Sonetos : 

MEUS SONETOS VOLUME 081

 
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01

Mais sangrante, essa adaga, minha amiga...
Consolo minhas perdas no seu fio,
Disfarço meus temores, tanto frio...
Ternura que esqueci, já tão antiga.

Em meio a tantas mágoas, vou vazio,
Você sabe de tudo mas nem liga,
Amor que já morreu, perdeu a liga,
O tempo que passei, procuro estio...

Mas somente invernosa madrugada
Açoita com seus ventos, a janela....
Não posso, nem serei, não sobrou nada...

A foto na parede não é dela,
A vida se esvaindo, tão cansada...
Amor que fora estrela morre Estela...
Marcos Loures


02


Mais terras que percorra, não terei
Senão brilhos, olhares, e canções.
Em todos os desertos, fui o rei,
Embora nunca houvesse corações!

Procurando esta lua, descasei,
Não me deste sequer os teus verões
As terras sem destino, descansei,
Amores se explodindo em amplidões...

Meu mote falta sorte, sobra morte...
A noite que me trouxe esta ciranda,
Por certo provocando fundo corte,

Não deixa outro caminho em minha sina.
Na boca carmesim desta menina,
Amores se traduzem em Fernanda!


03


Mais um aniversário. O que fazer?
O tempo não dá tréguas, vai ligeiro.
Idade não me importa! Ao bel prazer
Prossigo em meu caminho, verdadeiro.

Seria muito bom poder viver
Sem ter os medos próprios de quem vive.
Saber com toda a glória envelhecer
Não me esquecendo nunca onde eu estive.

Mantendo a mesma força de vontade,
E não deixar faltar nem um sorriso,
Guardando para sempre uma amizade,
E o passo que for dado, o mais preciso.

Mais um aniversário, mas tá bom.
Viver e ser feliz, bendito dom!


8004

Mais um ano se passou
Com carinhos e amizade
Você sempre nos mostrou
O caminho da verdade.

Nesta data agora eu vou
Com total felicidade,
Bendizer onde eu estou
Sob enorme claridade

Dos olhares de quem sei
Da amizade fez a lei,
Tendo amor tão solidário.

Nesta luz que agora vejo,
Minha amiga eu só desejo
Um feliz aniversário!
Marcos Loures


8005

Mais uma noite fria e sem ninguém,
Apenas esse vento na janela
Procuro sempre em vão pelo meu bem,
A vida se entregou ao lado dela...

O resto do que fui caminha a esmo
Sem ter sequer destino, vou vazio...
Quem dera que eu pudesse ser o mesmo
Antes que o coração calasse frio...

Amor, por que partiste, diga enfim,
Meus versos não suportam a distância
A morte vem rondando, chego ao fim,
O sofrimento imenso em tal constância

Permite que eu escute sempre o não,
E morra, a cada dia, em solidão!


8006


Majestade espalhando a cada passo,
Mexendo os teus quadris, doce pantera.
Desejos no teu corpo sempre traço
Gerando a fantasia que se espera.

Na espreita dos teus rastros, vou e caço
Estrelas que derramas, primavera.
Na fonte dos desejos embaraço
Cabelos, coxas, pernas, louca fera...

Espelhas diamantes nos teus olhos,
Muito embora tão frívola bacante
Semeie fantasias entre abrolhos

Promessas de colheitas em fartura.
Prendendo minhas pernas num instante
Galopa eternidades com ternura...


8007

Mal conheço teu nome, e não me importo
Com isso, pois te sinto por inteiro,
Neste oceano quente onde me aporto
Te reconheço apenas pelo cheiro.

Nos dentes afiados onde me corto
As marcas deste bem mais verdadeiro,
Ao tempos mais felizes já reporto
Com gosto tão selvagem de espinheiro.

Borbulho em tua boca meu desejo
Num beijo decorado, essa tortura
Tramando uma loucura onde prevejo

A nossa fantasia em carne exposta,
Já vale o que me entorna e me procura
Num arrepio intenso enquanto encosta...



8008


Mal consigo dormir se não estás
Deitada do meu lado, brasa acesa.
Ardendo em vera chama, amor se faz,
Depois de toda a festa em sobremesa.

Sorvendo assim de ti, sou bem capaz,
De receber o vento que me tesa,
Fazendo tanto amor, querendo mais,
Navego nos teus mares de princesa.

No jogo que incendeia a nossa cama,
Brincando em flamejantes tentações.
Insisto em te querer, fogosa trama,

Nas asas tentadoras das paixões.
Amor em seus matizes, toda a gama,
Explodindo em milhares de emoções...
Marcos Loures


8009


Mal creio que isso tudo deu em nada,
No parque, a diversão ficou de lado,
O beijo que me deste, amarrotado,
A sobra foi jogada na calçada.

Apreço sendo coisa do passado,
No quarto a tua imagem apagada,
O risco de viver quebra alambrado
A teimosia em nós, tão tatuada.

Abaixo então a luz, fumo um cigarro,
Das lembranças sutis, eu me desgarro
E volto a ter um riso, mesmo falso.

O quase ser feliz vira tragédia
Com pão amanhecido, bebo a média
Andando sobre pregos, vou descalço...


8010

Mal nasce o dia; lembro-me de ti.
Do tempo em que vivemos mesmo ninho.
Agora é que percebo o que perdi
Na adega da esperança sem teu vinho
O mundo desabou, descolori
O brilho da manhã, fiquei sozinho...

Uma emoção distinta que se aflora
Mostrando um paladar de nostalgia.
Uma ave que se foi, bela e canora
Deixou este silêncio em agonia.
De tudo o que tivera, sem aurora,
Renasce nebuloso cada dia.

Eu digo o quanto te amo, não me escutas?
Pomar morreu em flor, sem gosto e frutas...


11

Meu amor desdobrado em fantasias,
Me disse que jamais serei feliz...
Não pressinto o temor das valentias,
A noite emoldurada nada diz.

Não me importa se fiz ou se farias,
Nas cordas da viola, um novo bis...
Mascaradas procuram alegrias,
Amor nega verdades que não fiz...

Da boca abençoada que beijei,
Da mão tão calejada que acalento,
Não sobram nem parcelas do que sei,

Não quero cometer incoerências,
Nem quero um coração batendo lento,
Beleza que encontrei nestas hortênsias ...
Marcos Loures


12

Meu amigo de tantas histórias
Pela vida, nós fomos guerreiros.
Tantas vezes , vitórias e glórias,
Sentimentos reais, verdadeiros.

Outras vezes, perdidos, sem nada;
Nessas curvas difíceis da vida.
A presença demais esperada
Com certeza, da mão tão querida.

Se tivemos as horas ingratas,
Outras tantas, nós fomos felizes.
Amizade nos traz forças natas
Ajudando das mais duras crises;

Neste afeto, por certo, sem par;
Um apoio pr’a luta encarar!


13

Meu álibi, disseste é incabível!
Não tenho mais desculpas a forjar...
Olhaste um coração tão impassível,
As pedras sutilmente, vão rolar!

O resto que sobrou, indefectível,
Não passa de penugem sobre o mar...
Meu álibi, pensei fosse infalível,
Agora que percebo, perco o par...

