Poemas, frases e mensagens de Margarida Faísca

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de Margarida Faísca

Escrevo

 
Pensar, escrever porque gostas de mim
Ao adormecer dás-me tua inspiração
Como uma pedra que atiro ao rio, vou formando ondas, frases
Os sons do teu coração, verde e cor de marfim
Esperança com fino pavio
O que sinto, o que canto, o que te dou
E escrever porque gostas de mim

Devolve-me sentimentos, que sei sempre senti
Pedir a Deus que nos guarde
Que escrevo porque gosto de ti.

Qual imaginação que se acerca da memória
Palavras sem sentido num labirinto de frases ritmadas
Dançam ao pulsar do teu coração

Qual tentação que se me acerca à intenção
Coisas que escrevo em desabafo sem medo,
Sem tino, coragem e em segredo
Suspirado ao ouvido nesta minha ilusão

Paixão nas letras em leve dicção
Perco palavras apagadas em ilusões
Supero em grandes frustrações
E escrevo, escrevo sem tua compreensão

Sem água nem pão escrevo sem parar sem conseguir dormir,
Ao nunca dizer não e sem correcção adormeço a sorrir.

Papel caneta e luz
Acende-me as loucas ideias, qual chamas em candeias
Voam estrelas adormeço em pensamento
Prendo-me como que em fundamento
Lindas palavras, palavras feias
Um momento
 
Escrevo

Por ti...

 
Concede-me esta dança
toca-me no rosto
deixa-me esta lembrança
porque é de ti que eu gosto

Canta-me esta canção
melosa melodia
percebes esta paixão?
porque é por ti que eu morria

Lê-me este poema
letras de viver e amar
com teu perfume de alfazema
porque me deste asas para voar

Toma meu corpo como teu
envolto em sentimento altivo
por ti meu amor cresceu
porque é por ti que vivo
 
Por ti...

Sorte

 
Cheiro os teus olhos de mar
Provo os teus cabelos de mel
são mil palavras a voar
suaves toques de luar
arrepiam-se-me na pele

Oiço as tuas mãos a sorrir
os teus lábios a olhar
são mil desejos que vão partir
sons que podem ferir
sem nunca sequer nos tocar

Mesmo sem nunca se amar
deseja-mos ter e viver
em mil sonhos me quero tornar
naquela que não podes tocar
mas que nunca quererás perder

Se um dia me sentir perdida
procurarei o meu norte
seguirei a minha vida
chorarei a minha ferida
E farei a minha propria sorte
 
Sorte

Bichos que são

 
Amor que tenho por dois cães e dois gatos
As vezes difícil de compreender
Rasgam almofadas e roem-me os sapatos
Perco a cabeça sem saber o que fazer

Sem adivinhar o que estará para vir
Dão-me uma lembidela e enfiam-se na cama
Enrolam-se e adormecem a sorrir, eu sem conseguir dormir
Eles uns anjos a sonhar com lama

Elas brincam, saltam e correm
Nos puxadores gostam de se pendurar
Bebem por um fino fio de água
Eu apareço e elas fogem
Evitam a mágua
Porque lhes vou ralhar

A Ticha dormece em cima da televisão
A Yacha adormece enrolada ao meu colo
O Lucas distraído morde-me a mão
E se me fala ão ão ão
Quem seria senão o Simão
 
Bichos que são

A minha caixinha com bolas cor de rosa

 
Uma caixinha com bolas cor de rosa guarda os pensamentos de um individuo que cortou o cabelo a navalhada depois de ter colado uma pastilha elástica nos sapatos da tia gorda que estava de visita pois era do interior onde os castelos de areia se desmanchavam com o vento que fazia girar os moinhos com tanta força que as velas quase se apagavam ficando assim uma escuridão de sons onde quase se tropeçava no silencio de um cego que só visualizava os sonhos dos desgraçados dos amantes que se despediam com longos beijos molhados de tanta música que se escrevia nas cartas de amor amor amor...

Nessa caixinha com bolas cor de rosa também guardava as opiniões sobre as guerras onde canhões marcham pela fome desgraça e Vitória que era a tia gorda raspava raspava e a pastilha nao saía nem com a água gelada que desfaz os castelos porque nem só o vento cega a mudez de um anjo que come algodão doce rosa rosa como as faces desse mesmo anjo que voa como as borboletas na direcção de cumulos em forma de verdes sapos que saltam de petala em petala refrescando a memoria de beijos que não demos enquanto grito bem alto pela caixinha com bolas cor de rosa onde guardo todo o meu amor amor amor...
 
