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Queda em mim

 
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A palavra, que faz a frase, que faz o verso, que faz a rima, que faz o poema.
O poema que tem um sentido, que tem um significado, que faz um sentimento.
O sentimento que nasce, que cresce, que morre.

Que muda o mundo, que muda um mundo, que cria mundos!

Sai pelo que em outros tempos foi a porta,
Sai pelo que um dia foi teu, nosso, meu
Manda-te para outro lado que não este,
Cai pois nunca mereceste.
Solta essa tua pessoa dentro para dentro de um mar vazio de sentidos
Mostra-te,
Nunca sentirás nada. Nunca serás nada. Nunca nada.

Lanço-me agora do telhado, abro os braços, parecem asas,
Sinto o vento tocar a minha face, sinto a brisa passar por meu cabelo!

Abrir os olhos é difícil neste cair constante, o frio rasga em mim a pele gasta do tempo, as lágrimas caem dos olhos fechados. escorregam pela face em direcção à atmosfera dissipando-se no ar. Agua que jorra dos meus olhos feridos pelas laminas do vento!
Abro os olhos em direcção ao abismo que outrora chamei chão, solto o grito do Grifo preso dentro de mim, deixo ecoar dentro de mim as palavras que disses-te... No canto encontro o menino. O menino que outrora fui! Cresci, vejo hoje o quanto cresci, o quanto vivi, quantas vezes morri, e quantas ainda me faltam morrer!

O Salto foi deslumbrante, parecia o mergulho de um Jogador Olímpico! Ele saltou abriu os braços e desceu. Do sitio onde estava so me lembro de o ver descer, de o ouvir gritar, de ver lágrimas os seus olhos soltar! Foi lindo... O salto para o infinito, para o solo maciço de betão... Imagino quantas janelas ele contou antes de atingir o frio do chão, quantas imagens lhe passaram pela cabeça, quantas memorias conseguiu relembrar, naquele pequeno momento em que voou. Quantas vezes se lembrou de mim? Solto um sorriso e vou apanhar o que restou dele... Desço uns 20 andares... ele foi bem mais rápido! Quando chego vejo já uma pequena multidão de volta do seu corpo sem vida, ainda assim apanho os restos que sobraram! Não deixo de notar, como é óbvio, o horror com que os seres à nossa volta nos fitavam. Vi em alguns umas prováveis convulsões... Lembrei-te pois... Relembrei-te... E guardei-te no meu Canto!




 
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Diogommalves
 
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