Textos : 

96

 
- rogério de fradelos -


. façam de conta que eu não estive cá .








[ fora das palavras o eco de as não ouvir ]

costumavas dizer-me do tempo vão as palavras, atiravas a boca ao mar e o que ficava era silêncio. sei que trazias ao peito a orelha esquerda de van gogh, ensanguentada, julgavas que com ela podias ouvir um coração. haviam os corações de falar só para o teu peito em noites de solidão. agora já não há quem te fale, a orelha afogou-se e o teu corpo morre lento em cada amanhecer. se ao menos houvesse, dentro do silêncio, um novo coração à espera. um novo amanhecer no corpo. o futuro é uma mão a acenar a derrota.
(fecha os olhos) ponto
 
Autor
Margarete
Autor
 
Texto
Data
Leituras
754
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
2 pontos
2
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
Alexis
Publicado: 30/01/2010 23:27  Atualizado: 30/01/2010 23:27
Colaborador
Usuário desde: 29/10/2008
Localidade: guimarães
Mensagens: 7238
 Re: 96 para mar e cao
são difíceis as palavras para descrever algumas presenças,algumas ausências.nada melhor que as tuas,mar,para o fazer.
cao:um abraço que nos toque no que inexplicavelmente nos aproxima.

beijo para ti,mar

alex

Enviado por Tópico
Caopoeta
Publicado: 03/02/2010 06:09  Atualizado: 03/02/2010 06:12
Colaborador
Usuário desde: 12/07/2007
Localidade:
Mensagens: 1988
 Re: 96
sempre beijei outras,
outras palavras que no eco nao se fazem ouvir,
somos e seremos sempre musica e teatro intemporal.
já nao somos unicamente pedra,
somos arvore e ramo e folha..quem estiver, nús ,agasalha.
confesso que sempre tive medo.
da mao que abre o peito do peito que tens em tuas maos, o coraçao...
sim..wherther foi um romantico e eu morro nas escribas de Goethe.