As tuas mãos tem grossas veias como cordas azuis sobre um fundo de manchas já cor de terra — como são belas as tuas mãos — pelo quanto lidaram, acariciaram ou fremiram na nobre cólera dos justos...
Porque há nas tuas mãos, meu velho pai, essa beleza que se chama simplesmente vida. E, ao entardecer, quando elas repousam nos braços da tua cadeira predileta, uma luz parece vir de dentro delas...
Virá dessa chama que pouco a pouco, longamente, vieste alimentando na terrível solidão do mundo, como quem junta uns gravetos e tenta acendê-los contra o vento? Ah, Como os fizeste arder, fulgir, com o milagre das tuas mãos.
E é, ainda, a vida que transfigura das tuas mãos nodosas... essa chama de vida — que transcende a própria vida... e que os Anjos, um dia, chamarão de alma...
Mário Quintana, poeta gaúcho, em um de meus poemas favoritos, homenageio o meu pai José Pernambuco e todos os pais.
As mãos do meu pai... Teu texto hoje levou-me às lágrimas. É do que mais sinto saudades, nesse luto recente.As mãos fortes do meu pai... Lindo!!!! Aplausos!!!
Me solidarizo com sua dor, poetisa, o meu pai nos foi precocemente tirado do convívio por uma bala, em um assassinato covarde por jovens delinquentes na escola onde era vigia, em um lugar chamado "Barra Mansa", havia escapado de um derrame cerebral há menos de 1 mês. Há dois Mários que me tocam profundamente: o nosso Quintana e o uruguaio Benedetti. Eles falam sobre as almas das pessoas, de gente simples e marcante.
Olá Glória, perdoe não tinha visto o seu comentário. Também sinto o mesmo pela partida de meu pai, assassinado há 25 anos, enquanto trabalhava como vigia noturno em escola pública. Lamentável perder a vida deste jeito. Solidário contigo, um beijo no coração.