Ando sempre perdido
nas ruas que conheço,
à procura de sinais,
pontos de referência!
Perco a ciência
e, nos pontos cardeais,
desnorte ofereço.
Viagens sem sentido...
Encontro um caminho:
iguais todas as ruas!
são os meus olhos baços
e sinto o pânico,
terror oceânico!
Vens para meus espaços,
avanças e recuas
com ares de espinho.
Perdido continuo,
a correr, só, de lado
na tua companhia,
que é mais de avanços.
Voar como crianços,
em estranha sintonia,
não estou habituado!
Vivo deste recuo...
Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.
Eugénio de Andrade
Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.