Ávido dessa vida que vivi,
Não devia vestir tal sutileza...
Por favor, não me julgues de per si...

Mentiras fazem parte deste jogo!
Cobri com mil desculpas, na defesa,
Te peço envergonhado, ouça meu rogo!


14

Meu alento de vida, meu futuro...
Tua voz que me acalma cristaliza.
Amor que me inoculas, belo e puro;
Bate, tortura, sangra, vem e alisa...
.
Um amor delicado e tão brutal
Serpente que acarinha e dá seu bote.
Na cama uma criança sensual
Iluminando tudo, um holofote...

Vibrando nossos fluxos e cenários.
Rodando nas cabeças inebria.
Somos os mesmos rios, estuários.
A noite que queremos; tão vadia.

Se somos sanguinários nos sugamos,
Ao mesmo tempo, loucos, nos amamos..

15

Metamorfoseando o pensamento,
Às vezes sou quem nunca poderia,
A vida em genial engenharia
Provocando a mudança, estanca o vento.

Se imerso no passado eu me arrebento
Esqueço o que em verdade não podia,
Percorro sem domínio cada via,
Sem ter de algum final, pressentimento.

Mutante coração, quer ou não sabe,
Bem antes que meu tempo, enfim se acabe
Desta complexidade; eu me livrar

Arcando com a escória do que fui,
Este ir e vir de amores tanto influi,
Mas teimo em meus escombros ignorar...
Marcos Loures


16

Metades que se encontram em poesia
Somadas formam mais do que milhão,
A noite quando toca o manso dia,
Em luzes se transforma, um turbilhão...

Metades encantadas pois completas
São forças gigantescas e medonhas,
Assim como se abraçam dois poetas,
Nos sonhos que eu já sonho e que tu sonhas...

Parcerias são formas de prazer
Amores repartidos mas inteiros,
Ajudam a quem ama perceber,
Que a vida se reparte em companheiros...

Parceiros destes cantos sem quimera,
Que fazem renascer a primavera!



17

Metade quer seguir, a outra cessa,
E enquanto te imagino pareada,
Não vejo mais o rumo desta estada
O amor jamais passou de uma promessa...

E a fantasia estúpida confessa
O quanto se traduz por simples nada.
A lua se derrama na calçada
E a história em serenata recomeça.

Já tive tanta pressa. Hoje estou só,
Da antiga caminhada resta o pó
Que toma este cenário totalmente.

Resíduos do que fomos embotando
O olhar que tantas vezes quis mais brando,
E agora tão sombrio, se pressente...



18

Metade do que fiz não deu em nada,
Tampouco outra metade valeu tanto,
Matando com discórdia algum encanto
Que possa traduzir uma alvorada.

Servindo a quem não serve, abandonada,
Minha alma se perdeu em tolo canto,
Não posso suportar qualquer quebranto
Sabendo tão distante minha alçada.

Calçando a solidez de um diamante,
Embora saiba ser só um farsante
Aquele que propaga a fantasia.

No beijo embolorado da ilusão,
O quanto amarelou meu coração,
Gerando invés de luz, desarmonia...


19


Metade do que eu
Faço nada diz
Escada vou depois subo...
Descendo
No amor que tantasssssssssssssss
Vezes fui feliz...


3
Prazer quando se tem eu quero ao cubo


Recolho cada fruto
Vivo o grão.
Numa EXPRESSÃO estranha, sou SÓ
TEU.
A
O coração batendo assim
Encontra no final, a SOLUÇÃO...



Eu tento e não dis farço falsos rumos
Quem dera se eu pude ESSE ser teu PAR – 02468
Ao FIM
Da estrada sinto em meus
A mos
Pru

Vontade de e te encontrar
SAIR
Assim quem? SABE tenha um novo SOL
Trazendo luz nesse ARREBOL...
FARTA

ESTA É UMA TENTATIVA DE FAZER UMA POESIA CONCRETISTA...
ESPERO QUE GOSTEM.


20

Metade da maçã que me cabia
Depois da tentação no Paraíso
Trazendo algumas gotas de alegria
Num toque muitas vezes impreciso.

Se a gente faz amor e é todo dia,
Garante com certeza um bom sorriso,
Porém se chega a noite em ventania,
O amor já vai embora sem aviso.

Desta Eva que me coube na partilha,
Carinho diz lareira e quebra o frio,
Minha alma muitas vezes andarilha

Encontra nos seus braços o remanso
Que mata o coração feroz, vadio,
E deixa meu espírito mais manso..
Marcos Loures


21

Mestre Camelo eu peço uma licença
Pra poder desfiar o meu rosário.
Se o verso é da maneira que se pensa,
Eu sinto que em verdade eu sou otário.

Ficar queimando a mente não compensa,
A poesia vive atrás do armário,
A noite vai passando sempre tensa
A rima se tornando um relicário.

Atrás do trio elétrico vou eu,
Quem sabe deste jeito inda consiga,
Fugir da regra estúpida, esta urtiga

Que há tanto tempo, amigo, já morreu.
Mas digo companheiro; a poesia
Rimada está virando uma heresia...
Marcos Loures


22

Mesmo quem pensa sempre ser feliz
Às custas desse canto em vão prelúdio
Esquece que tampouco o que se quis
Deitar no manso colo em interlúdio...

Trazendo um sentimento onde se ilude
Ascende por montanhas intocáveis.
Assim quando eu amei bem mais que pude
Passei por tantos mundos improváveis.

Senti que tudo passa nesta vida
Amor, paixão e dor são momentâneos.
Porém tenha certeza enfim querida
Que as fotos nestes casos, instantâneos.

Agora na parede emoldurada
Somente uma amizade bem amada...


23

Mesmo que uma alegria seja breve,
Louvando a vida em cor maravilhosa,
Palavra tão amiga e mais mimosa,
Não deixa mais que caía em fria neve

O tempo transformado bem mais leve,
Fomenta uma alegria graciosa,
Deixando a vida amarga e tormentosa
Distante do momento em que se deve

Saber da glória imensa de se ter,
Uma amizade plena de prazer,
Calando em nosso peito amargas dores,

Amiga não consigo te esquecer,
Contigo é bem mais fácil meu viver,
Pois sabes cultivar jardins e flores.


24

ue te pareça fantasia
Não teime que talvez o nada venha
O fogo necessita desta lenha
Senão a nossa vida é tão vazia.

Serena madrugada quer e cria
E mesmo que esperança não contenha,
Minha alma sem limites já se empenha
Buscando no final tua alquimia.

Parceiro deste espectro, verso tolo,
O quase me pegando de surpresa.
No fundo não desejo ser a presa,

O amor não merecia tanto dolo.
No colo desta luz que forma o trilho
O coração dispersa-se, andarilho...

8025

Mesmo que seja apenas por momentos,
Eu sinto que terei alguma chance
De ter em minhas mãos teus sentimentos,
Vivendo a maravilha de um romance.

Tocado pelos belos pensamentos,
Captando reticências num nuance
Percebo finalmente estes ungüentos
Por mais que a fantasia não se canse.

