RESPEITEM AS MULHERES BRASILEIRAS, SEJAM ELAS SANTAS OU PUTAS, EM NENHUM OUTRO LUGAR VIRAM-SE OUTRAS COM MESMA LUTA.
Dizem que a mulher é sexo frágil! Não a mulher brasileira! Não a extraordinária capacidade das mulheres brasileiras. Orgulhos nacionais, no meio de mais de cento e oitenta milhões de indivíduos, elas destacam-se em renomadas; cientistas, artistas, atrizes, pintoras, médicas, mulheres famosas, até mesmo as putas. Mulheres brasileiras, é que não devem ser vistas como produto de exportação caro, mas sim; caras pela a excelência de qualidade no que fazem. Caras pela rara beleza que emanam.
Já no século XIX, no Brasil, as mulheres deram passos determinantes para a transformação de seus destinos. Os códigos sociais relativos a elas se modificaram arrastados numa sociedade marcada pelos, então vigentes, sistemas de escravidão patriarcal, tendo a cidade do Rio de Janeiro se transformado no principal palco de disseminação da nova forma de atuação das mulheres no país. Os capítulos mais representativos durante o período oitocentista foram redigidos sob a desigualdade de condições e sob o contraste de valores entre as nativas, as cativas e as que no país chegavam. Hoje ainda se vê, mentes com esse mofo impregnado.
Apesar da constatável ausência feminina na historiografia oficial do país, vítima do desinteresse e da estúpida clausura machista dos registros de suas reinvidicações, ao se desenterrar a história soube-se que foram inúmeras as mulheres brasileiras que contribuíram para o desenvolvimento e a consolidação de muitos dos aspectos e valores referenciais da atual sociedade. Ações de coragem e tão relevantes, que copiadas mundo afora. E sempre foi assim, nos diferentes períodos históricos, individual ou coletivamente, direta ou indiretamente elas estiveram presentes e atuantes. Seja desde a colonização até os dias de hoje, seja no trabalho doméstico ou braçal, na cultura, na educação, na saúde, nos esportes, nas artes, no comércio, na religiosidade, nas ciências, na resistência, nos movimentos sociais ou na política, são incontáveis os exemplos a se apresentar. São vidas, sentimentos e trajetórias que entrelaçam memórias de lutas, quedas e conquistas em prol de uma existência melhor, de fato e de direito. A história das mulheres brasileiras é uma história recente, que se ressente de um passado mal contado, de silêncios que ainda não foram completamente quebrados, visto ainda insuflações sabe-se lá porque, insinuações indignas por machistas retrógrados denegrindo a figura de uma mulher. E eu um filho de Mulher Brasileira, só posso pedir que; respeitem as mulheres brasileiras, sejam elas santas ou putas. Em nenhum outro lugar viram-se outras com mesma luta.
Uma luta que começou assim, com alguns desses nomes extraídos do ‘Memorial da Mulher Brasileira’. Que com todo prazer, incluirei outros, sejam mulheres brasileiras do passado ou do presente e os relatos de suas vidas. Terei o igual prazer de completar esta lista, enviando-a ao memorial.
Iguaçu (séc. XVI) Índia Tamoio
viveu no século XVI e teve como companheiro um importante chefe indígena, Aimberê. Em certa ocasião, foi capturada e levada como escrava para as terras de Piratininga, no planalto paulista. Libertada pelos Tamoios, retornou ao Rio de Janeiro, onde se uniu aos franceses para enfrentar os colonizadores portugueses na disputa pelas terras da baía da Guanabara. Em 1567, Iguaçu morreu lutando na batalha decisiva em que os franceses e seus aliados indígenas foram derrotados e expulsos.
