Sonetos : 

MEUS SONETOS VOLUME 088

 
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1

Mudando, de repente o seu papel,
Estreito os nossos laços, sem temor.
As nuvens vão dançando em nosso céu,
Traçando este cenário encantador.

Metáforas entranham nossos dias,
Porteiras do meu peito estão abertas,
Além do que mais queres; tu já crias
Desenhos em palavras sábias, certas.

Cirandas espalhadas por estrelas,
Escarpas não impedem nossos passos,
O barco sem destino abrindo as velas,
Ganhando a plenitude dos espaços.

Refletem cada sonho que tivemos,
Fortalecendo assim, os nossos remos...
Marcos Loures


2

Mudando totalmente esta paisagem Eu sigo, cabisbaixo, vida afora,
Mudando totalmente esta paisagem
Eu sigo, cabisbaixo, vida afora,
O tudo que eu queria se demora,
O amor se transformou numa bobagem.

O olhar que desejei, falsa miragem,
O barco sem destino, não ancora,
A velha solidão que nos devora
Sonega desde sempre nova aragem.

Lutar inutilmente. Estou cansado,
Cenário tão agreste, desolado,
Após diversos anos em batalhas.

Sombria madrugada nos cercando,
Meus olhos no vazio estão mirando
Tristezas que ora rondam, frias gralhas.
Marcos Loures


3

Mudando todo o rumo em nossas vidas
Um velho timoneiro não descansa
Enquanto em mar imenso vê saídas,
Exibe a mais sublime confiança.

As cargas devem ser bem dividas
Trazendo a mais completa temperança,
Amor que nos transforma em novos Midas
De toda essa alegria, faz fiança.

A mansa sensação que traz poder,
A dura tempestade que nos toma,
Nos laços bem mais fortes do prazer

Amor é bem querer em rica soma,
Meu verso enamorado, assim, de ti,
Encontra o Xangrilá que em sonhos vi...
Marcos Loures


4

Mudando todo o rumo de uma vida
As tramas desdenhosas da esperança.
Já sei que quem espera nunca alcança
E a sorte há tempos fora decidida.

A sina deve ser sempre cumprida
E nela não encontro uma aliança,
Morrendo mesmo assim, quero a pujança
Deixando para trás a alma perdida.

A chuva vem caindo no telhado,
Trazendo em cada gota o meu passado,
Mostrando quanto é dura a velha trama.

Aos poucos vem chegando aos borbotões
A tempestade faz em furacões
Alagação no peito de quem ama.
Marcos Loures


5

Mudando toda a sorte em um momento
As fases deste amor bebem da lua.
Às vezes diminui, noutras aumento
Porém o sentimento continua.

Nascendo de mansinho em lua nova
Aos poucos como em mágica envolvente
Quanto mais se pensa mais se prova
Até que em outra fase está crescente.

Chegando ao apogeu nada receia
Poeira toma assento noutro instante
A lua que se fez tão plena e cheia
Depois de certo tempo na minguante.

Mas saiba que entre as fases do luar
Eu nunca deixarei de sempre amar...
Marcos Loures


6





Mudando o trivial (arroz/feijão)
Preparas um banquete insuperável.
O amor pra ser sincero e palatável
Procura noutro amor, diapasão...

Por mais que ainda teime, o coração,
É sempre; se sozinho, insuportável,
Viver sem emoção sendo execrável
Aborta sem esterco, muda e grão.

De tantas variantes, água e fogo,
Delírios que encontramos neste jogo
Preparam com carinho a sobremesa.

Talheres estendidos sobre a mesa,
Condimentos picantes e gostosos
Momentos sem igual. Maravilhosos


7

Mudando nossa história, de repente,
Um vento vem chegando de mansinho.
Necessidade mostra o quanto urgente
Cuidarmos com carinho deste ninho

Deixando como herança há tantos anos,
Ao ser que se pensara ser perfeito.
Soberba dominando os soberanos
Matando pouco a pouco e desse jeito

Apenas o vazio sobrevive
À fome insaciável desta fera
Que em nós, tenha a certeza sempre vive
Negando aos nossos filhos, primavera.

Poder ensandecido do dinheiro,
No orgulho que se mostra corriqueiro.
Marcos Loures


8

Mudando em transparência, opaco norte
Recolho as minhas baixas no caminho.
Azar que em minha vida foi consorte
Do reflorestamento ceva espinho

Grileiro da esperança, risos fáceis,
Delitos cometidos, sobretaxas,
Bailando sobre nós estrelas gráceis
Barris em ilusões, velhas cachaças

Não acho o que buscara em cada bar
Na ronda pela vida, num bordejo
Atrelo o meu luar ao teu olhar
Coleto com prazer, fiel desejo.

Amor, qual trombadinha, este pivete
Jogando em nossa vida mais confete...


9

Mudando em temporal, tranqüilidade,
Olhar que me bendiz em fogaréu.
Arcano querubim estende o céu
Tentando transmitir a sobriedade.

Porém amor insano, em liberdade
Indômito e frenético corcel
Galopa em ventania e mesmo ao léu
Espalha sobre nós felicidade...

Geleira que derrete; o amor corsário
Num vôo que se mostra temerário
Vislumbra do infinito este tesouro,

Cigano ao enfrentar mar revoltoso
Estende como rastro o pleno gozo,
Descobre no teu corpo; ancoradouro...
Marcos Loures


10

Mudando em pensamento, o meu porvir
A vida é muitas vezes caprichosa,
Não quero mais falar; quero sentir
Teu corpo em noite clara, maviosa.

No brilho de teus olhos, refletir
A lua que luzindo é fabulosa.
Somente o que me resta é te pedir
Que voltes para mim, bela e fogosa,

Senão esta saudade a maltratar,
Pode, mais depressa, me matar.
Calando em cores gris os belos sóis

Dos olhos de quem amo, a luz persigo,
Vislumbro o que sonhara, está contigo
Meus olhos de teus olhos, girassóis...
Marcos Loures


11

Mudando em calmaria, a tempestade,
Não temo mais sequer a ventania,
Vivendo o nosso amor no dia-a-dia,
Percebo junto a mim, tranqüilidade.

Caminho pelas ruas da cidade,
Encontro a solidão em agonia
Nos laços deste amor que agora invade,
A dor morre deveras tão sombria.

Somando nossos passos pela vida,
Iremos resgatar o que perdemos,
O barco recupera antigos remos,

Tomando esta tristeza de vencida,
Farturas de delícias sobre a mesa,
O amor enfrenta a dura correnteza...
Marcos Loures


12

Mudando do meu céu, todo o matiz,
Eu crio uma fantástica ilusão.
Pensando ser deveras tão feliz,
Encaro com mais força esta explosão

Não temo mais o corte e a cicatriz,
Exponho, destemido, o coração.
Amor vem dominando e já me diz
Do fogo em desvario da paixão.