Eu quero poder ter o teu sorriso,
Pois nele já encontro este sinal
Do quanto ser feliz inda é possível.

Amor que chega sempre sem aviso,
Transforma um ser tão frágil e mortal
Num deus iluminado e imprevisível...
Marcos Loures


26

Mesmo que pareça mentiroso
Meu canto mais feliz nunca mentiu.
Às vezes te pareço um ardiloso
Que engana com palavra mais gentil,
Porém toda alegria dor e gozo
Por certo quem poeta já sentiu.

No vento que me trouxe veraneio
Na areia em que tostei meu coração,
Nos olhos de quem vive tanto anseio,
Nas mãos sempre perdidas no perdão.
Na doce sensação do belo seio,
No rosto da saudade, na emoção...

Falar do que mais sinto, amor demais,
Se mostra em cada verso e sempre mais...


27

Mesmo que não sejam verdadeiras
As palavras que dizes para mim,
Refletem maravilhas de roseiras
Florindo em alegrias meu jardim.

Mesmo que as canções soem tão falso,
O verso emoldurando uma esperança
Arranca o coração do cadafalso,
E louco, sem dar tréguas, ele dança.

Mesmo que o remendo seja atroz
A colcha de retalho é nobre manto
Pra aquele que cansado e já sem voz
Procura uma alegria em qualquer canto.

Por isso é que me entrego plenamente,
Sabendo que o poeta é triste e mente...
Marcos Loures


28

Mesmo que eu entenda ser tão falso
O diamante belo que me deste,
Entregue à tal loucura, sem percalço
Meu coração outrora árido agreste

Na agônica expressão de um cadafalso
Agora de alegrias já se veste,
E mesmo que inda siga assim descalço
Pressente alguma aragem que me ateste

Dos sonhos que inda trago; Ilusões,
Vertendo qualquer forma de prazer.
Não posso conceber tais emoções

Mas gosto, mesmo em dúvida de ter
A rara sensação de ser feliz,
Por mais que o céu se mostre sempre gris...


29

Mesmo que em passo lento, devagar
O peito sempre erguido, eu vou em frente,
Não temo a virulência a se mostrar
No bote venenoso da serpente.

Eu tenho na verdade uma noção
Do quanto é necessário ter cuidado.
Quem busca no amor satisfação
Às vezes, quase sempre é maltratado.

Fazer no nosso amor, experiência
Uma armadilha, eu sei, já se prepara.
Quem reconhece e disso tem ciência
Cuidando de um amor qual jóia rara

Encontrará em paz, perenidade,
Vivenciando a luz da liberdade...


30


Mesmo que a neve caia sobre ti,
Não deixe esmorecer tua vontade.
Em todos os momentos percebi
Nos teus olhos a rara claridade

Que faz numa pessoa a diferença,
Tu tens o brilho próprio que ilumina
A todos. Divindade assim imensa,
Tocando a quem rodeia descortina

Uma alegria plena e assim nos traz
Felicidade e paz, razão da vida.
Por isto neste dia eu te desejo

Tudo o que tu quiseres e bem mais.
Que o teu aniversário enfim, querida,
Espalhe pelos Céus raro azulejo...

Marcos Loures



31

Mesmo quando ausente, eu percebia
Tua presença, amada junto a mim,
Além de simplesmente poesia
Eu vejo farto amor que não tem fim.

No toque de teu corpo essa magia
O beijo desta boca carmesim,
Vivendo plenamente esta alquimia
O amor que a gente sente é sempre assim.

Não vejo mais motivos pra temer
Iremos passo a passo, eu te garanto
Que imerso na alegria em pleno encanto

Apenas do teu lado posso ver
Um dia mais bonito em pleno sol,
Pois sou de teu brilhar, um girassol...
Marcos Loures


32

Mesmo nos mais áridos caminhos,
Nas sendas mais desérticas, o amor,
Vencendo a solidão com seus carinhos
Permite a fantasia recompor

Com toda a placidez, suaves ninhos,
Aonde uma esperança vem repor
Distante das tormentas, burburinhos,
Numa expressão serena, traz calor.

Tão simples e complexo ao mesmo tempo,
O amor vai superando o contratempo
Tornando fértil o solo, e mesmo a areia.

Num ato de feliz superação
Trazendo um oceano de emoção,
De um deserto transforma em maré cheia...


33


Mesmo material, nós fomos feitos,
Da carne apodrecida nos esgotos,
Os sonhos que tivemos foram rotos
Jogados nas sarjetas quais rejeitos.

Vivemos por viver, mas satisfeitos,
Refaço os meus caminhos destes cotos,
Tu mostras teu vigor nos tantos brotos
Jamais quisemos ser somente aceitos.

E, párias sem paragem, vamos nessa,
Por mais que venha a queda; recomeça
A sina brasileira de lutar.

E quando a noite chega, sertaneja,
O amor avarandado é o que deseja
Uma alma empaturrada de luar...


34

Mesmo distante, quero o teu amor
Em forma de ilusão ou de verdade,
Sabendo do teu jeito encantador
Que traz tanto prazer, felicidade,

Eu quero teu amor de forma amiga
Com gestos delicados de fineza,
Embora, eu sei, saudade sempre abriga
Algumas cicatrizes da tristeza...

Não me abandones, venha para mim,
Na noite benfazeja e desejada,
Te quero em nosso mais belo festim,
A boca me mordendo, apaixonada...

Mais tarde, quando a morte enfim chegar
Eu posso assim, dizer: foi bom te amar!


35

Mesmo distante sinto esta presença
Do bem que se fez tanto a cada dia.
Uma amizade feita em alegria
Encontra na amizade a recompensa.

A vida nos imputa tal descrença
Que aos poucos vai matando a fantasia,
Criança que nós fomos não sabia
Da ausência de esperança; dor imensa.

Por mais que estejas longe, minha amiga,
Existes e persistes dentro em mim.
Sabendo desta luta até o fim

Por uma vida amável que prossiga
Trazendo para nós tranqüilidade,
Encontro munição nesta amizade...


36

Mesmo distante espero o teu perfume
Exalado em palavras delicadas.
Ao trazeres em luz, perfeito lume,
As noites se tornaram estreladas.
Matando qualquer sombra de queixume,
As nossas mãos e bocas vão atadas...

Não posso resistir ao sentimento
Tão forte e mais gostoso da paixão.
Não deixo de pensar um só momento
Na possibilidade da emoção
Que vem tão sutilmente e toma assento,
Inunda bem depressa, o coração.

Na soma de nós dois, amor se intera
Formando uma esperança em primavera...
Marcos Loures


37


Mergulho sem temer tuas procelas,
Enveredo-me, louco, no teu sol.
Meu amor não se esquece, abre as velas
E te sabe cigano amor, farol...

Quero saber de tocar teu corpo inteiro,
De beijar tua boca, sem receios.
Sabendo que um desejo verdadeiro
Necessita de nucas, bocas, seios...

Em teus raios dourados, minha amada,
Todos atracadouros quero em mim.
Desembarcar na praia ensolarada,
E beijar cada porto, cais, enfim...

Em teu mar vou deitar-me, ser areia,
Uma onda a me lamber, na lua cheia...