Bartira (séc. XVI) Índia Tupiniquim, “mãe do povo brasileiro”.
ou Butira, também referida por alguns historiadores pelo nome de Mbcy, era filha do cacique Tibiriçá com a índia Potira, o mais importante líder indígena da capitania de São Vicente. Uniu-se ao português João Ramalho, foi batizada com o nome de Isabel Dias e teve muitos filhos e filhas. Esta união foi considerada, pelas autoridades da época, fundamental para viabilizar o processo de colonização. O povoamento do planalto Piratininga foi feito a partir do assentamento luso-tupi comandando por João Ramalho, Bartira e sua prole. Parte da historiografia dos anos de 1940 consagra três mulheres indígenas como mães do povo brasileiro: Bartira, Catarina Paraguaçu e Maria do Espírito Santo Arco Verde.
Ana Pimentel (séc. XVI) Donatária
Ana Pimentel foi casada com Martim Afonso de Sousa, donatário da capitania de São Vicente. Em 1534, ela assumiu a administração da capitania e, entre outras importantes iniciativas, implantou o cultivo de laranja, arroz e trigo, assim como promoveu a criação de gado. Por mais de uma década, Ana foi a capitã-mor e sua atuação foi determinante para o desenvolvimento e construção de uma das mais prósperas regiões do Brasil colonial.
Felipa de Souza (c.1556-?) Condenada pela Inquisição por lesbianismo
Em 1591, Felipa estava casada pela segunda vez e vivia em Salvador, quando foi denunciada por práticas nefandas e presa pelo Tribunal do Santo Ofício. Confessou suas relações amorosas com várias mulheres e foi severamente punida pela Inquisição, recebendo a pena de açoite público. Não se sabe onde cumpriu pena de degredo. Seu nome foi dado ao principal prêmio internacional de direitos humanos dos homossexuais e lésbicas, o “Felipa de Souza Award”.
Esperança Garcia (séc. XVIII) Escravizada
viveu no Piauí como escravizada. Trabalhava em uma das fazendas reais incorporadas a Coroa após a expulsão dos Jesuítas. Ousou enviar uma carta ao governador da província, descrevendo seu sofrimento pela separação forçada e brutal de seu marido quando foi levada como cozinheira à casa do capitão Antônio Vieira do Couto, administrador da propriedade, além de denunciar
os terríveis maus tratos que sofriam ela, seus filhos e os outros escravizados. ou Guerra dos Farrapos. Em 1847, mudou-se com a família para a Itália, onde se envolveu na luta pela unificação e emancipação do território italiano. Reconhecida, no Brasil e na Itália, como um exemplo de dedicação e coragem, Anita recebeu diversas homenagens póstumas. Várias cidades brasileiras possuem ruas, bustos e escolas com o nome daquela que ficou conhecida como a “Heroína dos Dois Mundos”.
Bárbara Pereira de Alencar (1767-1837) Revolucionária republicana
era pernambucana, mas viveu na cidade do Crato, no Ceará, onde participou, juntamente com dois de seus filhos e um irmão, dos levantes que viriam a deflagrar a conspiração republicana do nordeste, em 1817. Com a repressão ao movimento, foi presa, passando por afrontas e humilhações. Alguns anos depois, em 1820, a coroa portuguesa concedeu anistia geral a todos os implicados na revolta. Dois de seus filhos ganharam projeção política. Constam na descendência de Bárbara Pereira de Alencar as
escritoras Raquel de Queiroz e Heloneida Studart.
Nísia Floresta Brasileira Augusta (1810-1885) Educadora, escritora e feminista a educadora e intelectual Dionísia Gonçalves Pinto nasceu no Rio Grande do Norte e tornou-se uma das mais marcantes personagens da História Brasileira no século XIX. Escreveu sobre a escravidão, o sofrimento dos índios e a qualidade do ensino. Mas, acima de tudo, escreveu sobre a mulher. Suas idéias contestatórias foram publicadas no jornal pernambucano Espelho das Brasileiras, em 1831. Ficou conhecida pelo seu pseudônimo Nísia Floresta. Seus textos afirmavam que as mulheres tinham tanto direito quanto os homens a uma educação plena. Em 1832, lançou o primeiro de seus 14 livros – Direitos das Mulheres e Injustiça dos Homens, tradução adaptada à realidade brasileira do livro Vindicatios of the Rights of Woman, da inglesa Mary Wollstonecraft. A defesa da emancipação feminina através da educação a levou a fundar, em 1838, um colégio para meninas com proposta curricular avançada, tornando-se precursora dos ideais de igualdade e autonomia da mulher brasileira.
