Poemas : 

VINTE E TRÊS

 
Minha alma está na lama
Segundo dia da semana
Tudo ficou nítido
Um replay naquela cena
Devagar em câmera lenta
Ao vivo não doeu tanto
Um minuto em um segundo
Do tempo pro intervalo
Só restou o pranto

Velas e joelhos
Preces e gritos
Velas e joelhos
Preces e gritos
O peso do silêncio me deixou mais leve...

Os lábios molhados
A língua formigando
Os olhos flamejando
O que queriam tanto

Mais um replay naquela cena
Vinte e três vezes mais devagar em câmera lenta
Em todos os lados e ângulos
Naturalmente se despedaçando e se esfarelado
O que eu queria tanto

Dilúvio e deserto,
Velas, joelhos, preces e gritos
Crucificação seiscentas e sessenta e seis vezes
Ultra-humana, anticristo,
Televisionada em câmera lenta e ao vivo,

Fé e fieis,
Velas, joelhos, preces e gritos,
Crucificação seiscentas e sessenta e seis vezes
Ultra-humana, anticristo,
Televisionada em câmera lenta e ao vivo,


A dor é um bônus sente, agradeça e reze
Por alguém que partiu e te partiu vivo
O amor é um crime descumpra a lei
E sinta na carne a fúria que Cristo sentiu
Quando a vaidade de Deus o crucificou vivo

A dor é um bônus sente, agradeça e reze,
E o peso da solidão te deixará mais leve.

POESIA EXTRAÍDA DO LIVRO "ÂMAGO" - CAPÍTULO V - PERFUMES.

POETA: FRANKLIN MANO - BRASIL

SITE OFICIAL www.franklinmano.com
 
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Derby
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