Acendo o meu cigarro, tiro um trago,
Nos olhos da esperança, quando afago
Espalho os meus caminhos, vou sem medo.

O cheiro do café adentra o quarto,
Do gozo deste amor, eu não me farto,
Descubro a bela fonte e seu segredo...
Marcos Loures


13

Mudando destes ventos, direção
Um flamejante barco ronda a noite
Nos seios da mulher, a sedução
No colo deste sonho, o meu pernoite.

Do quanto a vida fora insânia e treva
O coração apenas um granito,
Amor em precisão prepara e ceva
Um rumo que se mostre mais bonito.

Na boca tão voraz da dura fera
Um grito desumano ronda a casa,
Porém amor refaz a primavera
Incendiando a vida nos abrasa.

Os desencantos rudes, mais atrozes
Calaram já faz tempo nossas vozes...
Marcos Loures


14

Mudando destes ventos, direção,
Entalhes no meu rosto, cicatrizes.
Ao menos recolhendo a solidão,
Os olhos vagam velhas meretrizes.

Durante a madrugada, a negra lua
Vencida pelas nuvens me angustia.
Cadáveres de amores pela rua
A boca escancarada, podre e fria.

Temíveis pesadelos, rota estrada,
Olhares me observando, desapegos.
A fonte feita em sonho ensangüentada
Rondando minha cama, mil morcegos...

Esquálida presença ainda dança
Trazendo em suas mãos, velha esperança...


15

Mudando a face algoz a nos tocar
Uma esperança feita em amizade
Talvez inda consiga transformar,
Trazer a quem deseja a liberdade.

Desértico país que se deixou
Levar pelos carrascos mais temidos,
O céu que em tempestades se nublou,
Mata-borrão sorvendo tais gemidos,

Estampa em ironia, ordem progresso,
Bandeira que jamais foi nossa glória,
Nas artimanhas vis deste Congresso,
A face do poder expõe a escória.

Abutres rapineiros não se cansam,
Enquanto os pés mendigos não descansam...
Marcos Loures


16

Mudando a direção de um triste fado,
Guinando num momento para frente,
Deixando todo o medo no passado,
Promessas de um futuro mais ardente.

Alçando ao infinito em firme brado,
Na força da amizade se pressente
Um mundo mais feliz e iluminado
Que traga um canto belo e tão contente

A força que se mostra, assim perene,
Permite que sejamos mais libertos
Ao enfrentarmos todos os desertos.

Contemplo uma alegria que me acene
Mostrando um novo tempo de viver
Na eternidade imensa de um prazer.


17

Movimentos dos barcos no meu porto,
Parecem com amores que perdi,
Renascendo outros tantos, vivo, morto...
A paz que bebi há muito esqueci...

Sem rumos nem correntes, esmo, torto...
Ressurgem madrugadas, já vivi,
Obsessão, meus navios. Matas, horto,
Tantas vezes pensei estar aqui,

Mas as marés não deixam, sigo a sina
Das algas, sem pousada. Da menina
Que deixei, nem ao menos um sorriso...

Movimento dos barcos, das marés...
Sofrendo por quem sou e por quem és.
Ancorar minha vida, isso preciso...

Marcos Loures


18


Movimento lascivo e tão intenso
Rebola sobre mim, quadris em fogo,
Em túrgidas manobras, fico tenso,
Assim eu participo do teu jogo

Enlaças minhas pernas desde logo
E adentro estas entranhas, recompenso.
No ardume da luxúria então me afogo
Desejos sem limites, me convenço.

Gozar amor perfeito, fendas, rocas,
No mar que vai entrando em belas tocas,
Murmúrios de prazer, roucos gemidos.

Ocupo os teus espaços, viro a mesa,
Depois de toda a festa, a sobremesa
Que roça e convulsiona os meus sentidos...
Marcos Loures


19

Movido por motivo inconfessável
Assombro tua casa, a noite inteira.
Lascivo o meu desejo interminável
Parece até vontade corriqueira
Mas mostra quanto amor é formidável,
Mulher que me domina, feiticeira...

O teu afrodisíaco perfume
Explode com loucura, nas narinas,
Atinjo dentro em ti, do jogo, o cume,
Em jatos, sem pudores me alucinas.
Depois dos nossos gozos, de costumes,
Vagueio em solidão outras esquinas.

Nos óvulos perdidos, tantos filhos
Jogados nas janelas, ruas, trilhos...


20

Motivos pra falar de amor sem fim
Não tive desde que te conheci.
Mordendo em minha boca, sendo assim,
O quanto deseja me esqueci.

Cansado de pastar, deixo o capim
Somente, meu amor, todo pra ti,
Da merda em que nasci, por onde vim,
Chegando noutra bosta, estou aqui.

Ganhar qualquer aposta com a sorte
E ser já condenado então à morte,
É tudo o que garante este namoro

Que mata enquanto lambe e não sacia,
No fundo esta mulher de tão vadia
Desrespeita a moral, cadê decoro?


21

Motivas o soneto que hoje faço.
Manso, doce, pacífico e tão cru...
Tropeço, mergulhando me embaraço.
Desejo simplesmente o corpo nu.

Amada quero a boca, forte laço.
A rosa apodrecida, um abaju
Aceso, descobrindo meu cansaço.
Novas asas partidas, seminu...

Amor traga paixões e despedidas...
Estragando as cantigas, solidão...
Nossas portas fechadas, divididas...

As noites que enluaram o sertão...
Motivas meus sonetos, fomos vidas.
Destrambelhado bate o coração!
Marcos Loures


22

Muito bom ter sabido na viagem
Dos ventos benfazejos que trouxeste
Aliviando o peso da bagagem
Tornando o meu viver menos agreste.

A grácil silhueta desta diva,
Desfila em minha casa semi-nua,
Mirando no horizonte, segue altiva,
Trazendo para a Terra a luz da Lua.

Surgiste na hora certa. Eu não duvido
Que nada valeria sem te ter.
Quem dera se eu pudesse ter sentido
Outrora o que trazes com prazer.

É tarde, minhas mãos tão calejadas
Bem na hora da colheita, espedaçadas...
Marcos Loures


23



Muitas vezes, entregue aos meus tormentos,
Adormeço nos jardins dessa casa.
Sem saber, mergulhando numa brasa.
Procuro me esquecer dos velhos ventos,

Vagas vozes volvendo, ventos lentos,
Todos os totens, tolo o tempo atrasa.
O quanto que procuro se defasa
No jasmim nos jardins dos sofrimentos...

Em mim, nada assim, símio sinto o fim;
E cravo o desagravo dentro em mim.
Nos galhos da roseira sou espinhos...

Nas dálias, peito em tralhas fiz enredo
Desses lírios, delírios, meu segredo
Hibiscos, passarinhos... perco os ninhos...


24



Muitas vezes vencido por tormentos
Deitando nos jardins da velha casa,
Mergulhos, simplesmente numa brasa,
Queimado pelos tristes pensamentos.