Maria Firmina dos Reis (1825-1917) Escritora e Educadora
Escritora e educadora, Maria Firmina era negra e foi autora do primeiro romance abolicionista redigido por uma mulher no Brasil. Publicou, em 1859, o romance Ursula, sob pseudônimo de “Uma Maranhense”. Maria Firmina revelou-se pioneira tanto nas letras como na história da educação brasileira, fundando, em 1880, em São Luiz do Maranhão, uma escola mista e gratuita para crianças pobres.
Chiquinha Gonzaga (1847-1935) Compositora, maestrina e abolicionista.
Chiquinha nasceu no Rio de Janeiro, onde se casou aos 16 anos de idade, em 1863. Cinco anos depois, com três filhos, trocou definitivamente o marido pela música. Rejeitada pela família e pela sociedade
por sua rebeldia, recebeu acolhida no circulo musical carioca. Pianista e compositora, foi autora de um imenso legado musical – entre suas obras consta a primeira marcha carnavalesca Ô Abre Alas, de 1899. Foi também a primeira mulher a reger uma orquestra no Brasil. No Passeio Público, do Rio de Janeiro, há um busto em sua homenagem. Chiquinha musicou setenta e sete espetáculos teatrais e compôs duas mil peças nos mais variados gêneros musicais: polcas, valsas, tangos, lundus,
maxixes, fados, quadrilhas, mazurcas, choros e serenatas. Participou ativamente da campanha abolicionista,
da campanha republicana e foi fundadora da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais.
Auta de Souza (1876-1901) Poetisa e política
Auta nasceu no Rio Grande do Norte, foi poetisa e escreveu para diversos periódicos no final do século XIX, tais como o Oásis, A República, o jornal A Tribuna, as revistas Oito de Setembro e Rio Grande do Norte. Auta, mulher negra, em 1900, conseguiu publicar o livro Horto, que contou com o prefácio de Olavo Bilac.
Maria Augusta Generoso Estrela (1860-1946) Primeira médica brasileira.
Em 1876, aos 16 anos de idade, Maria Augusta viajou para os Estados Unidos a fim de cursar medicina,
época em que as portas das faculdades brasileiras estavam fechadas para as mulheres. O fato ganhou grande repercussão na imprensa que acompanhou, diariamente, seus passos durante sua estada na América do Norte. Maria Augusta recebeu seu diploma de médica, em 1882, mas permaneceu em Nova York por mais um ano para se aperfeiçoar, sob o patrocínio do imperador D. Pedro II. A repercussão de sua graduação e o seu sucesso profissional contribuíram determinantemente para a pressão da sociedade sobre o poder público no sentido de alterar os critérios de ingresso das mulheres nas faculdades. Uma reforma do
ensino, aprovada no parlamento, em 1879, permitiu, finalmente, a matrícula de mulheres nas escolas superiores.
Francisca Senhorinha da Mota Diniz (séc. XIX) Escritora, educadora e jornalista.
Francisca se iniciou no jornalismo colaborando com o semanário Estação, um jornal de modas, mas sua mais importante contribuição para a imprensa feminina da época foi o semanário O Sexo Feminino, que começou a editar em Campanha (MG), em 1873. Dois anos depois, no Rio de Janeiro, com o mesmo nome, editou outra publicação contendo informações sobre literatura e amenidades, mas que também tratava de temas polêmicos como a abolição da escravatura, o voto feminino e as idéias propagadas pelo movimento feminista de outros países. Após a Proclamação da República, Francisca mudou o nome do jornal para O Quinze de Novembro do Sexo Feminino. O programa do jornal propunha a emancipação da mulher por meio da educação física, moral e intelectual.
