quem sou? Que dia é hoje? Em que ano estou vivendo? Por que tomo remédios?
Não sei, devo estar doente! Boa pergunta, mas que mal é este que trai a minha memória? Estas pessoas estranhas, com sorrisos meramente falsos... Na realidade, onde estou? Preciso de ajuda, vejo-me andando pra lá e pra cá.
Agora encontro-me em uma casa que chamam de repouso. Cheia de gente igual a mim, segurando uma bengala ou em cadeiras de rodas. Ou em cima de uma cama, quase mortas. Por que vim parar aqui? Onde estão aqueles que diziam que me amavam?
Amandio Sales
O marinheiro
Quero abraçar-te como nunca tivera recebido um abraço!
Quero beijar-te como fora a primeira vez!
Beijos, abraços, calor humano, a vida é feita de carinhos, uma nova amizade é o fim da solidão.
Um verdadeiro amor é redenção para a vida melhorar.
Querer nem sempre é poder, mas, pode ser que o nosso querer, um dia seja poder...
O querer de querer e permanecer-me em você assim! simples feito a vida tão complicada, é a via-sacra do amor é a luta por dias melhores é o querer em viver e persistir permanecendo no amor
é olhar a chuva e não temer, é olhar o dia e sorrir...
Mas tudo isso só valerá apena ao lado teu, porque você me completa e sem você sou só apenas um marinheiro solitário em meio de uma gigantesca tempestade, preciso de ti para enfrentar esta tormenta e quando chegar em casa, abraçar-te-ei como nunca tivera recebido um abraço teu e beijar-te-ei como fosse a primeira vez!
Amandio Sales
Criador
Sonhar um mundo melhor,
sem monstros ao redor,
sem ganância, ignorância,
sem ânsia de viver.
Poder correr e abraçar a vida,
que é divina e perfeita igual ao Criador,
que chamamos de Pai.
Esse que cria e nos faz respirar,
Esse que ensina amar, é Pai e Criador,
mas muitos só veem a dor
e deixam o amor que o Criador ensinou,
dor que muitos dizem que é amor,
mas o amor não tem dor,
o amor é a cura da dor.
Este é uma pequena centelha do que faço
Sou criança
Sou criança;
Brincando com letras em forma versos;
Que pairam na alegria de brincar
com letras de sonhos.
Carrinhos de poemas,
Soldadinhos de alegria recitada em poesia
Em fim, sou criança!
Sou agito de um poeta agitado!
sou a tristeza de um poeta triste!
Por fim, tudo leva à poesia,
Doravante sou o amor de um poeta
procurando nas palavras
O sonho de uma criança.
Amandio Sales