Sombras
Sombras da rua
Envoltas em tanta escuridão
Recorrem ao breu da noite
Para chorar a sua solidão.
Sombras ocultas
De quimera e pesar
Cheias de dor e pranto
Mas sem dor para chorar.
Sinto-me sombra de mim
De um falso plano
Medo de te amar sem fim
E a nossa sombra ser um engano.
Mais que tudo, mais que nada
Hoje sinto-me mais que tudo, mas com um misto de mais que nada...
Faço mais que tudo por ti e recebo um mais que nada,como resposta...
Sei que me podes dar mais que isto, sei que me podes dar mais que nada...
Não percebo se o teu sentimento é o mesmo que isto ou se equivale a mais que nada...
É tão simples e tão fácil se somente me deres mais que tudo em amor e mais que nada em sofrimento... AMO-TE
Criação de Deus
Caem assim de mansinho,
Sem nada para dizer
Espalham-se pelo caminho
Do mais novo e do mais velho ser.
Não sei por elas caiem
Ou porque permanecem no chão,
Voam e esvoaçam
E acabam por encontrar a palma da tua mão.
Deus fez o mundo,
Longe de todo e qualquer pensamento
Será que Ele também fez as folhas
Para estas amarem o vento?
Não falo, não penso...
Acordo em mais um dia repleto de chuva...
E estou naqueles dias que não sei o que pensar sobre o que sinto por ti... É tudo tão contraditório...
A chuva, as nuvens, os sentimentos, os olhares...
Não me apetece pensar, falar, pensar...agir.
Hoje não me perguntes nada, não te vou responder...só te olho e penso... Olho... e o que vejo? Aquilo que vi quando te vi pela primeira vez... Aquilo que vi quando soube que eras tu, o tal... E olhei melhor e no fundo do teu olhar, vi o mais importante de tudo: o reflexo do que sinto por ti, espelhado nos teus olhos... E aí percebi que não vale a pena falar, pensar ou agir, apenas amar-te como se nada mais existisse para além de ti...
Em busca da loucura
Abraçam-se como se fosse um só momento,
Beijam-se como se houvesse um só abraço,
Deixam-se levar pelo deslumbramento
Sem se lembrarem que é tudo pó e espaço.
Embora felizes e desassossegados,
Sabem que o mundo não dura para sempre.
Olha nos olhos dela, adormece-lhe no regaço
E descobre que o amor não é resistente.
Acorda triste e desamparado
Sem saber em que lugar está,
Vê-se de estrelas, rodeado
Mas o amor, esse não há!
Procura e procura, numa busca incessante,
Debaixo de pedras, rios e flores
E se soubesse que a paixão era o bastante
Preferia ter morrido de amores!
Não a encontra em parte alguma
Desapareceu, fugiu, morreu...
Ele só quer recuperar a ternura
Que, naquele dia, ela lhe deu!
Nem as estrelas lhe fizeram companhia,
O brilho do céu também se extinguiu.
Foi-se embora aquela que lhe dava alegria
E com ele só ficou a solidão e o frio.
Nunca mais a encontrou,
Nem nos seus longos anos de vida.
Durante todo o tempo, por ela, procurou
E na sua memória, ela nunca foi esquecida.
Aquelas coisas que só tu sabias dizer...
Sento-me no muro da praia e sinto mais um dia a fugir-me das mãos... como a areia da praia, pois por mais que a agarres e quanto mais a apertas, mais ela te escapa das mãos...
O mesmo acontece com os dias, as horas, os segundos que passam e eu não sei olhar para este fim de dia com outro olhar senão este... Olho melhor e tento ver mais além, rebusco a minha memória e lembro-me de ter um vislumbre do teu sorriso e de me dares aquele abraço que ficou sempre aqui, no muro da praia. Venho aqui muitas vezes e consigo sempre senti-lo perto de mim... como sinto o teu cheiro e se fechar os olhos, consigo sentir-te sentado a meu lado, a dizer aquelas coisas que só tu me sabias dizer.
Mas quando os abro, vejo-me sozinha, somente com este fim de dia a servir de pano de fundo... Procuro por ti... não passaste de uma visão... Observo a paisagem e permaneço ali... porque eu sei que assim que fechar os olhos, tu irás aparecer e irás dizer-me aquelas coisas que só tu sabias dizer...
Beco sem saída
O sangue corre-me nas veias...mas infelizmente não o sinto... parecem farpas afiadas de gelo, cortante, dilacerante, feroz...
Preferia não o sentir, preferia pensar que já não pertencia a este mundo para não ter de sentir esta dor, este vazio de que posso ficar sem sentir a qualquer momento...
Leva-me daqui, ó dor desdenhosa... não consigo suportar...deixa-me não me faças sentir mais... como se pode amar alguém num instante e pensar que tudo pode acabar no momento seguinte??? Dói... mas eu não quero essa dor, sim eu sei, estou num beco sem saída; ela vai apanhar-me e eu tento fugir... eu fujo... corro e desespero... Ela apanhou-me!!!