Poemas -> Reflexão : 

O adormecido do vale (Arthur Rimbaud)

 
Tags:  AjAraujo    poeta humanista  
 
Poema traduzido:

Era um recanto onde um regato canta
Doidamente a enredar nas ervas seus pendões
De prata; e onde o sol, no monte que suplanta,
Brilha: um pequeno vale a espumejar clarões.

Jovem soldado, boca aberta, fronte ao vento,
E a refrescar a nuca entre os agriões azuis,
Dorme; estendido sobre as relvas, ao relento,
Branco em seu leito verde onde chovia luz.

Os pés nos juncos, dorme. E sorri no abandono
De uma criança que risse, enferma, no seu sono:
Tem frio, ó Natureza – aquece-o no teu leito.

Os perfumes não mais lhe fremem as narinas;
Dorme ao sol, suas mãos a repousar supinas
Sobre o corpo. E tem dois furos rubros no peito.

Poema no texto original: Le dormeur du val

C'est un trou de verdure où chante une rivière
Accrochant follement aux herbes des haillons
D'argent; où le soleil, de la montagne fière,
Luit: c'est un petit val qui mousse de rayons.

Un soldat jeune, bouche ouverte, tête nue,
Et la nuque baignant dans le frais cresson bleu,
Dort; il est étendu dans l'herbe, sous la nue,
Pâle dans son lit vert où la lumière pleut.

Les pieds dans les glaïeuls, il dort. Souriant [comme
Sourirait un enfant malade, il fait un somme:
Nature, berce-le chaudement: il a froid.

Les parfums ne font pas frissonner sa narine;
Il dort dans le soleil, la main sur sa poitrine
Tranquille. Il a deux trous rouges au côté droit.

Arthur Rimbaud. Poesia completa. Edição bilingue. "Le dormeur du val"/"O adormecido do vale": tradução de Ivo Barroso. Rio de Janeiro: Topbooks, 1995.
 
Autor
AjAraujo
Autor
 
Texto
Data
Leituras
5114
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
2 pontos
2
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
lfracalossi
Publicado: 24/10/2010 14:06  Atualizado: 24/10/2010 14:06
Da casa!
Usuário desde: 03/05/2009
Localidade: Campo Grande -MS -Brasil
Mensagens: 447
 Re: O adormecido do vale (Arthur Rimbaud)
Que bom que dividiste tamanha belza, inda que triste.
Beijos