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Amanha demanha

 
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No acreditar de todos os dias saltas da cama para as chinelas velhas.
O corredor é a tua passarela e danças até chegar à cozinha onde te esperam duas torradas semi-queimadas com manteiga.
O café escaldado enrola-se na chávena que é posta à tua frente.

Ainda tens a camisa de seda do natal passado caída sobre o corpo, nada mais, realçam-se os teus contornos.
O jornal em cima da mesa tem mais uma manchete sangrenta que tu nem olhas, nunca olhas, nunca lhe pegas.

Cascas de laranja partidas ao meio, secas da máquina de fazer sumo.
Dás pequenos tragos de passarinho para apreciares até à última vitamina o líquido suculento.

Lento é o sorriso que lanças enquanto a natureza lá fora grita, a janela deixa a brisa entrar e ouve-se o mar lá bem ao fundo.

O contrabalançar dos teus dentes e a comida é a música mais alta da manhã quase tarde.

Os grandes olhos de um profundo tom esverdeado correm a cozinha procurando os restos de mim, não estou.
Saltas da cadeira e apressas-te ao parapeito da varanda, corres a planície azul com o olhar e não enxergas um único suspiro meu.
Sabes que chamar por mim de nada serve, não tenho nome.
As tuas orelhas sentem o chiar da torneira ferrugenta, e a água nas folhas.
Descansas por fim sabendo que estou ali ao lado a tratar do nosso jardim.




Há algum tempo que não envio nada para aqui... no entanto podem visitar os meus trabalhos @ http://diogommalves.deviantart.com

Obrigado
 
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Diogommalves
 
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