Vagas vozes volvendo por momentos,
Tocam os totens. Tolo tempo atrasa,
Tentar sentir, ter sonhos... Nada embasa.
Nas urzes dos jardins, meus sofrimentos...

Sentindo o fim chegando para mim,
Cravando tais agravos, vou assim.
Das roseiras somente sei espinhos.

Das falhas cometidas, meu enredo,
Delírios e martírios vão segredo.
Deitando nos jardins... cadê meus ninhos?


8725

Muitas vezes um sonho ao se mostrar disforme
Arranca em pesadelo os gritos mais medonhos.
A mão que me tortura imensa e tão enorme
Tomando o inconsciente em formatos bisonhos

Avança sobre mim enquanto a rua dorme
E toca com vigor meus olhos tão tristonhos.
Não há, pois, na verdade alguém que se conforme
Ao ver tal heresia invadindo seus sonhos.

Percebo em cada dedo a seta inquiridora
Qual fora o meu pecado o que não se perdoa.
Um grito aterrador pelo meu quarto ecoa

Acordo em sobressalto e vejo a redentora
Presença deste amor. Solidão vai embora
A sudorese cessa... E a noite enfim se escoa...


26



Muitas vezes procuro a liberdade
Que possa permitir um passo além,
Aquele que minha alma não contém,
Estrela a passear pela cidade...

Prosaica sensação: tranqüilidade,
Mineiro coração aguarda o trem
Que um dia com certeza ainda vem,
Singrando Paraísos sem ter grade.

Por mais que se degrade esta esperança
Olhar de um seresteiro com pujança
Espreita a lua plena em raios tantos...

O tempo não descansa e nunca pára,
O verso que se enquadra desampara
E espalha sobre todos, desencantos...


27

Muitas vezes pesadas as palavras...
Estúpido, agredindo a quem tanto amo!
Embora nessas flores, minhas lavras...
Embora tantas vezes eu te chamo...

As palavras escapam e maltratam,
Palavras simplesmente sem desculpa...
As mesmas mãos carinham, mansas tratam,
São que cortam, ferem... Minha culpa!

Muitas vezes errante caminheiro!
Busquei teus passos, soltos no deserto!
Amo-te tanto! É certo e verdadeiro...

Meus dias sem te ter nas caminhadas,
São trágicas feridas, peito aberto!
Não sei por que palavras tão pesadas!
Marcos Loures


28


Muitas vezes deixei de caminhar
Por medo desta pedra pontiaguda.
Depois de me perder e me encontrar
Contei e fui feliz com tua ajuda.

Amiga, te agradeço a cada dia
O fato de eu poder sobreviver.
Se trago algum resquício de alegria
A ti eu reconheço o meu dever.

Somos tantas vezes machucados
Por quem imaginávamos amigo.
Às vezes nos amores, magoados,
Não temos mais ninguém, que dê abrigo.

Mas tive tanta sorte nesta vida,
De ter tua amizade tão querida...


29

Muitas vezes brincaste com, simplesmente
De forma leviana e tão venal.
Uma alma que se faz tão tola e mente
Não deixa nem resquícios no final.
Errante, sem sentidos, tolamente
Se coloca em distante pedestal.

Depois de tanto tempo percebi
O quanto fora estúpido, querida.
Em toda esta alegria que há em ti
O brilho mais sensível desta vida.
Sorriso de menina que perdi
Jogado em algum canto, em despedida.

Nesta amargura insana, o meu caminho,
Trilhado entre mil pedras, tanto espinho...


30

Mostrando quanto o amor se faz capaz,
Eu sigo cada rastro que ele deixa,
Vivendo em sua glória, o bem tenaz,
Não tenho em minha vida, qualquer queixa.

Num ritmo tão frenético, não paro,
Revigorando a força em carrossel.
O medo do destino, vil, amaro,
Esbarra nos teus lábios, fonte, mel.

Não quero mais carpir a solidão,
Tampouco me perder em plena estrada,
Deixando no passado algum senão,
Promessa de sonhar, sendo aguçada

Nos toques mais sutis de corpos nus,
Deixando para trás, o medo e a cruz...
Marcos Loures


31

Mostrando quanto é bom poder te amar
Por tantas vezes tive a rara glória
De ter em minha boca e paladar
O gosto que transcende uma vitória

O fruto que eu julgara inacessível,
Desejo soberano e sem limites
Agora que percebo e sei ser crível
Imploro: meu carinho, não evites.

Seguindo cada passo que tu dás,
Encontro o que almejara a vida inteira.
O quanto em harmonia eu sinto a paz
Imensa e com certeza verdadeira

Transforma totalmente o que eu pensara,
Manhã vai se mostrando bem mais clara...


32

Mostrando o sol intenso, claro e lindo
O amanhecer se fez em magnitude.
Enquanto em raios límpidos surgindo
O dia modifica uma atitude,
Forjando uma esperança em que deslindo
O vento que decerto, o rumo mude.

Colheitas entre frutos, grãos e flores,
Expondo em renascer, toda a riqueza.
Atado pelas mãos dos bons amores,
Eu sinto a força plena da beleza,
O céu traz em mosaicos tantas cores,
Parece que um bom Deus, agora reza.

Altares entre nuvens, olhos belos,
Rolando pelos céus, raros novelos.
Marcos Loures


33

Mostrando o que retrato, sempre o nada,
Minha alma insanamente vai perdida,
Numa expressão cruel e dolorida
A cada novo sonho, a derrocada.

Melodia infernal, agoniada,
Em fumo mais espesso esvaecida
Um mundo solitário, a paz acida
Uma esperança morre, desprezada.

O medo em meu caminho ninguém vê
Andando sem saber sequer porquê
Do quanto que pensei um dia ter

A sorte num momento desabou
Apenas o vazio, o que restou,
Tomando em agonia todo o ser...
Marcos Loures


34


Mostrando o que é sentir felicidade,
Amor já se assenhora de meus versos.
Passando por momentos mais perversos
Das trevas renasceu a claridade.

Agora esta alegria que me invade
Tomando num clarão ganha universos
Em cores e matizes tão diversos
Permitem vislumbrar tranqüilidade.

Adentro num segundo, o raro altar
Aonde amor se fez iluminar
Com rara precisão e magnitude

Aporto ao infinito nos seus braços,
Sorvendo a fantasia em teus abraços
No gozo que se dá farto e amiúde...
Marcos Loures


35

Mostrando o quão amor se faz capaz
De transformar o descaminho em glória
Quem sabe assim ao festejar vitória
Eu saberei desta palavra audaz

O beijo que em desejos satisfaz
Tornando esta emoção mais peremptória
Ao impedir volúpia de vanglória
Permitirá uma era feita em paz.

A lua que se entrega em preamar
Deitando sobre a terra o seu luar
Prateia toda a cena farta em luz.