Maria Rita Soares de Andrade (1904 – 1998) Feminista e primeira juíza federal do Brasil
Maria Rita nasceu em Aracajú, Sergipe. Em 1926, aos vinte e dois anos de idade, se diplomou em Direito pela Universidade Federal da Bahia, sendo a única mulher da turma e a terceira a se formar naquele estado. Como secretária e consultora da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, se destacou na luta pelos direitos da mulher. No início dos anos 30, fundou e dirigiu a revista Renovação e como advogada ajudou presos políticos durante a ditadura Vargas. Foi pioneira ao integrar o
Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, representando o estado da Guanabara. Em 1967, tornou-se a primeira juíza federal do país.
Bertha Lutz (1894-1976) Líder feminista e bióloga.
nasceu em São Paulo e ainda adolescente foi estudar na Europa, onde tomou contato com a campanha sufragista inglesa. Após licenciar-se em Ciências pela Sorbonne, volta para o Brasil, onde presta concurso e ingressa como bióloga no Museu Nacional, no Rio de Janeiro, então capital federal. Pioneira das lutas feministas no país, Bertha fundou a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino e liderou grande parte do movimento sufragista nas décadas de 1920
e 30. Estrategista e com bom trânsito no mundo político, ajudou a conquistar vários espaços públicos para as mulheres de sua época. Fez parte da elaboração do Código Eleitoral em 1931, integrou a comissão encarregada de elaborar o anteprojeto de Constituição e comemorou a vitória do voto para as brasileiras em 1932. Como suplente de deputada federal, assumiu o mandato, em 1936, onde propôs a criação do Departamento Nacional da Mulher.
Antonieta de Barros (1901-1952) Primeira deputada negra do Brasil
de Florianópolis, Santa Catarina. Foi educadora e jornalista. Criou e dirigiu, na década de 1920, o jornal A Semana, função que desempenhava paralelamente ao magistério. No início dos anos 30 estabeleceu intercâmbio com a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, com vasta correspondência trocada entre ela e Bertha Lutz. Em 1932, com a conquista do voto feminino, filiou-se ao Partido Liberal Catarinense, elegendo-se a primeira deputada negra do Brasil (1947-1951).
Foi também a primeira mulher a participar do Legislativo Catarinense. Usando o pseudônimo de Maria da Ilha, escreveu o livro Farrapos de idéias.
Aracy Moebius de Carvalho Guimarães Rosa (1908) Humanista que atuou na defesa do povo judeu
Aracy nasceu no Paraná, filha de pai brasileiro e mãe alemã. Depois de um casamento mal sucedido mudou-se para a Alemanha, onde trabalhou no Consulado Brasileiro em Hamburgo como encarregada da seção de vistos. No final da década de 1930, conheceu aquele que viria ser seu segundo marido, o escritor João Guimarães Rosa, na época, cônsul adjunto. Usou o poder que seu cargo lhe conferia e enfrentou as leis do governo Vargas, concedendo centenas de vistos aos judeus, salvando os
da perseguição e da morte na Alemanha nazista. Conhecida pela comunidade judaica como “Anjo de Hamburgo”, Aracy é a única mulher a ter seu nome escrito no Jardim dos Justos entre as Nações, no Museu do Holocausto (Yad Vashem), em Israel. Esta honra é concedida pelo governo Israelense às pessoas que colocaram suas vidas em perigo para ajudar o povo judeu.
Laudelina de Campos Melo (1904-1991) Líder sindical
Laudelina nasceu em Poços de Caldas, Minas Gerais. Trabalhou como doméstica, tornando-se a primeira grande líder sindical da sua categoria no país. A partir da década de 1930, foi uma das responsáveis pela fundação de várias associações de classe nas cidades de Santos, São Paulo e Campinas. Diante das discriminações das mulheres no mercado de trabalho e indignada com os anúncios preconceituosos publicados à época, integrou-se ao movimento negro, no qual participou da promoção de inúmeras
atividades sociais e culturais, especialmente em defesa dos direitos trabalhistas. Em 1988, a Associação de Trabalhadoras Domésticas de Campinas, sob sua direção, foi transformada em Sindicato.
Tia Ciata (1854-1924) Líder comunitária e incentivadora do samba.
