Poemas : 

Acorrentado

 
Após experimentar o emplasto da segurança,
Desnudei meu corpo de mentiras adocicadas.
Lavei a alma dos desejos contidos.
Mantive-me firme sobre a linha cambaleante
Da incerteza,
E fragmentei a solidez da fé.

Castigado de pureza e martírio
Decidi sobreviver de entorpecentes.
Embebedar-me da seiva lânguida
Do corpo,
E degustar a eternidade
Do efêmero.

Desatei a poesia do peito
E projetei diretamente aos meus emblemas,
Moldando-a ao corpo venéreo
Da santidade humana.

Acorrentei minha divindade
Ao pé da mesa farta da minha luxúria.


"A maior riqueza
do homem
é sua incompletude.
Nesse ponto
sou abastado.
Palavras que me aceitam
como sou
— eu não aceito." Manoel de Barros

 
Autor
Cleber
Autor
 
Texto
Data
Leituras
1214
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
2 pontos
2
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 22/04/2010 16:26  Atualizado: 22/04/2010 16:26
 Re: Acorrentado
Olá Cleber, entrei aqui, e de rajada li três ou quatro trabalhos seus. Gostei do li.

Abraço