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Doíam-me os poemas
nas suas páginas em combustão
alastrava a raiva dum fogo posto
Para o qual não havia água
Que o abrandasse
Lacrimejava-me o olhar
De tanto verso incendiário
- Quem é que via o meu sangue a arder ?
E se me perguntares:
Qual a razão desse impulso ardente
Dir-te-ei:
-Nunca soube em que ponto cardeal
O poema se cruza com a sua estrela ! ...
Luíz Sommerville Junior, Eu Canto O Poema Mudo, 120320141607
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Banco de jardim
AH!
Adoro pôr o til bem cedo pela manhã
Colocar um acento no café
Puxar da cedilha de um maço
E fazer uma bolinha no i de um livro
Cada letra sumida que eu corrijo
Me traz lembranças do passado
Me lembra que o dia de hoje é
Outra página para reler amanhã
E no banco de um jardim descuidado
Quando pela tarde se faz tarde
Pouso este meu livro para pensar:
"Onde irá dar cada estrada empedernida que o atravessa?
Que história é essa que contam por aí?
Que existem jardins mais lindos que eu nunca vi?
...Sentado eu fico. Escrevendo prossigo:
"Este jardim descuidado é o meu abrigo
E essas estradas eu adivinho que irão dar
A jardins, que como o meu, estão por cuidar.."
Aff!
Mais uma noite, mais um til no meu divã
Como sempre ligo os "és" do candeeiro
E chegando a cedilha ao meu lençol
Fecho o meu "livro" entre aspas
O amador
Quem está aprendendo alguma coisa, deveria ser chamado de aprendiz ou iniciante, não de amador. Amador é quem faz algo por amor. Às vezes a diferença entre amador e profissional é só porque um faz por amor e o outro faz por dinheiro. Então o amador deveria ser mais valorizado, porque tem muitos “profissionais” que trabalham sem amor nenhum à profissão. Infelizmente o que faz alguém ser chamado de “profissional”, é só porque sobrevive daquilo.
Quantos escritores podem ser considerados profissionais? Poucos, não é? Uma vez eu li um escritor dizendo que o único escritor no Brasil, que vivia só de livros, era Jorge Amado. Isso naquela época, porque agora tem o Paulo Coelho e deve ter mais meia dúzia.
O que faz um escritor ser considerado profissional? É só publicar um livro? É publicar um livro, e fazer parte da Academia Brasileira de Letras?
No tempo de Drummond, Bandeira etc, quando a poesia era mais “consumida”, todos os poetas sobreviviam como cronistas dos jornais ou trabalhando com outras coisas. Nunca li algo dizendo que eles sobrevivessem de literatura. Será que eles eram considerados amadores, na época?
Vender livros hoje em dia está muito difícil... Além do povo não ser muito chegado à leitura, os livros estão muito caros e o povo não tem dinheiro. Como viver de livros? Conheço alguns poetas que se esforçam para publicar um livro, e depois saem vendendo de bar em bar... Tem muita gente que compra, só por comprar. Quando chega em casa joga o livro em um canto, ou fica usando para guardar contas.
Uma vez eu encontrei uma amiga, que eu sabia não ter a menor simpatia com poesia, com o livro de um poeta (conhecido meu) nas mãos. Aí eu falei: eu conheço esse poeta, nós já participamos de um grupo. Onde você comprou? Ela respondeu: eu estava em um bar com o meu namorado, aí ele chegou, perguntou o nosso nome, escreveu no livro e... dez reais. Eu ia até perguntar se ele te conhecia mas, desisti. Então eu falei: poxa menina, deveria ter perguntado. Eu queria saber o que ele iria dizer... Depois você me empresta esse livro? Ela prontamente tirou dois recibos de dentro do livro, perguntou-me se eu queria uma revistinha que estava em minha mão, eu entreguei-lhe a revistinha, ela botou os recibos dentro e entregou-me o livro dizendo: tome, fique.
Aí eu pergunto: quantas pessoas que ele vendeu o livro, fez essa mesma coisa ou pior? Esse livro pelo menos veio parar nas minhas mãos e está guardado. Mas quantos já se acabaram sem ninguém dar uma “olhadinha”? E o poeta chega em casa, achando que as tantas pessoas que “compraram” o seu livro, estão conhecendo o seu trabalho...
Será que vale a pena fazer isso?
A.J. Cardiais
07.01.2012
O LIVRO DA VIDA
O LIVRO DA VIDA
Meu livro está coberto de pó
Caem folhas deste meu livro da vida
Pouco a pouco vou ficando mais só
No peito uma ferida
Que é página esquecida.
