Poemas : 

MODINHA OU NO CAMINHO DE DRUMMOND (reescrito)

 
- sobre o poema Também fui Brasileiro, de carlos drummond de andrade


eu queimei o tempo
como quem brinca de roda
como quem joga pedra
no telhado do vizinho
eu queimei o tempo

eu me afoguei na lua
astronauta sem vocação
fui procurar são jorge
só encontrei o dragão
eu me afoguei na lua

eu dancei com a dama de paus
num baile de debutantes
mas antes do fim do baile
a dama desencantou
eu dancei com a dama de paus

eu fui poeta aos vinte anos
quando todo mundo é poeta
imaginava um sorriso de moça
e a poesia me vinha no ar
eu fui poeta aos vinte anos

eu queimei o tempo
eu me afoguei na lua
eu dancei com a dama de paus
eu fui poeta aos vinte anos
eu também fui brasileiro carlos
"e aprendi na mesa dos bares que o nacionalismo é uma virtude..." - como no seu poema
eu fui e fiz tanta coisa
que hoje me faz pena lembrar

___________

júlio


Júlio Saraiva

 
Autor
Julio Saraiva
 
Texto
Data
Leituras
1184
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
12 pontos
12
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
miriade
Publicado: 22/05/2010 18:20  Atualizado: 22/05/2010 18:24
Colaborador
Usuário desde: 28/01/2009
Localidade: Brasil
Mensagens: 2171
 Re: MODINHA OU NO CAMINHO DE DRUMMOND (reescrito)
O poeta vai deixando marcas na eternidade, o poeta sente o outro poeta em cada construção do poema, o poeta ama o outro poeta quando em entendimento intimo de sua poesia. belos versos e homenagem poeta.

Beijos, Lu


Eu também já fui brasileiro
moreno como vocês.
Ponteei viola, guiei forde
e aprendi na mesa dos bares
que o nacionalismo é uma virtude.
Mas há uma hora em que os bares se fecham
e todas as virtudes se negam.

Eu também já fui poeta.
Bastava olhar para mulher,
pensava logo nas estrelas
e outros substantivos celestes.
Mas eram tantas, o céu tamanho,
minha poesia perturbou-se.

Eu também já tive meu ritmo.
Fazia isso, dizia aquilo.
E meus amigos me queriam,
meus inimigos me odiavam.
Eu irônico deslizava
satisfeito de ter meu ritmo.
Mas acabei confundindo tudo.
Hoje não deslizo mais não,
não sou irônico mais não,
não tenho ritmo mais não.

Carlos Drummond de Andrade
Alguma Poesia (1930)


Enviado por Tópico
eduardas
Publicado: 22/05/2010 19:51  Atualizado: 22/05/2010 19:52
Colaborador
Usuário desde: 19/10/2008
Localidade: Lisboa
Mensagens: 3731
 Re: MODINHA OU NO CAMINHO DE DRUMMOND (reescrito)p/Júlio
Os "monstros" vão deixando a sua marca que nos dão um prazer de sentir e fruir.
Amei esta tua deambulação no caminho de Drummond.

bj
Eduarda




Enviado por Tópico
LaRoche
Publicado: 23/05/2010 01:32  Atualizado: 23/05/2010 01:32
Colaborador
Usuário desde: 26/02/2010
Localidade:
Mensagens: 706
 Re: MODINHA OU NO CAMINHO DE DRUMMOND (reescrito)
O seu texto é muito bom. Jovemtude poética e nacionalimo na mesa de um bar acontecem sem ajuda de consagrados.
A estrotura do texto, do delirio lírico à evidência racional, está muito bem apresentada. meus parabéns. Um texto magnífico.


Enviado por Tópico
Henricabilio
Publicado: 23/05/2010 15:37  Atualizado: 23/05/2010 15:37
Colaborador
Usuário desde: 02/04/2009
Localidade: Caldas da Rainha - Portugal
Mensagens: 6963
 Re: MODINHA OU NO CAMINHO DE DRUMMOND (reescrito)
Uma dupla viagem sob os auspícios da saudade...

... e nada melhor que ter um poeta de renome como baluARTE.

Grande abraçooo!

Abilio


Enviado por Tópico
Amora
Publicado: 24/05/2010 03:00  Atualizado: 24/05/2010 03:00
Colaborador
Usuário desde: 08/02/2008
Localidade: Brasil
Mensagens: 4705
 Re: MODINHA OU NO CAMINHO DE DRUMMOND (reescrito)
Se fosse eu a escrever esse poema (quem me dera), eu também me afogaria na lua, Júlio, queimaria o tempo, teria sido poeta também aos vinte anos, desencantada com um valete de copas. Coisas que realmente fariam pena lembrar.

Um beijo; muito teu o poema, por isso gostei muito.