Poemas, frases e mensagens de Sandra Almeida

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de Sandra Almeida

E a resposta continua a ser...

 
Destreza bela, arte empreendedora.
Melodioso alento entre árduo empenho.
Em dança jubilosa, embriagadora!
Audaz sedução, nela, me detenho!

Voz cativante e amplificadora!
Sentimento que brada em desempenho!
Enlaça-se em música inquietadora,
do espírito estado ardente, um engenho!

Cume, extensão, puro caudal de sons!
Luminosidade, ritmo, vigor!
Impressões constantes em vários tons!

Metro arado cintilando rubor!
Na sedução, na métrica, seus dons…
Clama-se no brado do trovador!
 
E a resposta continua a ser...

Meu olhar

 
Estão meus olhos cativos
de tudo aquilo que sinto.
São o reflexo incontido,
germinam sentimento!
Revelam o que penso,
utópico seu falsear.
Percepcionam e se entregam,
refulgem no comunicar.
Não encobrem o parecer,
simpatia ou aversão.
Evidenciam alegria,
dor ou comoção.
Captam, emitem,
albergam, conquistam!
Incitam, permitem,
interagem, anunciam!
De soslaio ou frente a frente,
recatado ou altivo,
meu olhar é afluente,
à sensação, sempre rendido!
 
Meu olhar

Serra da Peneda

 
Majestosa e imponente, de índole rebelde – assim se apresenta a Serra da Peneda.
Graciosa dama de delicada casta, desnudando-se embriaga-nos com todo o seu esplendor hipnotizando-nos com sua tez de traços medievais.
Estremecem os sentidos, ávidos de seu âmago enlear.
Ergue-se manso sussurro enraizado na essência suculenta da Terra-mãe.
Nos cabelos, soltos ao vento, emaranham-se estonteantes crinas onde selvagens manadas de cavalos Garranos desbravam triunfantes! Adornam-nos uma coroa de exímias plantas em cujo entrelaçar se ressuscita não só as tradicionais tisanas como também toda a sapiência de cariz medicinal.
Seus doces e brandos olhos são favos de onde se extrai o tão precioso néctar – o mel.

Desde o pescoço até seu regaço entrecruzam-se trilhos do Lobo Ibérico que em noites de lua cheia resgatam as mais fantásticas estórias repletas de misticismo.
Uma túnica, magnificamente urdida por penedos, motiva a fantasia aguçando a imaginação de quem os contempla.
A vegetação traja seu corpo brindando-o de alvor no Inverno, áureo no Outono e distinto matiz esverdeado no Estio e Primavera.
Debruam suas amplas vestes a cultura Dolménica e Celta, pespontam-na pontes românicas, santuários e casas de recolhimento.
Cobrem seus singelos pés a pastorícia e de porte aprumado, acautelam seus caminhos, os cães de Castro Laboreiro.
De sua mão direita oferta-nos cabras bravias e vacas Barrosãs; em sua mão esquerda pendem-se fumeiros e espigueiros. Por seus hábeis dedos, semi-abertos, esgueira-se o aroma a pão dos fornos comunitários e o bálsamo do vinho de Alvarinho.
De seus rubros lábios jorram em cascata narrativas de encantar, tradições Castrejas que se elevam em límpido e cristalino brotar. Das nascentes que nos aprazem revigora-se um fluir que se incendeia dentro e fora de nós. Recortes panorâmicos que desabrocham na aventura de cada redescoberta…

Agosto 2006
 
Serra da Peneda

Meditação

 
Anda o pensamento num rebuliço
à procura de um labutar intenso
Por que andará ele assim tão omisso?
Estará na dormência ainda imerso?

Andará por ventura irritadiço?
Será a densa inacção seu adverso?
Reflexão, anelo! Sem compromisso…
Resgatá-la desse estado recesso!

Anelo descobri-la prodigiosa…
qual dama delicada … Defendê-la!
Urdi-la em fina trama, preciosa.

Do torpor, da apatia socorrê-la!
Eis que surge inocente, receosa…
Desnudando-se começo a tecê-la…
 
Meditação

E a resposta é...

 
Precisão caprichosa no rigor
Vigorosa e inflexível submissão
Sonâncias dilatadas no primor
Quadras e tercetos numa junção

Toques elogiados com louvor
Rejubilo, revolta ou comoção
Torrente em feitiço conquistador
Enlevos condensados em fusão!

Intenso engenho e arte em seu correr
Êxtase cativante e musical
Duelo estilístico no viver

Interpolado, rima intencional,
Cruzado, emparelhado no tecer
Que oficio literal trato afinal?
 
E a resposta é...

A-cor-dás-me

 
Desvia-se o dia da alvura
embebe-se no anoitecer.
No cintilar dilata sua voz
gorjeando saudades!
Transborda o sentir-te!
Incendeias-me a noite,
estimulas-me o amanhecer.
Acordas-me a vida
preenchendo-me de ti!
 
A-cor-dás-me

Quero

 
Quero-te, no amor a transbordar!
Ardendo de uma vontade atiçada!
Em cada poro, meu corpo apurar
com tua língua assim alvoroçada!

Quero tua pele, em mim a queimar!
Tuas mãos a desbravar, excitadas!
De efervescência ágil entesar,
energia a fervilhar, ampliada!

Quero beijos, ternura em rodopio!
Força, avidez, num anseio incontido!
Desassossego arrojado e bravio

em ritmo incandescente, atrevido!
Frenesi agitado em desvario.
Perfeito o compasso por nós tangido…
 
Quero

Submersos no (a)mar

 
De uma expansão germinada de beijos
compões sons frisados de marulhar
da praia, és as dunas, meus desejos
eco alongado que insisto alcançar!

Serpenteando, ondulas anseios…
Colossais vagas, amplo desbastar!
De minha boca usurpas devaneios…
Sinuosidade, nos seios, um roçar!

Incandescente, meu corpo se rende.
Em láctea espuma deseja ancorar
das conchas, dos búzios se desprende

… encetamos subterrâneo explorar!
Sensualidade que êxtases tende…
Na deriva, submergimos no (a)mar…
 
Submersos no (a)mar

Leitura

 
Uma aventura, uma descoberta…
Intertextualidade, conexão!
Uma janela semiaberta,
ora incentivo ora provocação.

Uma conquista, viagem incerta…
Conversa activa, modificação!
Acto criativo ou um alerta
d’um estado d’espírito… evasão…

Um testemunho, uma homenagem.
Uma nascente, uma fantasia…
No reler, fluente aprendizagem

trilho encetado, nova energia!
Distinta impressão, numa abordagem…
No agitar ela se desafia!
 
Leitura

És

 
A matiz que irrompe destemida
avultando meu existir!
A vibração extasiada,
empolgada, arrojada
que me tinge!
A comoção estridente
que em ávido rasgo se eleva
impregnando a tela de meu ser!
És… és-me…
Sou-te!
 
És

Superstição

 
Independentemente da cultura
raça, religião ou profissão,
rico ou pobre nesta aventura
boa ou mal fadada superstição!

Convicção absurda ou validada.
Não vá no acaso o diabo tecê-la…
Data idolatrada ou detestada,
ilusão do controlar, ao vivê-la?

Sexta-feira treze, dia azarado?
Uma encruzilhada se acreditar.
Comportamento recomendado,
do despertar até ao seu findar!

Arrepios, recusas em sair,
a fazer seja lá o que for!
Impotência da angústia partir.
Da consciência, um estado intimador?
 
Superstição