A minha caixinha com bolas cor de rosa

Um poema para ti... (pelos 7 anos de casamento)

 
Hoje é dia de te escrever um poema,
posso escrever-te sobre um anjo,
esse anjo que me conquistou, que me amou, que me fez rir, que me fez chorar...
posso escrever sobre uma rainha, que há muito deixou de ser princesa, só porque achou uma coroa de jasmins, uma rainha que chora, que ri, que ama...
Tantos poemas que já escrevi, tantos textos que de poesia não tinham nada,
tantos poemas que eu li, tantas frazes que me dedicas-te, canções que me cantas-te...
Tantos momentos...
Podia escrever sobre o que gosto em ti, sobre o que não gosto em ti, podia escrever sobre o que me fazes sentir, mas não serão os tantos outros assim?
Podia passar o dia a escrever sobre quem és, sobre o que não és, sobre quem eu queria que fosses...
Podia escrever sobre os nossos sonhos, sobre os meus sonhos...
Podia escrever sobre o teu corpo, sobre o meu... que te ofereço...
Podia escrever sobre os nossos primeiros poemas, sobre a nossa primeira noite...
Podia escrever sobre... o nosso amor...
Tantos momentos...
Bons, maus... mas sempre a dois, como casal...
Obrigada, e ... Desculpa
E nunca poderia acabar de escrever neste dia sem acabar com um
Amo-te...
 
Um poema para ti... (pelos 7 anos de casamento)

Ainda Existes

 
Sinto a falta da tua respiração junto ao meu pescoço, o murmurar de um amo-te...
Adivinho-te o cheiro de uma rosa que pegas-te, a cor do whisky que bebeste, a música que soou ao teu ouvido...
Aquela mensagem repleta de sentimentos esvaneceu, agora o teu Olá, é simples, porque te conheço...
Não te sinto, não te oiço, quase não te vejo, mas sei que ainda existes...
Sei que ainda me sentes, ainda me abraças de vez em quando, ainda fazes parte do meu poema...
Quando a noite chega, sei que estas lá, podes até estar ausente, mas estás lá...
E assim, ainda te adivinho o cheiro da rosa que me ofereces, o vinho que degustaremos e a música que irás murmurar ao meu ouvido...
É quando te respondo... Amo-te
 
Ainda Existes

Espectro Narrativo I

 
O vento que desce pinta-me de amarelo
Abre a porta, solidão não quero
Escreve um poema de frente pra tras
Recorta a foto com cheiro a lilaz
Picos sem picos são picos de rosa
Aguardente Velha, brindemos à nossa!
Carteira vazia de qualquer tamanho
Mar com todas as cores e castanho
Moldura da vida, ganha ou é enganado
Corre depressa, trofeu dourado
Sentido no ouvido com sinos de lã
Sombra quente em teus olhos de avelã
Sismo de sentimentos, magia vermelha
Toma meus oculos, sem vidro sem telha
Amor,Paixão, Cinza preto e negrão
Acaba sempre tudo numa grande tesão
Com cores ou sem cores o mundo se sente
tudo cheira e parece alegria fluorescente
 
Espectro Narrativo I

Que sinto... que escrevo...

 
De ponta te mando a lança
Como fino bibellot
Deitada te abraço e se alcança
Tudo que sempre esperou
Com cores e manchas em sufoco
Sem arco-íris sem prata sem ouro
Macio toque que só é tão pouco
Para mim és tesouro,
Água que a sede matou

Pequenas flores que crescem
Em tudo o que por algo espero
Mundo que sinto, receio sem medo
Sentimentos que padecem
E no fundo não se esquecem,
É por isso que escrevo.
 
Que sinto... que escrevo...

Ela era muito forte

 
Ela dizia que era forte, mas no fundo chorava a dor de uma unha partida.
 
Ela era muito forte

O Fadista Doutor

 
João Maria Teotónio Baptista
Sem filho, pai, neto ou avô
Seu sonho era ser fadista
cantar como um dia o Vasco cantou

Ele coitado que um pouco desafinava
De poeta e cantor tinha muito pouco
E quando de dia, tarde ou noite cantava
Suas palavras soavam a louco

Três horas passadas de terminar o dia
Lembrou-se de fazer uma serenata
Levou com um jarro de àgua fria
Armando logo zaragata

João Baptista estava apaixonado
Pela filha do senador
Mas vivia angustiado
Com ciúmes de outro cantor

Joaninha estava já prometida
A César o grande Tenor
Sua mão fora concedida
Por não haver lá nenhum doutor

João Baptista enquanto sonhava
Do fado do Vasco lá se lembrou
E para recuperar a sua amada
Para Coimbra foi e lá estudou

Fadista cantou
Com voz afinada
Doutor se tornou
Com a vida bem fadada
À terra voltou
Para junto da sua amada
Assim que ajoelhou
Ficou a história rezada
 
O Fadista Doutor

Outros amores

 
Não sinto amor de mãe, ainda
Mas sinto amor de filha
Amamos tios e primos
até alguns amigos
Hoje conheci outro amor
o amor de ser tia
aquele rosto pequenino
para ele todo o carinho
E que presente neste dia...
comemoram os namorados
Valentim já os protegia
casava os apaixonados
e assim foi à guilhotina
Amor de tantas formas
sabores e feitios
Cheia de alegria
Parabéns a todos os tios
Agora que já sou tia!
 
Outros amores

O Cão Sultão

 
O meu pai contava-me, que o Sultão, de pêlo fino, curto e preto se escondia no muro da casa da Palmira.
Enquando ele vinha da escola, entretido em brincadeiras com os amigos, Sultão esperava escondido mas atento ao seu dono.
Ao passarem pela casa da tal Palmira, Sultão saltava para a frente do pelotão e assustava todos, ão ão ão...
O meu pai ria, que belo comparça que ali tinha.