Quando se faz no nosso amor viagem,
Decerto encontrarei uma ancoragem
Além do que a saudade reproduz...
Marcos Loures


36

Mostrando esta magia que tu tens
A vida em mansidão vem me tomar
Por vezes titubeio, mas tu vens,
E apóias cada passo que eu for dar,

Por mais que o céu se turve em negras nuvens,
Tu trazes emoção no teu olhar,
E assim ao demonstrar sagrados bens,
Tesouros da amizade a nos mostrar

Que o tempo: ser feliz se faz agora,
E a lua emocionada, o céu decora
Caminho mais sublime em que bebemos

Da glória que nos traz supremacia
Vencendo toda forma de agonia,
A chama que em carinhos convertemos.
Marcos Loures


37

Mostrando em paz profunda um raro tema.
A fonte não se esgota e traz de novo,
Veneno tão gostoso quando provo
Uma ambrosia rara, bela gema.

Querida; só te peço: nunca trema,
Senão a gente quebra a casca do ovo
E o verso que sair trazendo estorvo
Decerto causará qualquer problema.

Não quero baboseiras tão românticas,
Nem teorias tolas, meras, quânticas,
Apenas o que sirva ao meu proveito.

Demônios recebidos fui Mefisto,
Sabendo que ao amor nunca resisto,
A sina de ser teu; agora aceito.
Marcos Loures


38

Mostrando ao fim de tudo, falsidade
O tempo não trará nova notícia.
Talvez numa hora calma e mais propícia
A gente possa ter felicidade.

O barco noutra praia não invade
Nem deixa que preveja uma delícia
Nos olhos traiçoeiros, a malícia
Opacificará u’a claridade.

Nem tudo o que reluz traduz-se em ouro
Disfarço nesta busca por tesouro
Sabendo que ao final, nada me resta.

Beirando ao suicídio sigo em frente,
Às vezes vou cativo e penitente
No fundo, nosso amor, eu sei; não presta...


39

Mostrando ao fim da estrada um raro prado
Prossegue a companheira de viagem,
Amar é uma eterna aprendizagem,
Às vezes é melhor ficar calado.

Enfrento a calmaria e mesmo o enfado
Sabendo que virá em nova aragem
O dia desejoso e tão sonhado,
Prazer tendo em teu corpo uma estalagem.

Se díspares buscamos mesmo senso,
Diverso do que queres quando penso,
Procuro coordenar até o fim

Sabendo ser possível a unidade
Vivendo plenamente em amizade,
Encontro aqui, contigo, amor enfim.
Marcos Loures


40

Mostrando a sua bunda na janela
A moça se imagina a mais gostosa.
Coitada da menina berinjela,
Já diz sua vizinha mais vaidosa.

Enquanto em sua bunda ela revela
Inteligência assim, maravilhosa,
Vizinha desbocada vem e sela:
Rainha das estrias anda prosa.

Ao ver esta polêmica questão,
Da melancia ou mesmo do abobrão,
O que vale decerto é o requebrado.

O amor que em abundância já se fez,
Não deve perder nunca a sensatez
Tampouco quebrar sempre o mesmo estrado...
Marcos Loures


41

Mostrando a mais temível derrocada
O vento da ilusão já me deixou,
O tempo ao mesmo instante revoltou
A vida se tornando então, nublada.

Mudando a direção, noutra calçada
Passo titubeante demonstrou
Que nada do que fora ainda sou,
Resumo minha vida em quase nada...

Apenas vou seguindo cada rastro
Legado pelo amor, temível astro
Que trama com sarcasmo tal desgaste.

Encontro nestas sendas, simples marca,
Pegada que esperança ainda abarca
Deixada nos caminhos que trilhaste.
Marcos Loures


42

Mostrado em cada chaga, o fundo corte
Provocado com risos e ironias,
Palavras mensageiras mais vadias,
Fazendo da amargura fim e norte.

Esgares tão diversos dizem morte,
Além do que me verdade não farias,
Amordaçando o sonho, descobrias
O quanto é necessária alguma sorte.

Quilômetros e milhas percorridos,
Ninguém compreenderá tuas mentiras.
Por mais que insanamente tu me firas

Não bastam mais suspiros ou gemidos.
Do cálice que um dia, quis cristal,
Apenas vidro e corte, no final...
Marcos Loures


43


Mostra um firme caminhar
Quem peleja pela sorte,
Enfrentando céus e mar
Desconhece mesmo a morte

E nas ânsias de lutar
Desprezando em brilho o corte,
Entranhando devagar
Emoção que já suporte

Rasga a pele em cada espinho
Pedregulhos jamais teme.
Sem ter nada que o algeme

Acompanhado ou sozinho
Arrebenta uma porteira
Faz a dor ser corriqueira...
Marcos Loures


44

Mostra em glória tamanha nossas danças
A boca que beijando uma fornalha
Ao mesmo tempo morde e me agasalha,
Fundindo dissabor com esperanças

Enquanto noutro tempo ainda tranças,
Eu vejo no final desta batalha
A morte que estendo a cordoalha
Promete noites calmas e mais mansas.

Veria o que não pude desvendar
Nas tramas sem encantos do luar,
Coberto por néons na madrugada.

Arranco as tabuletas, piso a grama,
O fogo que não queima já me inflama
Deixando por final ainda o nada....


45

Mosaico onde demonstro os sentimentos,
Caleidoscópio imenso dentro da alma,
Fazendo de um amor, rosa dos ventos,
Tempestuosa noite já me acalma.

Incêndio das paixões, queimando lento,
A vida não trará, espero, um trauma,
Reflito enquanto a porta eu arrebento,
Quem sabe manterei, assim, a calma.

A barca naufragada da ilusão,
Ancora seus pedaços no meu peito.
O amor jamais serviu de atracação

Ser vil e não saber desta emoção
Que enquanto vai levando do seu jeito,
Explode com certeza, o coração...
Marcos Loures


46

Mosaico feito em braços, arabescos
Em refrigério sonhos que desfilo.
Momentos que enfrentei, dias dantescos
Tormento tão difícil de senti-lo.

Estilos diferentes, mesmo aprumo,
Estio dominando a direção.
Estrídulos distantes, perco o rumo,
Estímulo renova esta estação.

Na ação que tantas vezes eu reclamo,
Monção que assim me inunda, apaixonando.
Menção ao tempo amargo ainda exclamo
Noção do que vivi já destoando.

Andando, o peito aberto, exposto ao vento,
Bebendo o bom licor do sentimento...
Marcos Loures


47

Mosaico de emoções em corpo lasso
De tantas tempestades, neste instante
Buscando bem mais firme cada passo,
Seguindo mesmo assim, prossegue avante
Procuro disfarçar enquanto eu traço
Numa esperança um sonho radiante.