Tia Ciata nasceu na Bahia e ainda menina foi iniciada no Candomblé. Mudou-se para o Rio de Janeiro, onde passou a freqüentar o terreiro de João Alabá, situado na região central da cidade. Conquistou imenso respeito e admiração nas comunidades religiosas de matriz africana. Festeira e quituteira de mão cheia, gostava de comemorar em sua casa as datas dos orixás. Após as cerimônias, as reuniões se transformavam em pagodes, que se arrastavam por dias. Sua residência, na Praça Onze, se transformou no tradicional ponto de encontro de personagens do samba carioca, como Donga, Sinhô, João da Baiana e Mauro de Almeida, que fizeram do local um espaço de afirmação da cultura negra. Foi na casa de tia Ciata que surgiu aquele que se consagraria como o primeiro samba gravado em disco, Pelo telefone, cantado como partido alto.
Aida dos Santos (1937) Atleta olímpica
nasceu em Niterói. Mulher negra, esportista, foi recordista sul-americana de salto em altura, em 1959. Por sua destacada atuação no atletismo foi a única mulher a representar o Brasil nas Olimpíadas de 1964, no Japão, onde, apesar da falta total de assistência por parte da delegação brasileira, alcançou o 4º lugar no salto em altura.
Mãe Menininha do Gantois (1894-1986) Ialorixá
Maria Escolástica da Conceição Nazaré é uma das mais representativas e veneradas Ialorixás do Brasil. Inspirou poetas,
recebeu inúmeras homenagens e conjugou magistralmente firmeza, sabedoria e doçura no exercício de seu sacerdócio. Esteve
à frente do terreiro do Gantois durante 64 anos.
Mãe Senhora (1900-1967) Ialorixá
Maria Bibiana do Espírito Santo, Ialorixá, dirigiu o Ilê Axê Opô Afonjá durante 25 anos, de 1942 a 1967. Reconhecidamente foi uma das grandes autoridades dos cultos afrobrasileiros de sua época. Dedicou sua vida ao sacerdócio, recebendo vários títulos honoríficos, entre esses, o de Iyá Nassô, concedido em 1952, pelo Rei de Oió.
Carolina Maria de Jesus (1914-1977) Escritora
Carolina nasceu em Minas Gerais e teve poucas oportunidades de frequentar escolas, uma vez que ajudava a mãe na
lavoura. Na adolescência mudou-se com a família para São Paulo, onde trabalhou como doméstica. Sempre teve o hábito
de fazer anotações sobre seu cotidiano e as experiências vividas. Publicou seu primeiro livro, Quarto de Despejo, em 1960, obra que alcançou recordes de venda, traduzida para treze idiomas e lançada em mais de 40 países.
Dorina Nowill (1919) Liderança na defesa dos deficientes visuais
Dorina nasceu em São Paulo e ficou cega aos 17 anos de idade. Nesta época, os portadores de deficiência visual encontravam
muitos limites para a leitura, uma vez que eram escassas as publicações em braile. Lutando contra essa realidade, em 1946, ela e um grupo de amigas, criaram a Fundação para o Livro do Cego no Brasil. Em 1991, esta organização recebeu seu nome pelo reconhecimento de seu trabalho. A educação sempre foi uma de suas bandeiras, enfrentou batalhas ferrenhas até que o Governo Federal regulamentasse por lei a responsabilidade do ensino para cegos. Dorina representou o Brasil internacionalmente ao participar de organizações mundiais voltadas aos direitos dos deficientes visuais e, em 1979, foi eleita Presidente do Conselho Mundial dos Cegos.
Helenira Resende de Sousa Nazareth (1944-1972) Vítima da ditadura militar
Helenira nasceu em Cerqueira César, São Paulo. Era aluna da Faculdade de Letras da USP, quando começou a participar do movimento estudantil. Em 1968 foi presa pela primeira vez ao conclamar os colegas a participarem de uma passeata. Seria presa novamente por ocasião do 30º Congresso da UNE, em Ibiúna, com outros 800 estudantes. De presídio em presídio, finalmente, conseguiu habeas corpus um dia antes do AI-5 e passou a viver na clandestinidade. Lutou arduamente contra o regime ditatorial vigente no país. Foi assassinada pelos militares durante um confronto na guerrilha do Araguaia, no sul do estado do Pará, onde o PC do B preparava um levante armado contra a ditadura. Embora haja evidências e depoimentos sobre sua morte, ainda hoje é considerada desaparecida política.