38

Mergulho sem limite, a cada instante
Nos mares que tu trazes, num sorriso,
Uma escultura nobre e radiante
No toque dum artista mais preciso,

Vibrando em luz suprema, delirante,
Expressa a perfeição de um paraíso.
No colo desta deusa, aconchegante,
O sonho mais feliz, claro e conciso

Pilares de um altar, rara nobreza,
Intrépido caminho que hoje eu traço,
Outrora um vagamundo na incerteza,

Agora um cantador enamorado,
Aos poucos vem tomando todo o espaço,
Alaga em fantasia, o ledo prado...
Marcos Loures


39

Mergulho sem limite em belos poços
Naufrago em teus caminhos, bebo a sorte,
Desejos que se fazem teus e nossos
Aos mares deste amor divino aporte.

Eu quero e não descanso de buscar
A marca deste amor, insanamente.
Vestígios em teu corpo do luar
Tramando a bela noite iridescente

Pecado é não querer provar do gozo
Melífera loucura que transcende,
Segredo deste mar voluptuoso
Que toda noite em chama nos acende

Nudez e transparência, qual colírio
No jogo que se mostra tal delírio
Marcos Loures


40


Meu amor não mais permita

Que este sonho, um dia acabe,

Quem provou de uma desdita

Sabe quanto amor já cabe


A minha alma sempre agita,

Do meu destino já sabe,

Encontrar uma pepita

Antes que a vida desabe


E faça-se em sofrimento,

Em tanta dor afinal.

Não esqueço um só momento,


Ao olhar o firmamento,

De teu corpo sem igual,

Minha alegria e tormento...


41

Meu amor impreciso qual cometa
Remete na centelha de teus passos
A vida que se fez mais incompleta;
Ocupa sem querer os teus espaços.

Repete cada luta que repleta
A boca esfomeada tantos maços
Fumados. Emoção analfabeta
Não sabe nem percebe os mansos braços

Que envolvem calmamente meu pescoço;
Alegria fugaz voando breve
Restando uma incerteza em alvoroço

Escrita nestas páginas vazias.
Mas eu te peço, amor que assim me leve
De volta às velhas luzes, fantasias...


42

Meu amor eu não sei nem por onde andas,
Por isso me embriago. Eis os tremores.
Andei te procurando em outras bandas
Perdi teu rastro imerso em novas flores.

Mulheres que encontrei pelo caminho
Virtudes esquecidas na aguardente.
Na busca por afeto e por carinho
Ser feliz, decerto é mais urgente.

Num sentimento lúdico de amor,
Por um momento, escravo desta luz,
Não tenho quase nada a te propor

Será que bem leve e breve a minha cruz,
Deste cenário sigo sendo ator
Ao fundo um cego triste toca blues...


43

Meu amor está pleno de teus beijos,
Tuas manias sóbrias e decentes,
No que me restará de teus desejos,
As mãos vão percorrendo, são dementes...

As farpas que trocamos, percevejos,
Os restos da comida, bocas, dentes...
Na sorte que pedi aos realejos,
Distâncias e desejos pedem lentes...

Meus dedos vasculhando cada ponto,
Na gruta que me dás, velho morcego...
No rolar desenrolo e fico tonto,

Manias e defeitos são vertigens...
As barcas mais sutis não as carrego,
Nos olhos me restando só fuligens...
Marcos Loures


44

Meu amor espera o sol
Sol que nunca mais veio...
Amor louco girassol,
Preparando um novo esteio

Nada encontra em arrebol
Coração desfere seio
Virando nova ilha, atol!
O sol é pão e centeio...

Tristes olhos querem ver
Onde pode sol nascer
Se tal sol nunca mais brilha...

Nos céus procuras a trilha
Onde mais pode esconder
Os olhos de nossa filha?
Marcos Loures


45

Meu amor é fanática emoção.
Meus olhos não conseguem tanto brilho.
Passando por amor, vira obsessão.
É mais do que sonhar um novo filho.

Explode, com certeza, o coração.
Não deixa nem permite rumo e trilho...
Rebenta mais feroz do que paixão!.
Detona dinamite no rastilho...

Esse amor, endeusado e tão cruel,
Por certo vasculhou estrela e céu
Um resumo absoluto desta vida.

É ponto de chegada e de partida.
Espreito a divindade em meu dossel,
É sorte que me leva a despedida...
Marcos Loures


46

Mergulho nos teus olhos, ganho o mar,
Nas verdejantes ondas me apaixono,
Entregue à tal beleza, em abandono,
Permito, o pensamento, navegar.

Adentro o paraíso, devagar,
Queria ser escravo e ser teu dono,
Os ritos do desejo, doce abono,
Que tanto procurei; posso encontrar

No olhar desta mulher que me conquista,
Deslizo em calmas ondas, vou na crista,
Até chegar ao porto de teus braços.

Levado pelos ventos, me inebrio,
Sentindo o teu calor, esqueço o frio,
Deitado mansamente em teus regaços.


47

Mergulho nos abraços
Da moça mais bonita,
Seguindo loucos traços,
Encontro esta pepita.

Do amor que faz os laços
No qual sempre acredita
Quem segue insanos passos
Um horizonte fita

Em clara mansidão,
Em montes divinais,
Amor, aluvião,

Nos toma sem dar chances,
Aumenta sempre mais,
Em loucas avalanches...
Marcos Loures


48

Mergulho nos abismos da ilusão
Fazendo dos teus lábios o meu guia
Enquanto houver ainda fantasia
Eu venço sem temor, o furacão.

E vendo tão distante a solução
Quem dera se chegasse novo dia
Raiando com desejos e harmonia
Trazendo ao viajante, a direção.

Amar não é brinquedo, é caso sério.
E a vida nos tramando este mistério
Permite um cão vadio ter desejos.

Nos olhos da rainha, o mesmo brilho
Que roça o coração deste andarilho
Sonhando com delírios, loucos beijos...
Marcos Loures


49

Mergulho no vazio que criei,
Apenas vagabundo trovador
Usando as artimanhas de um amor
Nas suas armadilhas me entranhei...

Respostas? Tolamente procurei,
Quebrando os meus altares, sem andor,
As alas libertárias do condor
Fazendo da esperança a minha grei...

Mas nada do que outrora imaginara
Será qual recompensa para mim,
Matei há tantos anos meu jardim

Na busca desta flor sublime e rara.
Na inválida emoção destes meus versos,
Os passos que tentei seguem dispersos...


8050

Mergulho no vazio de teus olhos
E o nada simplesmente me apavora,
O quanto se perderam em restolhos
E o nunca tolamente já decora

Olhar que insanidade fez distante,
Vagando por estrelas ou bueiros,
Afã que se mostrara delirante
Perdido nos remansos traiçoeiros.

Nesta loucura imensa que nos traga,
Estranhas sensações acumuladas.
Porém uma palavra mansa afaga
E traz à tona vidas malfadadas.

Preservo mesmo em louca tempestade
O sentido real desta amizade...
Marcos Loures

51

Mergulho no teu mar. Vou desejoso,
Querendo cada gota prometida,
Sorvendo e destilando cada gozo
Nos méis maravilhosos, nossa vida.