Assomando terrível ,dura fera
Enquanto a mansidão já se perdia,
A solidão algoz, que eu não quisera
Raiando, o caminhar não permitia,
Nas garras tão cruéis desta pantera
Jamais imaginei um novo dia.

Porém; por amizade, abençoado,
Renasço bem mais forte, do passado...


48



Morto de sede neste vasto rio
Por vezes não entendo o meu destino.
Com tantas águas, mágoas vão a fio,
E me desato um ato em desatino.

Alcançaria nuvens mais espessas
Se tantas harmonias fossem preço,
Que pago por viver sempre às avessas
Minha alma não se muda de endereço.

Na fome desse amor já me mantenho
Embora nunca saiba da verdade,
Na sede desse amor já me sustenho,
E nunca mais pretensa essa saudade.

Amor que sempre foi meu preferido,
Jamais será na vida, preterido...


49

Mortalhas que vesti são meus delírios,
Os prados que visito são falsários...
No fundo o que resta são martírios,
Tal qual corvo imitando estes canários.

Amores nunca foram bons colírios,
São males, com certeza, necessários,
Nas velhas procissões, derrubam círios,
Guardando a poesia em seus armários.

Degelo da esperança em pleno inverno,
Mormaço transformado em lava, inferno,
Virando as nossas vidas pelo avesso.

Será que inda teria alguma chance?
Sem ter uma palavra que afiança,
Teimoso, nova história eu recomeço...
Marcos Loures



8750

Mortalhas que carrego pela vida
No luto que eternizo em gozo pleno.
A carne que dourara, apodrecida
Promete após a morte um canto ameno.

Minha alma eviscerada vai perdida
Envolta em armadilhas, no veneno
De quem em ironia deu partida
Ao fim que necessito em manso aceno.

Nas tênues brumas vejo o teu olhar,
Crotálica mulher que se fez minha.
Molambo que hoje sou, ledo caminha

Aguarda este verdugo a trucidar.
Amores gargalhando com sarcasmo
Explodem; derradeiros, num orgasmo...


51

Mortalhas que vesti são meus delírios,
Os prados que visito são falsários...
No fundo o que resta são martírios,
Tal qual corvo imitando estes canários.

Amores nunca foram bons colírios,
São males, com certeza, necessários,
Nas velhas procissões, derrubam círios,
Guardando a poesia em seus armários.

Degelo da esperança em pleno inverno,
Mormaço transformado em lava, inferno,
Virando as nossas vidas pelo avesso.

Será que inda teria alguma chance?
Sem ter uma palavra que afiança,
Teimoso, nova história eu recomeço...
Marcos Loures


52


Mortalha que teceste, violeta,
Rasgando em garras frias, coração.
Apenas me restando a solidão,
Que um dia voltará como um cometa.

As ilusões se foram, incompleta
A vida não passou de uma emoção
Jogada na lixeira, resta o não
Palavra mais ouvida, fina seta.

Agora em meus caminhos, um deserto,
No vento da tristeza, amargurado.
O passo que não dei com peito aberto

Encontra na agonia, um ledo trilho.
Futuro eu não terei, morto o passado,
A mãe desilusão beijando o filho...



53

Mortalha abandonada em preamar
Jogada em plena areia, vai e volta.
Numa onda interminável viajar
Na imensidão do mar, noite revolta.

Estrelas espiando este cenário
Das dores entranhadas numa praia.
No canto tão amargo e solitário
A morte se aproxima e de tocaia

Espera um derradeiro brado agônico
Carcome uma esperança relutante.
A voz vai se perdendo e quase afônico
Esperança se esvai no mesmo instante.

Agora que não restam ilusões
Dominam, tal cenário, as solidões...
Marcos Loures


54


Mortalha a recobrir sela o segredo
Carregando os espectros dos meus sonhos.
O vento balançando um arvoredo
Em ritos, tramas, gritos mais medonhos

Assisto ao funeral da fantasia
Estendo os meus escombros nas calçadas.
A morte em noite negra quer e guia
Imagens de esperanças destroçadas.

Nós somos o que resta, nada mais.
A carne putrefeita em labaredas,
Resquícios estendidos nos varais
Vagando quais zumbis por alamedas

As almas passeando num zoológico,
Resumos de nós mesmos, necrológico.


55

Morreu? Bem, na verdade, mora aqui
O amor que escorraçaste a vida inteira.
Depois de ter passado o que perdi
Veredas encontrei, nova ribeira

O quanto que desejo e vejo em ti
Deixando assim de lado ainda cheira
E veste o coração que agora abri
Usando uma emoção como bandeira.

Moleque, o tal do amor já não sossega,
Adorna com espinhos os florais
E muda os meus enredos num segundo.

A cola nesta rede toma pega,
Amamos sobre pedras e jornais,
Nas tramas deste insano eu me aprofundo...


56

Morreste numa cruz, pobre judeu,
Depois de torturado feito um cão;
Parece que isto tudo foi em vão,
Caminho? A humanidade já perdeu.

Melhor se o mundo fosse então ateu;
Canalha travestido em sacristão
Vendendo cada gota de perdão,
Inferno está na moda, no apogeu.

Político safado e picareta
É quase um pleonasmo, com certeza,
O povo se vendendo pro capeta,

Fazendo do Teu templo um lupanar,
Lutando contra a forte correnteza,
Quem sabe possa enfim, te reencontrar...


57

Morreram em cruéis desilusões
As pétreas esperanças, fatais erros,
Do quanto foram luzes, emoções
Morrendo dentro em mim, frios desterros.

Ardumes me tomando olhar tão rubro,
Especiarias tive e não cuidei,
Agora em solidão eu me descubro,
Amarga sensação que eu entranhei.

A carne decomposta, nauseante
Aroma que se espalha pelas ruas,
Tivesse em pleno amor algum instante
Minha alma navegando em claras luas.

Mas resta tão somente o riso inglório
Irônico festejo em meu velório...
Marcos Loures


58

Mostrou que fui somente um passatempo
O riso em ironia da pantera
Que quer ou não serviu de contratempo
Causando cruel seca em primavera

Tempera a minha vida numa espreita
Tapera que se fez outrora casa.
Na lua que se entorna enquanto deita
Eu sinto o coração loução em brasa.

Loções que se aspergiram giram mundo,
As soluções somente foram chistes
O beijo em que se dá por um segundo
Imunda sensação de olhares tristes.

Depois que se passou este tormento,
Eu sinto a brisa mansa, em calmo vento


59

Mostrou o que é, em verdade, um grande amor
O riso alucinante, sem motivos
Aparentes. Do amor somos cativos,
Nos elos deste sol libertador.

Um novo amanhecer a se compor
Trazendo para a vida os aditivos
Que possam nos manter em glória vivos
Fomentos deste bem encantador.

