Poemas -> Reflexão : 

TEMPOS MODERNOS?

 
Não… não nos escutam mais…
Não percebo o que está a acontecer com nossos filhos.
São tantas justificativas sem nexo… que não justificam qualquer coisa.
Os valores… onde vão parar os valores?
Onde depositam todo o amor que os emanamos?
Onde depositam toda a fé que os ensinamos a buscar?
Onde depositam a própria vida?

Já se faz tarde…
Já não podemos mais estar a escolher nada por eles.
Já não há mais a palmadinha acertada - ou será que houve quando deveria?
Onde estava eu quando perdí o fio desta meada?
Com o que estava eu tão ocupada…?
Ou que tipo de amor será este…
Que cegou-me aos erros do início…
Onde tudo perdeu a igenuidade… a graça?
Diz-me: “não tens culpa”.
Culpa…
Palavra ríspida e afiada como o fio de uma lâmina.
Ninguém a quer… cortante… mas real.
Se somos mães… como não amá-los?
Qual o caminho a seguir quando não há mais caminhos?
E a culpa… a quem pertence ela?
Acaso soubemos ser filhos às nossas mães…?
Silêncio… nunca perguntei… também não há mais tempo.
E como posso ser mãe em plenitude?
Como existir – sentir - ser mãe e não cometer erros?

Uns dizem que tudo não passa de uma reorganização social…
Outros chamam de “tempos modernos”…
Mas que raio de modernidade é esta…
E o que se organiza desta forma…?
Onde se deveria aprimorar o ato de amar?
Será que isso não faria parte do verbo “evoluir”?
Ou será que evoluir humanamente…
Está a tornar-se um ato marginal?

Sim… os que amam e se compadecem…
Os que são capazes de chorar…
Emocionar-se diante das coisas mais belas e simples…
Estes… estão a ficar a margem… sempre a margem…
De um movimento social esdrúxulo… que escapa-me compreensão.
Então… não é moderno chorar por coisas simples.
Não é moderno um abraço amigo…
Não é moderno uma mãe beijar seu filho ou sua filha…
Não é moderno amar ao próximo… como nos ensinou o salvador.
Não… não é moderno.

Sinto-me com medo.
Sinto-me perdida nesses parâmetros atuais de modernidade…
Oro a deus… ajoelho… choro - valha-me deus… como sou antiquada!!
Onde foram parar todos os que vieram do “meu tempo”?
Pergunto-me por que não fui capaz de multiplicar a frente este “meu tempo”…?
Acaso o “meu tempo” parou em mim?

Sinto-me com medo.
Sinto-me perdida…
Oro a deus… ajoelho e choro.

Karla Mello
setembro 2010


karla.melo66@hotmail.com"Nao tenho ambições nem desejos. Ser poeta nao e uma ambição minha. É a minha maneira de estar sozinho." (Fernando Pessoa)

 
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