Ao ter teu corpo lânguido e sedento,
Misturo nossos lábios e salivas.
Atado nas vontades, num momento
Atraco no teu porto, tais ogivas

E na explosão das minas eu me rendo,
E deixo-me levar, do amor cativo.
Fartura de banquetes que pretendo,
Dos gozos mais benditos, eu me crivo...

Do quanto o nosso amor farto se fez
Vontade de encontrar tua nudez.
Marcos Loures



52


Mergulho no teu corpo em tal deleite
Trazendo para mim tua ardentia,
O fogo em tua pele me irradia,
Convite para amor que logo deite

Na cama em que o prazer se mostra enfeite
De corpos que se querem, fantasia,
Distante do que fora nostalgia,
Tomando da alegria um puro leite.

Amada, como é bom estar ao lado
De quem nunca cansei de imaginar
Desnuda, num encontro onde suado

Pretendo sem juízo, mergulhar.
Vencendo a resistência, num segundo,
Adentro os teus segredos, e vou fundo...


53

Mergulho no teu corpo e sou sincero,
Não temo uma incerteza, nenhum mal.
Amor que não machuca? Não o quero,
Entranho no teu pélago abissal.

Escracho os meus sentidos; vivo e, fero,
Das cordilheiras faço o meu bornal,
Patamares longínquos onde espero
O precipício insano, desigual.

Não teimo, pouco temo e assim me crio,
Frutas maduras, gozos e pomares,
Na cama onde desfruto tetas, cio,

Talheres que permitem bons jantares.
Morena. Vem, aqueça que está frio,
Esparramando estrelas e luares...


54

Mergulho no teu colo, esta vontade
De ter o teu amor bem junto a mim,
Razão de poder ter felicidade,
Num sonho que não pode ter mais fim,

Se eu tenho, no teu corpo a claridade,
Que faço se distante estou, assim.
Tu tens este poder de seduzir,
E dominas sem nada a me pedir.

Pensando nos teus beijos e carinhos,
Teus seios, tua boca e teu suor,
Deitando em nossa cama, sedas, linhos,

Caminhos do teu corpo, eu sei de cor.
Encontro nos teus braços, belos ninhos,
De todos os meus sonhos, o melhor.
Marcos Loures


55

Mergulho no passado, insano e frio
Estendo uma saudade no varal,
Recolho cada gota do vazio
Que um dia transbordou neste embornal.

A vida escarifica pouco a pouco
Aumenta esta ferida no meu peito,
O grito que se faz audaz e rouco
Estronda tão distante e nega o preito.

Argúcia se mostrando sempre inútil,
Escancarando a face desumana
Do tempo que se molda insano e fútil
Matando ao mesmo tempo desengana.

Soprando sobre nós a tempestade
Formada pelas chagas da saudade...
Marcos Loures


56

Mergulho no passado e vejo a sombra
Daquela que negando, se entregou.
Imagem distorcida ainda assombra,
Matando o que do amor, inda restou.

Contrastes entre luz e escuridão,
Espreito o que vivemos e mataste,
Do sim que imaginei, a negação,
Trazendo tão somente este desgaste

Que aos poucos transformou em quase nada,
Aquilo que eu pensara ser eterno,
Da bela primavera anunciada
Eu vivo amargurando um duro inverno.

Mas trago ainda a chama da ilusão,
De um dia poder ver outro verão...
Marcos Loures


57

Mergulho no oceano dos encantos,
Palácios e princesas, sei de cor.
Não temo nem as urzes, desencantos,
A vida me guardou seu bem maior!

Alvores e manhãs magas belezas,
Meu reino entre diversos, maravilha...
Searas de ternura e de riquezas,
Nos perfumes e cores, flores, tília...

Escuto estas cantigas nos umbrais,
A vida, com certeza, vale a pena.
A noite me promete festivais,

Prateando com a lua, toda a cena.
Deslindam-se loucuras imortais.
Na beleza tão pura de Açucena!
Marcos Loures


58

Mergulho no oceano de teus braços,
Afogo-me em teus lábios sensuais.
Adentro no infinito em largos passos
Deitando meu prazer encontro o cais

Nos olhos, nos teus seios, teus regaços,
Querendo cada noite sempre mais,
Sabores que encontrara; tão escassos
Agora em tua boca, magistrais.

Ao ter tua presença deusa e Diva,
Minha alma se entregando, assim cativa
Jamais quer que este encanto se desfaça.

Coloco meu futuro em tuas mãos,
Adentro teus mistérios, furnas, vãos,
E o fogo dos desejos nos devassa...
Marcos Loures


59

Mergulho no horizonte deste olhar,
E sigo cada rastro que tu deixas,
Não quero mais saber das velhas queixas
Aonde a dor encontra o seu lugar.

Num feixe fascinante, rastros luzes,
Persigo o bem que outrora quis tão meu,
E quando a noite enfim se escureceu,
Vislumbro a maravilha que produzes

Com teus poemas doces e suaves,
Vencendo as armadilhas. Sem entraves
Eu posso perceber quanto é divino

O templo desenhado em fogo, amor,
E creio; numa espécie de louvor
Num sol iridescente e diamantino...


60

Mergulho meu passado neste rio
Que tantas vezes tenho navegado,
Nas noites mais doridas, tanto frio,
Espero meu amor aqui do lado...

O sono quando chega e não te encontra
Em pouco tempo manda o pesadelo.
Amor quando de amor se desencontra
Aos poucos se tornando um atropelo.

Nos raios deste sol brilhando n’águas
Dos rios e cascatas, um cristal;
Meus olhos se lagrimo, plenas mágoas
Transbordam nesse rio, no final.

Amada não permita que isso ocorra,
Não sei nadar, tu queres que então, morra?


61

Mergulho em teus desejos, a vontade
De ser teu companheiro a vida inteira.
No gozo que permite a claridade
Palavra que se mostra verdadeira

No afeto desejoso que me invade
A sorte já se mostra sorrateira
Embalas meus desejos, rompes grade,
Fulguras como a sorte derradeira.

Flameja em minha pele com prazer
Tocando bem mais fundo no meu ser,
A doce insensatez que se derrama

Arrancas estes véus, desnudo o sonho
E um verso mais suave; enfim, componho,
Bebendo cada gota desta flama...
Marcos Loures


62

Mergulho em teu olhar; vou à retina
Navego tal beleza deslumbrante,
A vida num momento rebobina
E volto a ser mais jovem neste instante.

E vendo o teu sorriso de menina
A juventude pulsa radiante
O sonho mais gostoso nos destina
A sorte de saber do amor gigante

Que sendo assim constante não se cala,
E nada neste mundo mais abala
Quem tem esta alegria com fartura.

Se eu choro, eu te garanto, é sem tristeza
Ao ver no teu olhar tanta beleza
Rendido vou imerso em tal ternura...
Marcos Loures


63

Mergulho em suas sombras, meu amor,
Minha alma sutilmente se inebria,
Vergastas me cortando com ardor,
No corpo de quem amo principia

A dança feita em riso, e no pavor
Rasgando a mais sublime fantasia
Permite-se que veja o seu furor
Na sede que se mata e me vicia.