Porém quando lembramos de outros dias
Distantes de emoções e fantasias
A dor residual vem e se acena,

Bebendo desta fonte tão salobra
Na trama que infeliz, já se desdobra,
O vento do passado inda envenena.
Marcos Loures


60

Mostrou algum resquício de esperança
O olhar tão carinhoso que me toca,
Palavra em mansidão já desemboca
Nas fozes que o amor, em paz alcança.

Trazendo num momento a confiança
Que tantas vezes quis em minha boca
Num beijo solitário, a vida enfoca
A possibilidade de aliança.

E mesmo neste inverno que inda trago
O toque tão suave e quase mago
Das mãos que se procuram e se aquecem.

Tu tens a redenção, esteja certa,
Amor se aproximando, num alerta
Expressa as fantasias que se tecem...
Marcos Loures


61

Mostrando, gloriosa, a nossa sina
A mão de uma mulher iluminada
Nos olhos de quem traz diamantina
Ternura e que se mostra dedicada,

Eterna sensação de ser menina,
Sonhando com castelo, reis e fada,
A boca delicada me alucina
E pede, sem saber pra ser beijada.

A moça se transforma num vulcão
Causando no meu peito uma erupção
Moldando uma alegria, assim, sem par.

Sentindo em nossa vida mansa aragem
O sol tomando em brilho a paisagem
Cenário em alegria a nos tomar...
Marcos Loures


62

Mostrando um novo encanto num instante
Uma ilusão se faz sublime e forte,
Cicatriza a ferida e cura o corte
E traz altivo porte, triunfante.

Com passos bem mais firmes, elegante
A vida mudaria toda a sorte,
Porém sem ter um cais aonde aporte
O barco vai sem rumo em mar distante.

Não quero mais mentiras e nem sonhos,
Meus ritos são doridos e tristonhos,
Não tendo a mão amiga e verdadeira.

Futuro desde agora decidido,
Não quero andar sozinho ou iludido,
Quem ama, na verdade traz bandeira.
Marcos Loures


63


Mostrando um cais seguro onde aportar
Depois de navegar sem segurança.
Agora quando encontro uma esperança
Estendo minhas mãos para o luar

E venho, mansamente dedicar
Um sonho mais gentil que já me alcança
Promessa de ser livre, em aliança
Com quem eu escolhi para adorar.

Castigos? Não mais temo, sem pecados,
Recebo de teus olhos os recados
E vejo: poderei seguir em paz.

Quem fora tão somente um sonho triste
Ao ver uma alegria não desiste,
Somente teu amor me satisfaz!


64

Mostrando que é possível ser feliz
Estendo uma esperança na varanda.
A sorte benfazeja já condiz
Com toda esta alegria que comanda

O sonho de um eterno trovador
Enamorado ser que não se cansa
De sempre revelar o bem do amor
Trazendo a vida calma e sempre mansa.

Por isso, num repente eu tanto falo
Do quanto necessito deste bem.
Eu quero ser cativo, e teu vassalo
Sabendo quando o sonho, agora tem

De uma realidade promissora
Vivendo toda a sorte desde agora.
Marcos Loures


65


Mostrando que amizade é nosso trilho
Vencendo toda a dor, quimera e fado,
Não vejo mais sequer um empecilho
Que impeça nosso passo sempre dado

Com força onde me apego e maravilho,
Atrás de um dia claro, assim, dourado,
O mundo redobrando cada brilho,
Deixando para trás todo o passado.

Somamos nossas forças, vamos juntos,
Na clara sensação de amor sincero,
Amiga, nós sabemos tais assuntos

Aonde transformar o que mais quero,
Seguindo par a par, sempre contigo,
Desfilo nos teus olhos, meu abrigo...


66


Morena tão sacana e safadinha,
Eu quero desfrutar de cada gozo,
Pelado procurando a peladinha,
Entrando num buraco tão gostoso;
Sacana, vou lambendo a meladinha,
Amor que a gente faz, maravilhoso.

Tacape vai entrando no escurinho
E sente estremecer qual um vulcão,
Prometo colocar devagarinho,
Até chegar gostosa inundação.
Eu quero que tu bebas bem quentinho
Enquanto vou bebendo o meu quinhão.

A gente na divina sacanagem,
Repete toda noite esta viagem...


67

Morena tão gostosa dos meus sonhos...
Eu quero desfrutar desta loucura
Delitos mais audazes e risonhos,
Na caça em que se faz nossa procura.

Sereia tão divina do meu mar
Teu canto me chamando para a festa,
Vontade de contigo namorar
O tempo desta vida que me resta...

Menina tão amada e mais querida,
Contente por ser teu e seres minha,
Do labirinto encontro esta saída
Direta pro teu leito de rainha.

E assim caminharemos gozo e canto,
No mundo que sonhamos, tanto encanto...


68



Morena sensual que sei sapeca,
Uma açucena rara,a tão bonita.
Bem sei que quando amável logo peca,
Meu coração tristonho já se agita.

É carne maviosa, uma bisteca,
Rebrilha nos meus olhos, qual pepita.
A fonte dos desejos logo seca,
Morena delicada, laços, fita...

Mas vejo que este amor não tem futuro,
Embora na morena, um bom perfume,
Ser enganado assim, querida, é duro.

Por isso estou alerta, aberto um olho,
Morena tão gostosa... meu ciúme,
Há muito coloquei barbas de molho!
Marcos Loures


69

Morena se fez vítima de quem
Vivera só por ela o tempo inteiro,
Agora em meu caminho sem ninguém
Apenas no vazio, um companheiro.

A vida me negando o que ela tem
De mais bonito e tão alvissareiro,
Quem dera se eu tivesse noutro alguém
Amor que necessito, verdadeiro...

Não vejo e nem temo a claridade
Apenas não consigo mais seguir
Meu rumo com total tranqüilidade

Por isso, minha amiga eu vou pedir
Um pouco de carinho e de amizade,
Senão não posso nunca prosseguir...
Marcos Loures


70


Morena quero estar junto contigo
No frio que este inverno nos promete,
Nas cores deste outono, o teu abrigo
Ao sonho mais feliz, cedo remete.
Em primavera bela assim prossigo,
O amor que a gente faz, sempre repete...

Estou atado a ti, não mais duvido,
Amor é nosso guia e companheiro,
Não deixo o sentimento num olvido,
Te quero aqui comigo, o tempo inteiro.
Eu te amo em cada passo decidido,
Amor em pleno mar, nosso veleiro...

Estamos para sempre, aprisionados,
Nos laços deste sonho, apaixonados....


71

Morena que não pude namorar,
Na praça das canoas vida mansa.
Morando sem demora de passar,
Carpina campineira, a dama dança

Amor amora morta vem morar
Na manjedoura, doura e não alcança
A vela que me leva leve o mar,
A praça que me embaça trava a lança.

Nas curvas que choveste me disponho,
Pagarei para ver se virá vera
Nada mais misturando mares ponho.

Ferida à derivar a velha dera,
Se nunca mais serei nunca mais é,
A vela que me leva, vai maré...


