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Corrompido Desejo

 
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Corrompido desejo

Os passos das pessoas à minha volta, a sola dos transeuntes que passam (e que fazem ruído ao passar), que nem reparam em mim, que nem reparam que passam mas que passam (e que fazem ruído ao passar).
Tudo à minha volta parece acelerar, o falar dos clientes da drogaria, o acenar das meninas ao senhor sapateiro, os desconhecidos que abrem a boca e fecham sem nada dizer.
O mundo à minha volta acelera os dias acabam parecendo segundos, as horas que morrem no relógio da cozinha, as musicas que tocam e se repetem na radio!
Subitamente desejo parar o tempo. Fecho os olhos e... os seres que antes circulavam estão agora estáticos, sem um pingo de vida... deambulo eu, pois, procurando não sei o que ao certo. Passo por entre pessoas que fazem a sua rotina matinal na pastelaria "Ferreira", a dona Amélia que sai com o seu cachorrinho (se é que se pode chamar cachorro a tal criatura) à rua, e manda vir com o António dos tectos falsos. A tia Joaquina que ao ver sua irmã solta um riso estridente para dentro de casa. O João que me acena querendo que fique para mais uma farra!
Vou caminhando pelas frias ruas, deste inverno que me assombra. Mais abaixo vejo o rosto da criança, que ao não lhe serem obedecidos seus desejos, se prepara para chorar... Forma estranha esta que o ser humano utiliza para ser ouvido.
A panóplia da chantagem emocional.
Continuo descendo até à praça, onde parados estão, os homens das entregas matinais, que chegam com carne, que chegam com peixe, que chegam com mantimentos para mais um dia da sobrevivência humana. Já à muito que deixamos de cultivar os nossos próprios alimentos, lá vai o tempo em que se tinha que plantar pra colher pra viver. Hoje troca-se uma folha de papel por 3 ou quatro quilos de carne, recebendo em troca dois ou três pedaços redondos de ferro...
Continuo a minha estonteante viagem pelas ruas da vida, ruas em que se fazem vidas, em que se vivem segundos de vidas, em que se vivem gerações e gerações de vidas! Mais adiante vejo os preparos para a maravilhosa dança de talheres que faz com que o ser se alimente, que faz com que desejos se cumpram, que faz com que se alimente gente.
A viagem parece eterna.
Vou caminhando por entre gente, carros parados nas esquinas habituais, carros estacionados, carros estáticos em sinais por entre o transito que se adivinha.

Subitamente ouço um pequeno ruído. Parece aproximar-se! Escondo-me ficando estático como tudo o resto, quando, inesperadamente te vejo, caminhando pelo tempo parado que eu tinha criado...







To be continued...




 
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Diogommalves
 
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