A fonte dos prazeres e dos gozos,
Amor martirizado, salvaguarda,
Desnuda em sua cama ela me aguarda,

Nas ânsias de desejos caprichosos.
Na concha que se abriu, a convulsão
Ejaculando méis em profusão.


64

Mergulho em suas curvas rio amado,
Nas suas águas claras, meu prazer;
De tanto que sonhei cruzar a nado,
Nas suas mansas margens, meu lazer...

Não quero mais saber de penitência,
Nem quero mais salgar felicidade;
Nem quero mais pedir uma clemência
Eu quero é ser feliz,e de verdade!

Viver a minha vida em companhia
De quem sempre desejo e não me canso.
Trazendo nos meus olhos, alegria,
Teus lábios carmesim, decerto alcanço...

Mergulho em tuas curvas sem pudor,
Vivendo a fantasia deste amor!


65

Mergulho em horizontes versos soltos,
Néscio, vou sem destino e sigo só,
Percebo estes momentos que revoltos
Impedem ilusões, sou simples pó.

Remoto sentimento, um vil temor,
Resquícios do que fomos, dois inúteis
Resido nos escombros, perco flor
E tento ser somente. Medos fúteis...

Perdi o que tentei, porém prossigo
Ouvindo simplesmente o som sem nexo
O tempo se volvendo, quero o sexo

Demente, enfim sombrio, te persigo
E o resto me ofereces, meu troféu
Que, podre, dos esgotos vence o céu...

SONETO SEM A LETRA A
Marcos Loures


66



Mergulho em teus carinhos sem defesas
Bebendo desta fonte insaciável.
Encanto a cada canto demonstrável,
Cevando maravilhas e belezas.

O quanto exponho a vida em fartas mesas,
Fazendo do impossível solo, arável.
Teu corpo muito mais que desejável
Sensualidade além de mil tigresas.

Queria tão somente hoje poder
Sentir os teus anseios mais profanos,
Mudando a direção dos velhos planos

Sorvendo cada gota do prazer
Que trazes em teus lábios delicados,
Momentos tão serenos e safados...


67

Mergulho destemido, a cada cena
Contando estas estrelas que me dás,
Amor que em fantasias já se encena,
Deixando uma tristeza para trás.

Colhendo em meu jardim, rosa e verbena
Canteiro da esperança segue em paz.
Certeza de outra história mais amena,
Amor em plenitude satisfaz...

Coração se abastece de esperança
Vencendo qualquer forma de intempérie
O sonho não se faz em larga série

Encanto sem limites nos alcança.
O verso em que traduzo amor que sinto,
Inebriado bebe, em ti, absinto...
Marcos Loures


68


Mergulho como um peixe num aquário
Nos braços tão serenos de quem amo,
Amor é nosso rumo, itinerário
Teu nome com certeza sempre clamo

E sinto o teu perfume nesta senda
Que leva ao paraíso em liberdade,
Segredos que o amor cedo desvenda
Buscando tão somente a claridade

Falenas-corações vagando lumes
Crisálidas que formam nossos dias,
Numa esperança rara, teus perfumes

Exalam maravilha em poesias.
Tocando nossas peles, arrepios,
Os ventos das paixões, doces, macios...
Marcos Loures


69

Mergulho carinhoso e triunfal
Bem vindo caminhar em noite clara,
A lua nos chamando tudo aclara
Amor já se tornando um ritual.

A cargo deste sonho sem igual
A vida em alegria se declara,
A jóia do prazer embora rara
Espalha farto brilho magistral.

Benesses encontradas sem fastio,
O quanto de desejo em que vicio
Explica todo o bem que vejo em ti.

Estrela decorando a madrugada,
A rosa do querer iluminada
Floresce no perfume que senti...
Marcos Loures


70

Mergulhe sem limites nosso céu,
Entre estrelas, pulsares e quasares
Galopa em liberdade este corcel
Deixando no passado tais azares

Que um dia polvilharam nossa estrada
Fazendo de um encanto, pesadelo,
O quanto a paz por nós é desejada
É sonho tão difícil de contê-lo

A par desta fantástica ilusão
A vida se fazendo em fantasia,
De um claro amanhecer, a percepção
Demonstra um novo tempo que se cria.

Aonde uma amizade sobrevenha,
Sabendo ser amor a nossa senha.
Marcos Loures


71

Mergulhe em bel prazer e compareça
Dançando a mesma dança, um vanerão,
Amor que assim não tiro da cabeça
Aos poucos vai virando uma paixão.

No ritmo alucinante par a par,
Cevando o mate amargo desta vida
Percebo o vento vindo devagar
Um vivente procura uma saída.

Adentra o teu rincão, tão guapa prenda
No amor que é trilegal, nosso sustento.
Segredos que tu guardas se desvenda
Bebendo gole em gole, o sentimento.

Que o negrinho proteja o tempo inteiro,
Guardando na guaiaca o gosto e o cheiro...


72

Mergulhar o meu desejo
No teu corpo já desnudo,
De mansinho em cada beijo,
Meu amor irei com tudo

Com a fome que me atiça,
De poder te dar prazer,
Meu olhar já te cobiça
Nos lençóis poder te ter.

Corpos nus que se entranhando,
Trazem gozo em estribilho,
Com loucura te tocando,
Desvendando cada trilho...

Delirante noite vem,
Do desejo sou refém


73

Mergulhar de cabeça e coração
Sem ter qualquer defesa que me impeça
Alçar o Paraíso deste chão,
Desejo que minha alma já confessa.

Vertendo cada parte da remessa
Em lágrima e ternura, ser o grão
Que traz em si a glória da promessa,
Deixando para trás qualquer razão...

Assim eu me permito caminhar,
O coração aberto ao pleno vento
Um pária, mesmo probo em seu intento

Às vezes necessita ir devagar,
Porém sem ter medidas nem mesuras
Entrego-me ao fascínio das loucuras...


74

Mergulhando em sofismas que me travas,
Não pude perceber tuas facetas.
As noites entrevadas velhas cavas,
Nas luas estendidas nas lunetas.

Reparo, indiferente, nossas lavas,
Desculpas que formaram teus planetas.
A roupa apodrecida nunca lavas,
Meus mundos, te entreguei, podres vendetas...

Baldados tantos gritos e perdões
Nas tramas e nas lendas somos arte.
Vasculho teu amor por toda parte,

No fundo me deparo com prisões...
O faro que negaste está, destarte,
Apodrecido em nossos corações!
Marcos Loures


8075


Mergulhada num lago sem saída,
Encontras as quimeras que me deste
As roupas que vestiste, toda peste
Que cultivavas numa torpe vida...

Não te salvarei, deixo-te perdida,
Afogada na mágoa que te veste,
Sem nem sequer rezar para que reste;
De teus sonhos, alguma sobrevida.

Nas águas podres, pestes e vorazes
Predadores te beijam, mais audazes...
Sugam teu sangue, matam lentamente...

Minha vingança tarda, mas não falta,
Apagar todas luzes da ribalta,
Aplaudindo espetáculos, somente...