72


Morena que encontrei no Maranhão,
Deixando o coração em alegria,
Viajo tantas horas no sertão
Na busca deste amor que eu bem queria

A cachoeira desce em borbotão
Molhando minha pele em água fria
Nos olhos de quem amo a sensação
Da vida que em delícias se fazia.

Descendo pela estrada no meu carro,
Acendo mais nervoso outro cigarro,
O tempo de teimoso já não passa.

Vontade de beijar a tua boca,
Paixão alucinante me treslouca,
Teu rosto, uma miragem na fumaça....
Marcos Loures


73

Morena quando passa pela rua
Desfilas tal desejo em cada passo,
As coxas tão roliças, semi-nua
Meus olhos te seguindo, traço a traço...

Ah! Quem me dera estar num lago azul
Beijando a minha Iara, sob o sol,
No corpo de Iracema, brônzeo, nu,
Enfeitiçado como um girassol...

Vibrando de vontade da morena
Que passa tão depressa e nem me vê,
Guardando na retina a bela cena,
Procuro-te ao meu lado, mas cadê?

Na graça da morena, enfeitiçado,
Acordo e ninguém vejo aqui do lado...


74

Morena eu te queria aqui bem perto,
Eu sei que não é fácil conseguir.
Criaram entre nós mais que um deserto
Difícil, mas eu quero prosseguir...

São tantos os percalços, eu bem sei,
Mas nada vai deixar; amor que eu lute
Por tudo que mais quero e quererei,
Por isso, vem comigo e não relute.

A fruta proibida? A mais gostosa
Embora tenha a cerca a proteger,
Roubei neste canteiro a bela rosa,
Querida, p’ra te dar e convencer.

Tu és deste rosal a desejada,
Bem sei que a proibida... Mais amada!
Marcos Loures


8775

Morena balançando o meu coreto
Quebrando com certeza a sapucaia,
Carinho em profusão eu te prometo
Mas venha assim logo a noite caia.

Eu quero esconderijo predileto
Tu sabes que é debaixo desta saia.
Garanto que o jantar será completo
Dos corpos que caíram na gandaia.

Eu quero me embrenhar em teus cabelos
Fazer de nossas pernas mil novelos
E assim a noite inteira sem descanso.

Dançando este xaxado a noite inteira
Agarro na cintura, companheira
Garanto na verdade que sou manso...


76

Morena ao molho pardo, um gosto genial.
Depois de certo tempo, eu sei que isto fascina,
A boca desejada, o ciclo menstrual
Não tendo na verdade, alguém que me domina

Mergulho no teu corpo a trama sensual
E bebo gota a gota, o jeito da menina
Que traz no paraíso um gosto especial
Na rubra serventia, o quanto determina...

Não deixo de querer tampouco de buscar
O nosso bel prazer em lua, céu e mar,
Mas vejo que esta lua, a deusa avermelhada

Deitando bela e nua envolta nos lençóis,
Na flama que irradia, uma explosões de sóis,
Tornando a nossa noite, assim, ruborizada...


77

Mordisco tua orelha, de mansinho,
Nos lóbulos, delícias delicias...
Aos poucos esculpindo do carinho,
A sensação divina em que vicias...

Neste elixir suave que produzes,
Convites ao mergulho caloroso.
Teus olhos rebrilhando em tontas luzes,
Aguardam explosão louca do gozo.

Vassalo de teus sonhos ansiados,
Por tanto tempo espero esse pecado.
Teus mares-maravilha, navegados,
Mergulho no oceano, naufragado...

Não quero mais sair desta tua ilha
Onde o sol, natureza, sempre brilha...


78


Mordendo minha carne, tara e fome,
Devoras cada parte dos meus dias
No fogo que me ateias se consome
Este prazer em gozo, em agonias...

Depois de certo tempo vai e some,
Transtorna minha vida. Fantasias
Delírios e vontades. Tanto come
Quanto me retribuis em alegrias...

Espaços penetrados, marcas, dentes,
Os olhos se reviram, entontecem,
Amores se tornando mais urgentes,

Rondando cada parte, corpo à vista,
Na nudez dois caminhos se conhecem;
Fazendo com que a noite não resista.


79

Mordazes sensações, profundas chagas
Mostradas entre sorrisos e carícias...
Resquícios de distantes, outras plagas,
Misturam mansidão, gozos, malícias.
Ferina, mostra os dentes e me afagas,
Palavras carinhosas são fictícias...

Mas cedo ao teu feitiço e fico aqui,
Tal qual presa esperando pelo bote.
A faca que escondida, guarda em ti,
Quebrado há tanto tempo, mel e pote,
Nos olhos viperinos sempre li
Não tenho mais defesa que rebote

Os mórbidos momentos, noite e dia...
Mordazes refletores da agonia...


80

Morava num palácio esta princesa
Que um dia se tomou em fantasia
E quase se perdeu numa tristeza
Matando o seu amor, uma alegria...

Depois ao se encontrar sozinha um dia,
Sem ter mais esperanças, mas vaidosa
Rasgou o seu silêncio e me pedia;
De novo cultivasse aquela rosa

Regada com amor, neste jardim;
Porém tanta tristeza condenava
Pobre rosa a morrer antes do fim,
Bem antes do que dela se esperava.

A rosa em sacrifício se entregou,
Princesa descuidada, nem notou...


81

Morar na roça tem suas vantagens.
A lua em plenilúnio, magistral,
O galo anunciando no quintal
O dia que trará novas aragens,

Ao longe, no horizonte as paisagens,
Canto espetacular de um madrigal,
O vento balançando o milharal,
O feijoeiro expondo verdes vagens.

A broa de fubá; num belo ninho
O encanto de um sublime passarinho,
E o cheiro inebriante do café.

Mugido no curral, bezerro e vaca.
Mas também tem cupim e jararaca
E a maldita formiga lava-pé...


82

Moral quatrocentona é um absurdo,
Não posso com a podre burguesia,
Tampouco ficarei calado ou surdo,
Enquanto houver somente hipocrisia.

Não quero ser nem turco ou mesmo curdo,
Julgando esta moral bijuteria,
Apenas tão somente daqui urdo
O gozo que perfeito me sacia.

Prazer jamais trará felicidade!
Eu sei da diferença; um mundo harmônico
Nunca se disfarçou em tolo hedônico,

Mas não vejo nenhum mal quando o sexo
É feito com carinho, e sem complexo,
Não posso me calar defronte à grade.



83

Amor que me tortura e não revela
A noite que não temos, morre fria.
Aquela estrela brilha pois é dela,
A mão que me carinha vai vazia.

A sombra de teus olhos é tão bela.
A lua que me trazes, fantasia.
O tempo que passaste, na janela,
Não viste nem sequer raiar o dia...

