Poemas : 

UMA SEXTA FEIRA EM LUA CHEIA

 
Tags:  Marcos Loures    Soneto acordelado  
 
Pode ser até verdade,
Mas num posso assegurar,
Outro rumo em realidade
Esta vida irá buscar,
No caminho da cidade,
Ou na roça a se mostrar
Quando em lua a claridade
Sexta feira a desnudar,
Em beleza sem igual,
Clareando este sertão,
Um momento em ritual,
Toma nova dimensão,
Outros mesmos, bem ou mal,
Novas faces mostrarão.

2


Diz o povo de Brejeiro
Nas entranhas das Gerais
Que deveras corriqueiro
Muito além e muito mais,
No caminho mais ligeiro,
Em luares magistrais,
Na clareza do luzeiro
Entre passos divinais,
Outra face se apresenta
Com diversa dimensão,
E sequer já se apascenta
Com furor e em sedução,
Na desgraça violenta
Outro rumo e direção.

3

Quem passeia pelo campo,
Entre luzes constelares
Vendo em cada pirilampo
A certeza dos milhares
De desejos; não acampo,
Mas se tu queres; notares
A beleza dos altares
Onde o mundo; em luz destampo,
Deixando que se preveja
Com astúcia e mesmo medo,
A vontade sem peleja
Outro rumo em arremedo,
Vou falar embora seja
Mesmo até algum segredo.

4

Nas mocinhas desejadas
Cada olhar com fome vem,
E durante as madrugadas,
Nestas ruas sem ninguém,
Atravessam nas estradas
Outras faces e se tem
Impressões já desenhadas
Do que tanto quer um bem.
Nuas belas ninfas; sonho?
Na verdade já nem sei,
Onde quer e me proponho
Incerteza vira lei,
E num tempo mais bisonho,
Outro rumo eu desvendei.

5

No puteiro da cidade
Descarregas o desejo,
Quando tendo a liberdade
O cenário tão sobejo,
Onde em plena claridade
Outro rumo agora eu vejo,
Trazendo felicidade,
Mesmo em falso e vão traquejo.
Nas pelejas desta vida,
Solitárias emoções,
A verdade consumida
Onde quer que tu a expões
No final a mais sofrida
Entre tantas ilusões.

6


Um momento de prazer,
Pago sempre, amigo à vista,
Sem vontade e sem querer,
Nada mais que enfim se assista,
O montante a se perder
Já não deixa qualquer pista,
Se este amor tem merecer,
Ninguém sabe nem avista,
Depois volta para casa,
Satisfeito e tão cansado,
Cinco minutos de brasa
Deixa o besta extasiado,
E decerto quando atrasa,
Ouve um gozo resmungado.

7

Novo dia de trabalho,
Nova semana em batalha
Deste fogo em plena palha,
Muito mais que quebra-galho
Solitário mundo falho,
Neste fio da navalha
A vontade que se espalha
No puteiro tendo atalho.
Como é dura a adolescência
E também a juventude,
Noutro passo em inclemência
O prazer decerto ilude,
Mas até na imprevidência
Da velhice nada mude.

8

Quando chega novo gado
Na casa da luz vermelha
O momento desejado
Acendendo esta centelha,
Um fileiro desenhado
Nem o padre que aconselha
Acredita no pecado
Salta sempre pela telha.
E assim Brejeiro dorme
Todo final de semana,
No desejo tão enorme
Que deveras tanto engana,
A vontade se conforme
Com o tempo onde se dana.

9

De uma velha cafetina,
Ouvindo a reclamação
Que esta merda se alucina
Vez em quando no sertão,
Clientela não domina,
E não faz baldeação,
A verdade cristalina
Traz a mesma sensação
De uma sorte traiçoeira
E sem nada por fazer
Vez em quando sexta feira
Ninguém quase eu posso ver,
Na certeza costumeira,
Nesta fila do prazer.

10

Tanta coisa poderia
Ser a culpa disto tudo,
Mas decerto esta agonia
Deixa o sonho quase mudo,
Promovendo até orgia
Na verdade não me iludo,
Sendo grande a putaria
O dinheiro é tão miúdo.
Mas o sábado chegando
Tudo volta ao seu normal,
Meninada chega em bando,
Volta ao mesmo ritual,
Qualquer coisa desenhando
A desculpa mais banal.

11

A Maria Milongueira
A rainha do bordel,
Mulher rude e fuxiqueira
Que conhece o seu papel,
E decerto não se esgueira
E enfrentando este cruel
Mistério da sexta feira
Planejando, isto é fiel,
Procurar a explicação
Para o costumeiro fato,
Noutro tempo em sensação
Que deveras mal constato
Fazendo averiguação
Desenhando este retrato.

12

Demorando quase um mês,
Na tocaia esta vadia,
Que não serve pra freguês,
Mas trazendo a garantia
Do que tanto em sensatez
Promovesse em galhardia,
Outra féria que ora vês
Muito além do que teria,
Quando organizava a fila
Dos meninos mais afoitos
A verdade já desfila
Em diversos, vários coitos,
A vontade desopila,
Ao molharem os biscoitos.

13


Procurando com certeza
Chifre em crina de cavalo
Noutro passo sem firmeza
Ou decerto quando calo,
Nada mais que uma surpresa
Expressando o quanto falo,
E decerto na grandeza
Coletando jovem falo,
A danada na tocaia,
Toda noite numa espreita
A verdade já não traia
Quem decerto não aceita
De tanto levantar saia,
Tendo nada por colheita.

14


Quando a noite se apontava
Sexta feira em belo céu,
A danada sem ter trava,
Vai coberta em tom fiel,
No momento aonde agrava
O caminho em carrossel,
Outro sonho, mesma lava
Num cenário mais cruel.
Com certeza neste bote
Ela tendo a dimensão,
Do que tanto já se note
Com suprema precisão,
Sem mais nada que derrote
Encontrando a solução.

15

Meia noite, lua clara
Num momento sem igual,
A verdade se escancara
Num cortejo sensual,
A danada já repara
Neste estranho ritual,
Com olhar exposto em tara
Fila imensa e magistral,
O que falo e aqui relato
Dita o quanto eu escutei
Se é mentira ou vero fato,
Nem sequer confirmarei,
Já de quatro neste mato,
Foi flagrado o lobisgay.

Soneto acordelado

Observação: não sou e nunca seria homofóbico, o fato de ter colocado o lobisgay como protagonista deste cordel é tão segregatório quanto o próprio lobisOMEM ou se fosse Lobisfêmea por exemplo.
Abraços e viva a liberdade.
 
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MARCOSLOURES
 
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Enviado por Tópico
varenka
Publicado: 20/03/2011 10:05  Atualizado: 20/03/2011 11:12
Colaborador
Usuário desde: 10/12/2009
Localidade:
Mensagens: 4210
 Re: UMA SEXTA FEIRA EM LUA CHEIA
Marcos,

A mulher pode ficar na posicão de Quatro.Tem a carroçinha que é quase um quatro,rsrsrsrsrsrrsrs
Adorei teu soneto!

Bjs
Varenka


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 20/03/2011 14:55  Atualizado: 20/03/2011 14:55
 Re: UMA SEXTA FEIRA EM LUA CHEIA
Sexta feira fim de semana uqe maravilhja deixo meu abraço.

Martisns