O amor era o pilar
Da nossa janela ensolarada
Adivinho o futuro encosto-a devagar
Sinto o calor do teu corpo daqui a nada.
Folheio e vou sonhando
Olho as sardinheiras floridas
E o livro vou folheando
É a minha vida inteira,
nestas folhas caídas.
Neste livro se lê
Que te amei de verdade
E ainda assim sem eu saber porquê!?
As folhas molho com lágrimas de saudade.
Perdi quase tudo até o medo de morrer
Este livro está velho como a vida
E hoje dou comigo a descrever
Memórias duma memória enlouquecida.
Guardei as folhas do fim
Vivo à espera do que há-de chegar
Do abraço quando te chegas a mim
Do livro que há-de acabar
Quando a vida de ti me afastar.
rosafogo
natalia nuno
Um Livro nas Mãos
O livro é uma porta que se abre,
É a chance de ver o mundo nas mãos.
Cada livro lido, por mim, por você
É um passeio pelas janelas do mundo
Onde se aprende a viajar,
a voar como anjos
e construir lindos castelos.
O livro é uma luz
para os cegos de conhecimento.
Não há presente melhor
do que estimular a leitura.
Sair da escuridão, ver a luz do saber
clareando os caminhos, e poder
participar do mundo competitivo,
é de fato gratificante.
Ensinar é dever do mestre...
Tornar-se leitor
É o caminho para o conhecimento,
É um ato de amor para consigo mesmo.
É construir pontes
Com passagens
Para um mundo melhor...
O mundo do saber.
Diná Fernandes (amopoesias)
O que eu queria...
O que eu queria mesmo na vida...
Era um simples atalho...
Que me guiasse ao monte,
Onde sentisse orvalho,
Onde enxergasse horizonte!
Um simples destino...
Que me levasse aos caminhos,
Aqueles que eu até imagino,
Aqueles dos teus carinhos!
O que eu queria mesmo na vida...
Era uma raiz mais profunda...
Que a chuva não arrancasse...
Ser mesmo primeira, não segunda,
A única que te completasse!
Uma cerveja sempre gelada...
Que não findasse o gosto da ilusão,
Ouvindo sempre a canção: És amada!
Aquela que escrevestes com paixão!
O que eu queria mesmo na vida ...
Era escrever um livro e bolar a capa,
Contando esperiência mesmo comum!
Desta vida, não pular nenhuma etapa,
Até as que não há personagem algum!
Era ter o mapa dos sonhos de criança,
Mapa da mina, tesouros de ouro!
Véus que vestem minha lembrança,
E dividem com você esperança no futuro!
08/01/2010
NOVO LIVRO!
Amigas e amigos da poesia,
Acabo de publicar um livro!! Após muita frustração com a falta de apoio a escritores iniciantes, especialmente dentro do universo da poesia, desisti das editoras e das gráficas, ou seja, da publicação material.
Resolvi, então, publicar independentemente pela plataforma Kindle, da Amazon, na forma de um e-book. Com 234 páginas, esta obra, de título FORA DO CENTRO, reúne poemas que escrevi nos últimos 7 anos, frutos de minha inquietude.
Num futuro próximo, espero conseguir a publicação física, mas até lá, muitos e-books precisarão ser vendidos, rs. Peço que indiquem a familiares, amigas e amigos que gostam de poesia. Este seu amigo poeta ficaria imensamente grato.
Para adquirir um exemplar basta seguir o link abaixo ou, no site da amazon.com.br, procurar pelo meu nome ou pelo titulo da obra. Qualquer dúvida, estou à disposição, me chame inbox. Espero que apreciem este trabalho. Sem mais, deixo abreijos.
https://www.amazon.com.br/dp/B01KVX8PMU
O LIVRO DA BRUXA E A LIBERDADE DE EXPRESSÃO
Se instituto da liberdade de opinião não pode ser postergado, em seu nome jamais poderá prosperar o proselitismo ou a defesa de ideais espúrios. O exercício da plena liberdade propõe e necessita, porém de certos requisitos fundamentais entre os quais uma ampla visão histórica das situações enfrentadas para que os erros do passado não sejam repetidos. Também, o total conhecimento de todos os elementos envolvidos não desprezando de modo algum as suas aspirações e principalmente reações.