76

Mergulha tantos mares, toda a graça...
O vento desejado, primavera,
Serpente que sonhara não disfarça,
Trazendo sutilmente esta nova era...

Que por certo virá em plena praça
Dançando tão faminta quanto fera,
Envolta na tempesta que entrelaça
Gozando do prazer desta pantera...

Mergulhando este louco sentimento,
Vasculha pelas luas os seus raios...
Amante se entregando ao viril vento.

Espera pela luz mais redentora,
Os olhos espraiando nos desmaios
Lunares, da rainha sedutora...
Marcos Loures


77

Mergulho por instantes nesta fenda
Aberta e num convite irrecusável,
Além do que eu julgara imaginável
Um novo Paraíso se desvenda.

O velho coração não tendo emenda,
Peregrinando em solo indecifrável
Permite-se ao engodo; mas, amável
Encara o sofrimento como lenda.

Nas tendas em tais sendas; por instantes,
Prefere imaginar mil diamantes
Mesmo sabendo inglório o tal do amor.

Assim, passando a vida num segundo,
Um pária sem destino, um vagabundo,
Nas sombras sonha um mundo multicor...



78

Mergulho o meu olhar neste horizonte
Por entre os verdes belos da esperança,
Vislumbro, da alegria, a minha fonte
O azul de um claro céu, a vista alcança.

As cores se misturam, bebem sol,
Que trará com certeza, vida e glória.
Sentindo a maravilha do arrebol,
O amor chega mudando a minha história

Quem fora, no passado tão tristonho,
Sem ter sequer o brilho em seu olhar.
Agora ao se entregar, querida eu sonho
Com o dia que decerto irá chegar

Aonde o coração esperançoso
Permita deste amor, desfrute e gozo..


79


Mergulho o membro duro entre estas pernas
Sedentas e molhadas, desejosas.
As carícias diuturnas sempre ternas
Abrindo do jardim as rubras rosas.

Meu vício é penetrar-te com esmero,
E depois quando sôfrego invadir
Misturas de vontade com tempero
Gostoso de provar e repetir...

Arfando como um louco garanhão
Sentindo os pelos ralos sobre mim,
Aos poucos no calor deste vulcão
Não quero que este sonho tenha fim.

Se o dia se faz macho, noite é fêmea
Viver sem ter prazer? Pura blasfêmia


80

Mergulho num abismo feito em vão
Se a ausência de quem sonho está presente.
Vagando pelas ruas qual demente
Perdendo a cada passo, terra e chão.

A luz em mais temida arribação
Descreve um espiral e de repente
A treva terminal, já se pressente
Tornando assim infértil, coração.

Mas quando o teu perfume se espalhando
Canteiros de meus sonhos encharcando,
Prenúncio amanhecido revigora

O gozo tão supremo da alegria
E o tempo em desvario, se anuncia
Vivendo o paraíso desde agora.
Marcos Loures


81

Mentiras espalhadas nesta trama
Encontram o vazio por resposta,
A mesa quase sempre nunca posta
Não pode e nem convida, nunca chama.

A pele em agonia já descama
E mostra o corte fundo feito em posta
Não tendo mais prazer, perdi a aposta
Quem sonha assim demais encontra a lama.

Nos horizontes nada de montanhas,
Não sei e não terei malícia e manhas.
Apenas solidão é o que convém

Ao velho passageiro em descaminho,
Viajo pelo tempo e vou sozinho
Perdi faz tanto tempo, antigo trem.
Marcos Loures


82

Mentiram sobre o néctar e ambrosia,
Deixando assim de lado a realidade,
Na puta sacanagem bem sabia
Do quanto apodreceram liberdade.

A noite se transforma numa orgia
Na crápula ilusão: felicidade;
Vendida como carne e fantasia,
Transita na calada, a falsidade.

Amores a granel, por atacado,
Bazares indecentes, carnes podres,
O sangue vai vendido nestes odres

Os vermes me devoram, sou lixado;
Comprado pela merda do prazer.
E a mesma carne imunda pra comer...
Marcos Loures

83

Mentira vai cumprindo o seu papel,
Nem tudo o que reluz é ouro puro,
O porto que encontrei, não é seguro,
No porão de minha alma escondo o céu.

Girando; o tempo cega o carrossel,
O dia amanhecendo sempre escuro,
A vida se passando em tanto apuro,
O medo transformou o mel em fel.

Cavalo dos meus sonhos galopando,
Formando uma cortina de fumaça,
Enquanto em nuvens negras tu flutuas.

O solo desde então vem desabando,
Atrás eu posso ver minha carcaça
Cobrindo em duro pó todas as luas.
Marcos Loures


84

Mentira que me trouxe essa verdade
Que tentas esconder inutilmente,
A fonte insaciável diz saudade
Mascara o que desejam corpo e mente.

Não posso permitir que esta demente
Ainda me transtorne a claridade,
Quem sabe decifrar quando ela mente,
Encontra finalmente a liberdade.

Eu teimo em te dizer embora saiba
Que o amor que eu tanto quis foi puro engodo,
Distante deste mundo que me caiba

Persisto em perseguir tuas pegadas.
Das sombras do passado, deste modo,
Eu vejo minhas faces retratadas...
Marcos Loures


85

Mentindo toda noite em desprazer
Eu tento me enganar, mas não consigo
O corpo que se fez amante e amigo
Por toda a minha vida hei de saber.

Quem dera novamente receber
O gosto delicado deste abrigo.
É tudo o que eu desejo, até persigo
Viver o que nos resta em bem querer...

Partiste em noite fria. Um temporal
Desabando as estrelas, morta a lua
Saudade tão somente continua

Tristeza prolifera como cuva.
Quem sabe tu virás depois da chuva
Trazendo em claridade todo o astral...
Marcos Loures


86

Mensagens entre sonhos e viagens
Aléns que conhecemos num instante
Olhando pra sublimes paisagens
Mosaico de belezas, fascinante.

Nos rios, seixos, águas, beneplácito
Desejos feito acordo, cordas, cantos
A noite em seu pendor, suave e tácito
Permite que se entendam tais encantos.

Iridescentes brilhos confundidos
Em lagos de perfeita placidez
Carinhos em delírios são fundidos
Tomando toda a cena, em sua vez.

Os lábios massageiam outros lábios,
Momentos delicados, porém sábios...
Marcos Loures


87

Mensagens em garrafas, cartas, senhas,
Deixando à flor das águas minha sina
Querendo de repente que tu venhas,
Seguro o tempo alado pela crina.

Porém quando nas trevas tu te embrenhas
Fechando atrás de ti, porta e cortina
O frio que se faz sem fogo ou lenhas,
Saudade de teus lábios me azucrina.

Mas vendo que chegou ao endereço
A carta que mandei há vários dias
Agora eu te garanto, sem tropeço

Que a gente pode ter final feliz,
Vencendo com sorriso as agonias
Escuto esta resposta que assim diz...
Marcos Loures


88

Menino tão matreiro pula a cerca
Que sempre separou amor e dor.
Não teme que este mundo já se perca
Em versos que me fez tão sonhador.

Sou como este menino, prenda minha
Que fez desta ilusão prado sem fim.
Se a noite desta tarde se avizinha
Eu quero esta promessa carmesim.

