Poemas : 

o piano que salta - 2º capítulo

 
O hugo, para mim, é mais que um poeta! É um amante da vida, daqueles que nada temem, não escolhem, simplesmente fazem, ou dizem. Um pouco convencido, talvez, mas um coração de menino, há dias entreteve-se a brincar com a criança da Felícia, criança um pouco embirrenta, chora por tudo e por nada, ora, que naquele dia, o meu caro amigo, fingiu ser um macaco, pulou as árvores do jardim, comeu folhas fazendo de conta que eram bananas, digo-lhe que nunca me ri tanto!
Veste-se sempre bem, muito asseado, barba de um dia, ou três, penso que nunca o vi sem barba ou bigode, é moreno de cabelos suavemente encaracolados, apetece tocar-lhe mas quando ele a olhar! quando ele a olhar, sentirá que ele a está realmente a ver, nada como esses amantes que amam pouco, muito dizem eles, mas nada se aproveita.
Mas, temo que apesar de se sentir observada e, na sua mente, desejada, ele não a saberá amar, como se fosse uma criança inocente que ama tudo por inteiro, não sede ao prazer ou a luxos, um amigo terá para toda a vida, com certeza! Todavia, um vazio que só se consegue sentir quando o vento cessa, aí paira, no meio que vos envolve, um sentimento inexplicável, ele tem sentimentos que prende as nossas dúvidas, um cheiro a Outono e a chuva, eu sei que a minha amiga o sentirá. Eu senti-o, e tento, nesta breve carta, explicar-lho da melhor maneira, um pouco complicado o termo correcto, mas que casacos correctos vestem peles correctas? Temos que solicitar um fato à medida!

To be continued



a minha mente foge sempre
mas quero fugir a ela antecipadamente..






 
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SantosAlmeida
 
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Enviado por Tópico
Caopoeta
Publicado: 15/11/2009 15:37  Atualizado: 15/11/2009 15:37
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Mensagens: 1988
 Re: o piano que salta - 2º capítulo
visualizei assim o teu querido amigo Hugo,
o que come folhas e te faz sorrir..é sempre bom fazer sorrir mais de que sorrir,quero eu...

Vejam bem
que não há só gaivotas em terra
quando um homem se põe a pensar
quando um homem se põe a pensar
Quem lá vem
dorme à noite ao relento na areia
dorme à noite ao relento no mar
dorme à noite ao relento no mar

E se houver
uma praça de gente madura
e uma estátua
e uma estátua de de febre a arder

Anda alguém
pela noite de breu à procura
e não há quem lhe queira valer
e não há quem lhe queira valer

Vejam bem
daquele homem a fraca figura
desbravando os caminhos do pão
desbravando os caminhos do pão

E se houver
uma praça de gente madura
ninguém vem levantá-lo do chão
ninguém vem levantá-lo do chão

Vejam bem
que não há só gaivotas em terra
quando um homem
quando um homem se põe a pensar

Quem lá vem
dorme à noite ao relento na areia
dorme à noite ao relento no mar
dorme à noite ao relento no mar


Zeca Afonso - Vejam Bem - Cantares de Andarilho (1968)

beijo querida SantosAlmeida.