Os regimes totalitários têm medo da imprensa porque a liberdade de expressão quando difundida traz à tona fatos que desejam ver enterrados. Mas a luta pela liberdade não implica a destruição de todos os que pensam de modo diferente, implantando a repressão generalizada. Mais grave que isso, esse conceito pode ser e em determinadas vezes tem sido usado não para atender os justos anseios da sociedade, mas na defesa de interesses de grupos ou pessoas, geralmente os poderosos integrantes das elites dominantes que quando desejam manter seus interesses não abrem mão de quaisquer meios, inclusive a tentativa de manipulação dos meios de comunicação.
A divulgação de todo e qualquer pensamento não é fato imprescindível e condicionante da liberdade de expressão. A publicação de ofensas gratuitas, de fatos não apurados responsavelmente também não é condicionante da liberdade da imprensa. O que se nota atualmente é uma generalização e até banalização do conceito de liberdade de expressão. Nossa sociedade deve agregar a seus valores a serem defendidos o respeito às opiniões divergentes, aos comportamentos diferentes, ao individualismo, aos que se destacam das multidões pela forte individualidade.
Toda intolerância é burra e nasce das opiniões preconcebidas sem nenhuma análise e principalmente, sem nenhum conhecimento de todos os fatos.Essas opiniões podem ser alienígenas e de forma maciça serem introduzidas na mente das pessoas, de modo subliminar, mas eficiente. Trazem consigo a aversão sistemática contra os que se destacam ou diferem da maioria.
Conheci a ditadura e vivi sob ela. Também senti na pele os efeitos da intolerância, da perseguição e de como é difícil manter ideais diante dos reveses. Foi no início dos anos setenta que aprendi o que é a intolerância. Com ela percebi que vem junto o preconceito. Um padre da época denunciou durante um sermão que a minha companhia não era saudável para os jovens católicos pois era um ateu. Perdi amigos, vi fecharem-se portas, fui discriminado. E a única coisa que fiz, foi ter na minha estante um livro de capa preta, intitulado “ O Livro da Bruxa” . Para aplacar a sanha anti-religiosa, o fervoroso padre acabou por cometer um ato de preconceito. Pela minha irreverência quis que eu silenciasse. Não conseguindo, tentou isolar-me dos demais, afastar-me de seu rebanho, numa posição na qual não poderia oferecer nenhum perigo. Erraram os dinossauros hilariantes. Não me calei, ainda sou ateu e o livro está na minha estante.
No mundo novo que almejamos, os que não pensam como a maioria devem poder existir sem serem destruídos sistematicamente e covardemente posto que a ordem dominante move-se contra eles, premidas pelo preconceito e pelo pavor da mudança.Sob o pretexto da manutenção do equilíbrio da ordem dominante a ninguém é permitido sair por ai apreendendo o livro da bruxa, esquecido por acaso numa estante qualquer, este por que, por si só, jamais representará perigo. Somente passará a ser perigoso quando seu conteúdo for posto em prática de forma eficiente e sistemática.
Pode-se supor que a simples presença do Livro da Bruxa na estante seria reflexo da prática de feitiçaria? Nada há que apoie tais ideias. Somente as elucubrações maniqueístas provindas de mentes tacanhas. E a prova cabal disso é que existem milhões de livros sem que as teorias que contém sejam necessariamente e obrigatoriamente postas em prática e prejudiquem quem quer que seja. Jamais existirá uma sociedade justa sem o respeito à expressão dos divergentes.
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LM.remora é heterônimo de ©LuizMorais. Todos os direitos reservados ao autor. É vedada a copia, exibição, distribuição, criação de textos derivados contendo a ideia, bem como fazer uso comercial ou não desta obra, de partes dela ou da ideia contida, sem a devida permissão do autor.
Prefácio - Nas águas do Verso
Nas Águas do Verso é uma colectânea poética idealizada e coordenada por João Filipe Ferreira e Pedro Lopes.
Nesta obra é possível encontrar textos poéticos de 100 autores tão diferentes e tão iguais ao mesmo tempo.
Uma obra onde cada poeta expressa livremente as suas palavras, as suas emoções, visões e estados de espírito.
Em Nas Águas do Verso o leitor poderá navegar calmamente na beleza da poesia e da prosa poética, sem nunca perder o rumo, sem nunca se afogar nas palavras.
Com muito prazer, os autores oferecem-lhe esta obra que consideram ser tremendamente rica em poesia.
Sejam bem-vindos ao barco poético e, uma vez nele, desfrutem da beleza das Águas do Verso.
Escrever um livro
Escrever um livro é vivenciar a construção do mundo, o nosso mundo interior.
Publicá-lo é deixá-lo visível no universo e atrair para o mesmo vidas que o irão habitar, neste caso serão os leitores.
Estes por sua vez poderão construir outros mundos a partir do nosso.