Uma arvore não deixa de ser poesia no outono depois de tantas folhas escritas na primavera …
Falseei o tempo que fazia nos meus olhos
Mas não o sentimento…
Entornado…
Quando chegavas,
Embelezando as palavras
Feito sol nas madrugadas…
Feito arco na íris
No silêncio nublado
Das lágrimas …
Acabei por abandonar a fé de um abraço,
Mas não o coração entrelaçado de saudade
Que sangra a esperança de voltar
A ser amor
Nos rodapés dos teus lábios …
Na curva cega dos teus ombros…
No espaços entre abertos do teu dorso…
No colo uterino do teu gosto …
Sei que tornei-me lago infértil debaixo do teu barco, quando prometi ser maré...ondulando o azul mais raro… na busca intacta do teu âmago, soprado em cada gesto gentil de afecto…
Hoje… depois do volume doce das promessas expiradas, do açúcar emagrecido na ilusão, sobrou um coração inquieto que te ama, agora que voltaste a ser sonho soberano ….
A maior ficção é não dizer com o coração “AMO_TE”…
Explicar todo o afecto, que procura as marés do teu peito
É trazer nos braços
Gotas de amar…
É te abraçar
Feito vento
Azul
Corando o teu olhar
Dizendo que te amo
Sem falar
Amar te nas distancias
Alcatroadas pelo tempo...
Faz doer
Faz ruir o mar
Faz da saudade
Uma guitarra
Engasgada
Que acompanha
O fado
Das lágrimas …
Sem soar
A gelo …
Porque o amor é doce
Mesmo na cruel saudade
Despida de beijos
E de abraços …
Oleiro das folhas
Oleiro das folhas virgens
Oleadas de frases grainhas
Libertando a cor das flores
Aprisionadas no inverno indolor
Das sementes cheias
De frenesim
Pronunciadas na bainha da alma
Em palavras
Soando a clarim das fadas
Das pétalas encarnadas
Bronzeadas pelas estrelas dos teus olhos
Em cascata
Jorrando prata
A mesma que alimenta os lábios verdes
Dos caules
Dos pastos
Do espaço das falas
Não és um poeta qualquer
És um atleta das palavras certas
Dos graves em prosa
Dos ecos em clave
No véu dos teus braços
Tu e eu …eu e tu …
Quem nos dera …
Sermos sinaleiros dos ponteiros
Na avenida do tempo,
Onde os relógios guiam os olhos …
Haveria instantes
Presentes
Passados
No rosto nosso
Com o sabor dos lábios …
Crescemos sem querer envelhecer
Envelhecemos sem crescer
Assim sou eu e tu
Trazendo o medo preso ao sentimento
Esperando pela carruagem da coragem
Para dizermos “ amo-te”
Ao primeiro vestígio de um beijo …
Tantas primaveras embrionárias, prontas a eclodir flores
Eu e tu …chorando o solo
Tantas noites de lua branca
Tu e eu …escorrendo a cinza das cores
Tantos amores bradando
Eu e tu… arrumando silêncios
Tantas palavras de amor na alma
Tu e eu …amanhecendo vazios no céu-da-boca…
Restam os dedos …
Parindo frases belas
De dentro…
Para dentro da folha …
Num poema ...
.......................
O amor não se escreve
Apenas
Com quatro letras …
Existem amores que gastam milhares de letras,
Só para explicar a força do seu abraço …
A dimensão do seu afecto ….
O espaço, preso do peito
Feito saudade…
As promessas renovadas dos sonhos …
As arestas da pele,
Aguardando a leveza doce dos lábios e dos dedos …
Existem palavras brilhando mais que todas as outras, porque ocupam o lugar dos olhos ...trazendo as imagens aos instantes, apojados da alma …
Existem palavras que se escrevem nas madrugadas, onde as luzes dos candeeiros se declaram às estrelas, quando todos dormem menos o amor florescente dos nossos versos …
O céu já não é o mesmo …lá fora ou no coração…
Coloquei
Estrelas florescentes no tecto do quarto
Para que o escuro
Não adormece-se ao meu lado
Na mesma cama que a noite.
Modifiquei os vazios
Com sentimentos antigos
Trazendo para dentro
As vestes do firmamento
Do teu sorriso…
Foi tempo sombreado
Depois de ti
Há um vazio incorrigível
Na cave do peito
Rosa com pétalas de morcego vegetariano …
O vestido anoitecido que cobre os seus espinhos
Não escondem o perigo do seu peito
Esse arrancador de sentimentos
Multiplicador de desejos
Dizem os mais sábios
Que um beijo seu é mais forte que um buraco negro…
Fiquei imaginando como seria o seu abraço…
E vejo um novo big bang, no espaço entre os dedos…
Um caminho sem regresso num só gesto…
Um poema dedicado a uma flor que insiste na fotossíntese do amor …quando as pálpebras do horizonte se fecham …desconhecendo a manhã do amanhã…
Uma Santa Páscoa para todos …
Quantas vezes, Deus nos ensina, através dos rios lavados na cara, que o céu fica abaixo dos nossos pés …?
E quando a nossa esperança se afoga na lama
Abundância profunda do seu amor, traz-nos á superfície, com a plenitude inexplicável de um sentimento nobre …
De acreditar que podemos amar, com a sua generosidade, a humanidade …