Fernanda Montenegro (nome artístico de Arlette Pinheiro Esteves da Silva, Rio de Janeiro, 16 de outubro de 1929)
Iniciou sua carreira no ano de 1950, com o espetáculo "Alegres Canções nas Montanhas", ao lado daquele que seria seu marido por toda a vida, Fernando Torres.
Sua estreia em cinema se dá na produção de 1964 para a Tragédia Carioca de Nelson Rodrigues, A Falecida, sob direção de Leon Hirszman.
Além de ter sido cinco vezes agraciada com o Prêmio Molière, ter recebido três vezes o Prêmio Governador do Estado de São Paulo e de inúmeros outros prêmios em teatro e cinema, ganhou ainda o Urso de Prata de melhor atriz e concorreu ao Óscar de melhor atriz em 1999 e ao Globo de Ouro de Melhor atriz em filme dramático [1] pelo filme Central do Brasil de Walter Salles. Recebeu também vários prêmios da crítica americana, no mesmo ano (Los Angeles Film Critics Award, National Board of Review Award).
Em televisão participou de centenas de teleteatros na extinta TV Tupi, que na direção revezavam-se Fernando Torres, Sérgio Britto e Flávio Rangel. , telenovelas na extinta TV Excelsior e na TV Rio e na Rede Record e dezenas de produções na Rede Globo.
Zélia Gattai Amado (São Paulo, 2 de julho de 1916 — Salvador, 17 de maio de 2008) foi uma escritora, fotógrafa e memorialista (como ela mesma preferia denominar-se) brasileira, tendo também sido expoente da militância política nacional durante quase toda a sua longa vida, da qual partilhou cinquenta e seis anos casada com o também escritor Jorge Amado, até a morte deste.
Aos 63 anos de idade, começou a escrever suas memórias. O livro de estreia, Anarquistas, graças a Deus, ao completar vinte anos da primeira edição, já contava mais de duzentos mil exemplares vendidos no Brasil. Sua obra é composta de nove livros de memórias, três livros infantis, uma fotobiografia e um romance. Alguns de seus livros foram traduzidos para o francês, o italiano, o espanhol, o alemão e o russo.
Anarquistas, graças a Deus foi adaptado para minissérie pela Rede Globo e Um chapéu para viagem foi adaptado para o teatro
Irmã Dulce, que ao nascer recebeu o nome de Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes, era filha do dentista Augusto Lopes Pontes e de Dulce Maria de Souza Brito Lopes Pontes. Aos 13 anos, depois de visitar áreas carentes, acompanhada por uma tia, ela começou a manifestar o desejo de se dedicar à vida religiosa. Com o consentimento da família e o apoio da irmã Dulcinha, transformando a casa da família num centro de atendimento a pessoas necessitadas. Em 8 de fevereiro de 1933, logo após se formar professora, Maria Rita entrou para a Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, na cidade de São Cristóvão, em Sergipe. Em 15 de agosto de 1934, aos 20 anos de idade, professou seus votos religiosos, recebendo o nome de Irmã Dulce, em homenagem à sua mãe. Sua primeira missão como freira foi ensinar em um colégio mantido pela sua congregação, na Cidade Baixa, em Salvador, região onde também dava assistência às comunidades pobres e onde viria a concentrar as principais atividades das Obras Sociais Irmã Dulce. Em 1936, ela fundou a União Operária São Francisco. No ano seguinte, junto com Frei Hildebrando Kruthaup, abriu o Círculo Operário da Bahia, mantido com a arrecadação de três cinemas que ambos haviam construído através de doações. Em maio de 1939, irmã Dulce inaugurou o Colégio Santo Antônio, voltado para os operários e seus filhos. No mesmo ano, por necessidade, Irmã Dulce invadiu cinco casas na Ilha dos Ratos, para abrigar doentes que recolhia nas ruas. Mas foi expulsa do lugar e teve que peregrinar durante uma década, instalando os