Quem me dera chegar como tu chegas …!
A beleza final, muitas vezes é diferente das profundezas do sentir.
Sem habitar no teu âmago, sinto cada palavra que lá nasce, como pedaço que falta, no espaço desabitado do meu ser …
Peço-te que escrevas …uma forma de te amar… de me amares … sem saberes …sem queres ser amor …sem mostrares os quatro sentidos da pele… seres mel, sem seres mulher na colmeia do desejo …
Persinto, que te fechas, nesse exercício sobriamente belo …sem perceberes como tocas, sem os dedos da matéria …enfeitiçando, feito vento com cheiro a livros novos… no meu cabelo …no meu cérebro …no meu sonho …
…Que deixas os ecos gémeos, gotejando sintonia, porque o verso soa mais belo que a rima nos teus olhos definidos nos meus …
Chegas, como arrepio na espinha …quando leio a tua poesia …
Chegas sem saber
Chegas sem te aperceberes …
Simplesmente chegas...
A última folha do nosso outono… tão primaveril … não tem o FIM…
Numa historia de amor,
A última página se esconde
Se rasga
Se queima …
Se apaga …
Na nossa história de amor, a leitura começa … depois dessa página e acaba na primeira frase:
O mar perdeu a cor, quando olhei pela primeira vez o teu sorriso e logo me tornaste… amor…feitiço e milagre…
Como se abraça a luz... aquela que geras na essência?
Desfabricas o luto das coisas
Com presença
De ti mesma
Neste viridário de incertezas ….
Um jardim encantado onde és borboleta
Árvore sombra
Banco
Azulejo
Flor de todas as cores …
E vais permanecendo
Escrevendo
Amando o horizonte …
Com o cetim dos teus dedos
Na hora de semeares " palavras "
Na pele verrugosa das teclas...
Na tela luminosa da máquina
Mudando de assunto com o mesmo assunto ...
Lembro que um dia sóbrio
Disseste que fabricavas a tua própria luz …
Concordo
No teu colo a noite tremeluz
Nos teus braços o dia se aduba de azul
Nos teus pés as estrelas ganham riscos de cometa
Ao teu redor a matriz do silêncio ganha a florescência da beleza …
No teu coração o espaço encurta os céus sobrando o núcleo das luzes …
Espero que a minha escura tristeza
Não perturbe os pirilampos do lago …
Quando os teus olhos
Brilharem de saudade
Ao verem os sonhos afogados …
Resgatados…
Falo daquele primeiro amor depois do amor
Que despertou a alma no forro da pele
E as lágrimas patetas dos enamorados
Acabo esta espécie de poema
Com um abraço
E uma singela pergunta:
Como se abraça a luz, aquela que geras na essência?
És desassossego siamês que liga o sentimento ao pensamento na inquieta saudade …
Olha para mim e reveste-me de ti …
Prometo ser,
Ternura
Em liberdade
No teu olhar ….
Uma estrela enxuta nas suas chuvas …
Sem ter medo de brilhar dentro de ti …
Sem ter receio de escurecer
Depois
Do luar dos teus dedos …
Acesos de cetim …
Ensina-me a madrugada das palavras breves…
Aquelas que se escrevem
Com carícias na pele …
Educadas com o coração,
Com a vontade de voar sem o chão da idade …
Prometo que farei do teu coração o meu eterno céu…sem o negro ilusório das tardes …
No teu coração as flores não carecem de raiz …ele é chão e céu com a mesma matriz …
Nesse amor, eternamente adiado, os instantes são sois á procura do solo dos teus lábios para despertarem …semelhante às histórias das princesas e dos sapos …
Nesse amor …nosso …
O amanhã, custa demasiado …
Depois de ter magoado,
Como erva daninha
O teu coração ….
…o lugar cativo da primavera … onde o chão se funde com o verde esperança do céu…