As crianças já mais sossegadas brincavam depois ao pião, o meu pai com eles e também o Sultão...
 
O Cão Sultão

Diz-me tu...

 
Não sei... diz-me tu
porque o mar é verde? será azul?
quantas cores tem o arco-íris? serão só sete?
porque anseio os teus beijos? serão mágicos?
quantos anos viverei? serei feliz?
porque choram as flores? sofrem por amor?
porque fogem as borboletas? Querem ser livres?
porque o sol é redondo? E as outras estrelas não?
porquê?
Não sei... diz-me tu
 
Diz-me tu...

Alma Dorida

 
Hoje doi-me a alma
Num exagero de sentimentos, finjo uma faca espetada no meu espírito,
O mar não seria mar sem o seu sal,
E o céu não seria o mesmo sem as suas estrelas,
E tal como se nos seca a pele, nos seca os olhos... ou os molha?
Sinto a verdade a fugir-me entre os dedos, um arrepio frio de alguém que aparece, mas nunca está presente...
Com o compromisso de viver, esqueço-me que a morte está em cada esquina...
Se é agora que preciso de ti, assim será toda a vida, como sempre o foi e tu nunca o soubeste.
Pela desilusão do inesperado, coisa que sempre espero inconscientemente e já nem percebo porque me desilude, mas eu sou assim...
Sem consideração pelos sentimentos e pelo esperado, torna-se então nessa inesperada desilusão que me faz doer a alma.
Usam-se máscaras para esconder o verdadeiro SER... e assim se torna real pensar que toda a verdade pode rebentar como um balão apanhado por um raio de sol.
Só porque o que nos faz feliz também nos pode fazer doer a alma
 
Alma Dorida

O artista

 
As mãos gelavam como pregos espetados
nessa rua com passeios de linho
por mais que escrevesse a luz não desaparecia
ele era um artista
não porque tivesse grandes obras
ou porque estudou arte
não porque cantava com voz agravada
ao fumo de um cigarro, ao toque de copo de vinho
não porque me fotografava
com aqueles olhos gigantes, penetrantes
porque as mãos gelavam em luvas de renda
foi uma prenda para ele

De noite vagueava
olhava as estrelas, confundia as luzes citadinas
escalava montanhas de betão iludido na sua arte
porque ele era um artista
escrevia num abstrato literário
pintava um expectro narrativo
no fundo só queria ler a sua vida
nas mãos de uma qualquer criança

Cosia formas disformes
com cetim e seda
aqueles monstros que eram a arte
e ele o artista
Num vocábulo pobre que escondia no bolso
assinou o seu nome

Eu, o artista
 
O artista

Gaivotas

 
Estava sentada ao pé da praia,
estava a ver o mar e reparei nas gaivotas, fiquei a observar durante um tempo e fiquei depimida com tanta liberdade...
Todas viradas ao vento, vivem em colónias, tão perto e tão longe umas das outras...
Como que uma redoma pintada de penas, tão juntas, tão unidas e tão distantes,tão sós.
Não interagem, como se de estranhos se tratassem, viram as costas umas as outras e só se tocam na bulha por um peixe ou algo que o valha...
enquanto isso olho para o mar... aí sim
que beleza transformada... Uns dias verde, outros castanho, azul ou roxo... calmo ou com leves soluços, bravo com lágrimas de espuma, que vida, que vida...
De que me vale sonhar problemas, um mar sem ondas não é mar
De que me vale sonhar liberdade, só asas não me fazem voar
 
Gaivotas

Bichos meus...

 
Por bichos tanto que posso escrever
Irrequietas em saltos e correrias
Abanas as orelhas com toda a dedicação
Estica-se e ronca como numa canção
Barulho de comédia em quanto bebias
E num ápice de novo a correr
Ralhava-te, Xiu! Mas no fundo sabias
Que só estava a tentar adormecer…
 
Bichos meus...

A gata

 
A gata gosta tanto de novelos de lã, que dorme enroladinha como tal.
 
A gata

Por fim

 
Tanto que posso sentir, pensar, sem acção... erva daninha que se aninha, na nossa mente tanto que corre salta dança... sem nexo, sem arma
Sou feiticeira de horas aladas em que voo por meros beijos ao acaso,
Onde sinto o que sinto, nas ondas do mar e na restia de luz que a lua nos contempla.
Se fazes de mim rainha de prazer se faço de ti anjo de luz dança comigo esta dança de loucura.
Morreremos os dois em extase de mentiras, de loucuras, de prazer e frustrações.
Preciso de me libertar, espartilho na mente e coração secam-me as lagrimas da razão, porque havemos nós de viver para depressa morrer, porque havemos nos de morrer se tanto queremos viver...

E pego neste copo de vinho, fumo um cigarro...
O que se passa?
Estou a morrer pela ansia de tanto viver...
Pega em mim ao colo e leva-me ao fim do mundo, dança comigo e beija a minha mão, diz-me tudo o que quero ouvir, arrepia-me com o teu toque e por fim... mata-me
 
Por fim

MF