O manto que louvaste, amor insano,
Se fez bem mais distante do que eu quis.
Mas vejo salvo o medo ou salvo engano
Que ainda poderei ser mais feliz

Roçando o belo pasto da esperança
Que salta novamente qual criança...


89

Menino sem juízo, o tal do amor,
Às vezes preparando uma falseta,
Seguindo a direção mais incorreta
Tropeça e sem saber aonde por

Os pés; derruba um pobre sonhador,
Que nele, todo dia se completa,
E tenta sem resposta ser poeta,
Maltratando decerto a frágil flor.

De quando em quando eu sinto que meu erro
Condena o coração a tal desterro
Causando o mais terrível reboliço.

Desculpe se cometo este pecado,
Só posso te dizer: muito obrigado,
Não quero que esta rosa perca o viço!
Marcos Loures


90

Menino que galopa pelos prados,
Montado no cavalo da esperança.
O vento já vem dando os seus recados
Em galhos do arvoredo que balança.

Nas crinas dos cavalos galopados
Os sonhos se perdendo em outra dança.
Mal sabe, este menino, destes fados
Do amor que atingirá em seta e lança.

Exausto, depois disso, sonha a cores
Com dias que virão depois da chuva.
Meninas se prometem, seus amores,

Infância da tormenta anunciada.
Paixão fica na espreita após a curva
Tomando, no galope, toda a estrada...


91

Menino que criou-se lá na roça
Brincando com pião e cabra cega
Deitando numa rede, na palhoça
Jamais numa cidade, em paz, sossega.

Montado num cavalo, na carroça,
Em nada nesse mundo já se apega,
Da dor e da saudade se faz troça,
Do verso que improvisa a sorte prega.

Moleque que se fez quase um matuto,
No cigarro de palha, o companheiro.
Olhar de quem não sabe, sendo astuto,

Cartilha decorei, mas sou matreiro.
Porém por amizade, vou e luto,
Comparsa; na verdade. Um bom mineiro...


92

Menino que cresceu perdeu o rumo,
Não sabe mais sonhar, cadê brinquedo?
Do brilho da alegria resta o medo
Maldita sensação de claro aprumo.

O gosto da maçã esquece o sumo
O dia amanhecendo sempre ledo,
A vida vai tecendo o seu enredo,
Não amo o dia-a-dia, me acostumo.

Olhando o teu sorriso, caro filho
Em pleno viço vejo-te correr,
Sem ter que imaginar qual seja o trilho

Que irás depois de tudo, percorrer.
O amor sem ter descanso, este andarilho,
Apenas sendo puro, dá prazer...


93

Menino que corria no quintal
Em total liberdade mal sabia
Que a roupa que quarava no quintal
Seria quase um símbolo de um dia

Aonde ser feliz era normal,
Brincando desfraldava a fantasia,
Reinando sem limites, bem ou mal,
Os medos, pesadelos, a alegria...

Irmãos, primos e pais, tios avós,
A festa se fazia domingueira,
A vida era divina e companheira.

Depois de tanto tempo e nada após
Sem laços de amizade, um velho só.
Olhando pra criança volta ao pó...


94

Menino que corria entre bandeiras,
Jogando toda a sorte em laço frouxo.
Depois de tantas horas mais certeiras
O passo se tornando roto e coxo.

Menino entre jaqueiras e quintais,
Olhando sob as saias da morena.
Deitando uma esperança nos varais,
No corpo da menina, a vida acena.

Agora se esqueceu desta criança
E morre de ciúmes sem motivos.
No gosto mais suave da lembrança
Os olhos do moleque sempre vivos...

Amor bateu na porta, um mensageiro,
Safado sem juízo, amor primeiro...


95

Menino que brincando em laranjais
Encontra no quintal, na vizinhança
Amor que imaginou não ter jamais
E sente audacioso; uma esperança

De ter amor primeiro, e quer demais
Menina que ao correr, cabelo em trança,
Parece que também se satisfaz
Ao ver neste menino, amor que alcança.

Plantada esta emoção, vai aumentando,
E o tempo nunca cala. Fortalece,
E o doce que da infância não se esquece

Nem mesmo se distante, aonde ou quando,
Germina novamente em primavera,
Valeu, querida amada, tanta espera...
Marcos Loures


96




Menino quando eu ia comungar,
Naquele imenso e sacro ritual,
O Padre, desde a pia batismal,
Jamais pensei poder sacramentar

Destino dos que moram no lugar,
O vento muitas vezes me fez mal,
Mordido pelo medo mais banal,
Sonhando com mil formas de pecar.

Depois, eu fui crescendo e percebi
Que nem toda verdade encontro ali,
Igreja tantas vezes, desabrigo.

Aquela hóstia sagrada, conspurcada
Nas mãos de uma noviça desejada,
No fundo não passava de água e trigo...


97

Menino entre bandeiras e quintais
Jogando fantasias sem requintes,
A vida não bebeu dos carnavais,
Cenário bem diverso do que pintes.

Lembrança se aprofunda e até clareia,
Sei que a culpa é da tal senilidade.
Presente com passado, fina teia,
Na demência que aos poucos toma e invade

A morte é uma questão simples de tempo,
Não tenho mais vigor, fujo da luta,
O amor é mentiroso passatempo,
A voz deste imbecil; ninguém escuta.

O velho coração brinca de pique,
E o barco da existência vai a pique...


98

Menino entre bandeiras e quintais
Jogando fantasias sem requintes,
A vida não bebeu dos carnavais,
Cenário bem diverso do que pintes.

Lembrança se aprofunda e até clareia,
Sei que a culpa é da tal senilidade.
Presente com passado, fina teia,
Na demência que aos poucos toma e invade

A morte é uma questão simples de tempo,
Não tenho mais vigor, fujo da luta,
O amor é mentiroso passatempo,
A voz deste imbecil; ninguém escuta.

O velho coração brinca de pique,
E o barco da existência vai a pique...


99

Menino dos meus erros, berros tolos
Ascendo ao que tentei, não fui feliz.
O barco sem destino, por um triz,
Procura inutilmente veros colos.

Arando em incerteza tantos solos,
Só peço que me impeça a cicatriz.
Riscando o coração lápis e giz
À fórceps assei sonhos, solei bolos.

Um mero navegante em noite escura
Sem cura, sem remédio, persistente.
No cálice das bocas, a ternura,

Salivas são as seivas prediletas.
Às vezes idiota outras demente,
Meus dedos no teclado são poetas?

Marcos Loures


8100


Menina; quando escuto a tua voz
Delícias eu vislumbro: gozo intenso.
Tu sabes quanto em ti, querida, eu penso,
Um sentimento insano; assim, feroz.

Sabendo mais e mais, sempre de nós,
Todas as intempéries; sei e venço,
A cada novo dia eu me convenço,
O meu desejo em ti encontra a foz.

Não posso mais conter este delírio,
Viver sem teus carinhos; um martírio.
Vontade de tocar tua nudez.

E numa incontrolável emoção
Entregue ao teu fascínio e sedução,
Lembrar do amor que à noite, a gente fez...
 
Autor
MARCOSLOURES
 
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