Poemas, frases e mensagens de MarinaNegre

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de MarinaNegre

devagar divago

 
devagar divago
ao ver as flores
lançando polens no ar,
levados pelo vento,
onde irão parar?

germinarão numa colina,
ou se afogarão no azul do mar?
morrerão pelas calçadas ou
descansarão nas asas dos
pássaros

adentrarão pelas janelas
impregnando as cortinas
ou se esconderão entre as copas
de um lindo pomar?

em que lugar vão florescer
ou quais campos irão perfumar?
será que encontrarão chão fértil
ou na estiagem irão perecer?

quem brotará primeiro...
a violeta, a margarida,
a rosa ou o narciso?

a beleza da verbena
d\'amarilis ou da gardênia,
enfeitará os cabelos
de uma linda morena?

os polens seguem dourados
levados pelo vento
e devagar vou divagando
com as flores no pensamento.
 
devagar divago

variante

 
confundível
na textura
no perfume
e na cor...

perdoe-me
se no jardim
não fui sempre
a mesma flor
 
variante

afanítica

 
algures
em declive
rocha vou
em reboliço

rolando
estalo
ralando
calo

basáltica
vou
no tempo
algures

movimento
às vezes
leve
às vezes
levo
às vezes
paro
porque
quebro

esmiúdo-
me
fanico-
me
sentimentos

algures
não me
escondo
mas me
fendam
desencontros

somente
acha-
me
o vento
e sente
meu tempo
rente
desgastando-me
a cútis
de um jeito
indiferente
quando ainda
pulsa no âmago
um magma
quente
 
afanítica

Amor...

 
... árvore que se deve escalar
de cima para baixo,
porque o sentido não
está nas ramas floridas.
ter-se-á que alcançar
a terra fértil que atrai a raiz.
para isso, com coragem,
se deve escalar
e escavar,
escavar,
escavar...
 
Amor...

percursos

 
a subir
o escopo é o pico.
não sentem os pés
a dor dos degraus.
não sentem as mãos
a força dos corrimãos

o ápice é o
alvo

a descer
o olhar percorre
o chão
mãos tateiam
amparos

nem tudo resiste
nem tudo assiste

na queda quase nada
é esquecido

porque tudo
é sentido
 
percursos

Fase

 
Fase
 
Sabe a lua?

Quando ela se enche

me deixa nua
 
Fase

retos pra uns, desalinhados para outros

 
quantos gostam
e quantos desgostam
dos teus movimentos
nas estreitas ruas
que respiram e
transpiram todos.

se existem desagrados
por algum teu ato
consumindo espaço,
agradece.
são energias te estimulando
a aperfeiçoar-te a cada dia.
para aqueles que agradas,
das abraços
mas continuas a capacitar
teus passos.
 
retos pra uns, desalinhados para outros

estado de graça

 
A poesia em mim
entende o que ninguém
compreende

Ao me juntar às palavras
num abstrato me transformo
tomando forma de poema
que pouco ou muito rende.

Em campo aberto é exposto
às vezes não ganha nada
fica passando fome
mas sua pena não vende
 
estado de graça

Tempest

 
passa por mim
a borrasca
e o que fica?

poças pro céu sorrindo,
cabelos pingando caminho

sonolencia do
tempo endiabrado
sobre a flor dos lábios
molhados
 
Tempest

se há nobreza na gentileza...

 
às vezes
admiração
se confunde
com adulação

quando admiração
vai à mesa,
com a simples
função de servir
gentileza

quem já conhece
o paladar
dela se serve
 
se há nobreza na gentileza...

ando pela vivacidade

 
A amenidade da brisa
do verão roçagando o rio
e levantando folhas das margens
a robustez das árvores
com o balbuciar dos galhos
balançando suaves,
fazem-mo encontrar
um caminho sereno
afastado da turbulência
mercenária das ruas.
Suas risadas debochadas
e suas aparências escandalosas
de auto suficiências
não encontram mais
guarida em minha
consciência...
Amparo-me na
viva cidade
da naturalidade
 
ando pela vivacidade

corredor

 
a vida se escorre grão a grão
abrindo ravinas largas
e finas, dobrando
pele das
mãos
.
.
.
.
.
vaza
dos poros
pontos de segundos
se apertando no caminho
pro tempo passar de fininho
 
corredor

anexo

 
Porque quando amo, amo tanto
Que de tanto amor, muito padeço.
Mas se menos amo não me encanto
Então me deixo amar mais um terço.
 
anexo

aporto no fundo

 
deslizo
em falsa cor
de superfície
em vozerio bravio.

de ilha à ilha
continente a continente
esfomeio a virgindade
de um porto.

se não há porto
sem nome
não aporto
e prossigo cortando
oceanos.

cabelos ao vento
e olhos no céu
mergulho no meu
desconhecido
mar profundo

bem lá no fundo
há porto
 
aporto no fundo

1

 
gota de orvalho;
pequeno planeta na
ponta do galho
 
1

Resiliência

 
quando ainda existir chão
espremido entre paralelepípedos
uma gema de arbusto poderá surgir
esgalhando corpo
a florir
 
Resiliência

como se fosse ontem

 
como se fosse ontem
 
há quase um giro completo
da nossa colisão de auroras.

dos nossos olhos e bocas
das nossas mãos e palavras
dos nossos desejos e sentimentos
da conquista e do entendimento
o tempo não amarelou a soma

tudo em nós ainda brilha,
com o frescor do orvalho,
tão verde...
 
como se fosse ontem

LAREIRAS

 
Ofereceu o que
da taça vertia

Era meio dia

E dentro do fogo
outro fogo lambia
 
LAREIRAS

Nascente

 
mal
sai dos
meus sonhos
vem com brilho
molhado pingando
luz nos meus lábios
feito sol aflorado
das águas
 
Nascente

suporte

 
abraço a ilusão
e o mundo
rola das mãos

fico sem chão

- paraquedas,
coração!
 
suporte