doentes em vários lugares, até transformar em albergue o galinheiro do Convento Santo Antônio, que mais tarde deu origem ao Hospital Santo Antônio, centro de um complexo médico, social e educacional que continua atendendo aos pobres. Considerada um "Anjo bom" pelo povo baiano, recebeu também o apoio de pessoas de outros estados brasileiros e de personalidades internacionais. Mesmo com a saúde frágil, ela construiu e manteve uma das maiores e mais respeitadas instituições filantrópicas do país. Em 1988, irmã Dulce foi indicada pelo então presidente José Sarney, com o apoio da rainha Silvia da Suécia, para o Prêmio Nobel da Paz. Oito anos antes, no dia 7 de julho de 1980, Irmã Dulce ouviu do Papa João Paulo 2o, na sua primeira visita ao país, o incentivo para prosseguir com a sua obra. Os dois voltariam a se encontrar em 20 de outubro de 1991, na segunda visita do Papa ao Brasil, quando João Paulo 2o fez questão de ir ao Convento Santo Antônio visitar Irmã Dulce, já bastante enferma. Cinco meses depois, no dia 13 de março de 1992, Irmã Dulce morreu, pouco antes de completar 78 anos. No ano 2000 foi distinguida pelo papa João Paulo 2o com o título de Serva de Deus. O processo de beatificação de irmã Dulce está tramitando na Congregação das Causas dos Santos do Vaticano.
Zilda Arns Neumann (Forquilhinha, 25 de agosto de 1934 — Porto Príncipe, 12 de janeiro de 2010) foi uma médica pediatra e sanitarista brasileira. Irmã de Dom Paulo Evaristo Arns, foi também fundadora e coordenadora internacional da Pastoral da Criança[1] e da Pastoral da Pessoa Idosa, organismos de ação social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Recebeu diversas menções especiais e títulos de cidadã honorária no país. Da mesma forma, à Pastoral da Criança foram concedidos diversos prêmios pelo trabalho que vem sendo desenvolvido desde a sua fundação.
Cora Coralina, pseudônimo de Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas Brandão, (Cidade de Goiás, 20 de agosto de 1889 — Goiânia, 10 de abril de 1985) foi uma poetisa e contista brasileira. Mulher simples, doceira de profissão, tendo vivido longe dos grandes centros urbanos, alheia a modismos literários, produziu uma obra poética rica em motivos do cotidiano do interior brasileiro, em particular dos becos e ruas históricas de Goiás.
Maria Lúcia Torres Lepecki (Araxá, 1940) é uma professora universitária de literatura portuguesa, ensaísta e crítica literária. Brasileira pelo nascimento, portuguesa pelo casamento, Maria Lúcia Lepecki licenciou-se em Filologia Românica pela Universidade de Minas Gerais e doutorou-se, em 1967, com uma dissertação sobre Camilo Castelo Branco intitulada Sentimentalismo: Contribuição para o Estudo da Técnica Romanesca de Camilo. Foi professora catedrática da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde ensinou entre 1970 e 2008, e especialista nas áreas de Literatura Portuguesa dos séculos XIX e XX. Foi professora visitante e conferencista em várias universidades europeias (Salamanca, Oxford, Budapeste Varsóvia) e brasileiras (Minas Gerais e Rio de Janeiro). Colaborou com a Escola de Formação de Professores do Ensino Secundário da Cidade da Praia, em Cabo Verde. Na sua actividade de crítica literária tem colaboração em inúmeras revistas e jornais portugueses e estrangeiros. É colunista da revista mensal Super Interessante e membro do seu Conselho Consultivo. Foi agraciada, em 2000, com o grau de comendadora da Ordem de Sant'Iago da Espada.
zé silveira do brasil
"Dizem que a mulher é um sexo frágil", verso inicial da canção; 'Mulher', de Erasmo Carlos, compositor e cantor brasileiro, parceiro de Roberto Carlos