Carolina menina que me mata
Meu mote que se perde sem refrão.
Calada tua voz já me maltrata

A vida sem teus braços, vai passando...
Quem dera um doce alento ao coração.
Príncipe no ultra leve foi... Voando...
Marcos Loures


84

Montanhas, cordilheiras, os condores
Voando livres, levam suas alas
Por tantas terras, Andes, casas, salas...
Nas asas dos condores, meus amores...

Nas selvas, pantanais, matas e flores...
Zunindo meus ouvidos travam balas,
As mortes nas conquistas tristes, calas...
O cheiro dessa terra, seu olores,

A lhama que sustenta tua fome.
A prata que roubaram, ouro e vidas...
Quando te vejo, paro, tudo some...

As marcas indeléveis, te sangraram...
Marcando pouco a pouco, essas feridas
Que trazes simbolizam: te roubaram...

As luas são mais belas nos teus mares,
As terras que invadiram, dividias...
Mãe serena, mancharam teus luares!


85


Montando o teu cavalo, nu em pelo,
Na noite em cavalgada, sou corcel.
Sentindo-te ofegante, em louco apelo,
Voando sem ter asas, ganho o céu.

Matando o que se fora pesadelo,
Bebendo cada gota deste mel,
Envolvo teus cabelos, meu novelo,
Apenas te recubro, braço e véu.

Usando a montaria com tal arte
Que faz com que eu delire e te ganhe
Na brasa deste sonho a desejar-te.

Por vales e montanhas infinitas,
As costas te pedindo que me lanhe,
Com garras afiadas. Caço as criptas...


86


Montando no meu jegue por aí,
Apenas nesta vida mais um Zé
Agora finalmente eu descobri
Um jeito bem melhor, andar a pé.

Não fosse este maldito do chulé
A moça que eu sonhava e que perdi
Ainda misturava com ralé,
Aonde é que se esconde? Nem a vi.

O mar que me navega, o do Paulinho,
O moço que em viola ou cavaquinho
Faz rimas tão gostosa de se ouvir,

Mergulha no teu braço amorenado,
E diz ao coração descompassado
Que o bom ainda está sempre por vir...



87

Montado no meu Pégaso, esperança
Sonhando com teu corpo. Vê se encosta
Que a vida se promete em nova dança.
Amar a quem da gente se desgosta
É sofrimento imenso. A noite avança
E a cabeça no meu peito... vem, recosta...

Assim posso chegar até sonhar
Com céu deveras claro, meu amor.
Bem sei que tanto quis o teu luar,
E há tempos que eu espero, sem calor.
Mas veja como é bom poder amar,
Compartilhar perfume em cada flor.

Quem sabe assim tu saibas como é bom,
Voltarmos a vibrar, tom sobre tom...


88

Montado no cavalo da ilusão
Entrando em teu castelo, em teu destino,
Recebo a baforada da emoção
Ao ver-te ali deitada, me alucino!

Vencendo, do castelo, estas defesas,
Invadindo teu quarto, nos umbrais,
Nas formas tão sutis delicadezas,
Desnudo-te no olhar e encontro a paz.

Princesa adormecida, te encontrei,
E quero me entregar aos teus delírios,
No leito da princesa, hoje sou rei,
Nossas batalhas nunca têm martírios.

Cavalgas mansamente teu corcel,
E loucos, nossos sonhos vão ao céu!

Marcos Loures


89

Montado no cavalo da esperança
Voando por espaços tão diversos
O coração moleque da criança
Espalha em seu caminho, risos versos.

Além da poesia, o vento alcança
No colo desta serra, os universos
O sonhador carrega suas lanças
Colhendo os astros tontos e dispersos.

Perversos descaminhos esquecidos
Entre estrelas, arreios e gemidos
A boca da manhã devora o sonho.

Assim, dois andarilhos que se tocam
Dois rios que em mil mares desembocam
Tornando o Paraíso mais risonho...
Marcos Loures


90

Montado em meu corcel, o pensamento,
Voando por espaços mais distintos,
Não quero sossegar um só momento,
Perdido em meus reinados sei que extintos.

Bebendo esta saudade como o vento
Guardados da memória ,mais retintos.
Montado em meu corcel, um sentimento
Forjado nos meus olhos, céus tão tintos.

Mulher, uma amazona da esperança
Que traz uma paixão quase inconteste.
A lua que se pôs, não é tão mansa,

A fúria tão intensa nada aplaca,
Na prata dos teus olhos, bela veste,
No peito me cravaste amor estaca..


91

Montado em meu cavalo,o pensamento,
Vagando pelos campos sem destino.
Distante das angústias e tormento
Além do que sonhei ou imagino.

No doce galopar deste momento,
Morena que embalava este menino,
Fazendo meu terreiro, sentimento,
Cabendo em cada canto, em ti me afino.

Da antiga namorada, belos seios.
Em nova sensação tu me revelas.
Cavalo se perdeu sequer arreios,

Galopas noite afora, sem cansaço.
Deitando sobre mim, sequer as selas;
Depois nos entregamos, num abraço...


92

Morrer sem ter vivido plenamente,
Não deixarei sequer sombra ou saudade,
Fantasma andando a esmo na cidade
Uma alma sonhadora e penitente...

Do amor colecionei gaiola e grade,
O quanto que te amei tão tolamente,
Apenas o vazio se pressente;
Na cova enfim terei tranqüilidade...

“Jazigo da esperança” me chamaste,
Um poeta do amor? Torpe contraste
Com esta realidade que apresento

Num verso derradeiro exponho a face,
Por mais que a fantasia, tola embace
Aos poucos decomposto, em fogo lento...
Marcos Loures


93

Morrer num mar de amor que vai e vem,
Em ondas toca a areia, beija a praia.
Depois de tanto tempo sem ninguém,
No encanto de teus olhos, sol se espraia

E muda a direção. Sigo também
O balançar sutil de tua saia,
A força que este encanto agora tem
Tomando este cenário, nunca saia.

E volte a cada noite em fantasia,
Nas águas do oceano do desejo.
Além do que pensara ou que prevejo

Um sonho interminável que se cria.
Fazendo da alegria o seu refrão,
Morrer num mar de amor, doce ilusão...


94


Morrer no nascedouro? Desencanto.
O amor não deve ser arma letal,
Nem mesmo ter a dor por ritual,
Se à noite fizer frio, és o meu manto.

Não quero adivinhar se houve quebranto,
Se quis arquibancada, na geral
Na lauta refeição faltando o sal
Deveras provocando medo e espanto.

Logrando melhor sorte; eu quis amor
Sem ter o que tirar, tampouco pôr,
Talvez tenha chegado por osmose.

No quadro desbotado da lembrança.
O terno coração mata a criança
Bem antes que o futuro veja e goze...


95

Morrer na juventude, em minha aurora,
Sem ter satisfação de ter vivido.
Amor por tanto tempo comovido
Permite que se chegue essa triste hora.

Não posso resistir, minha alma implora,
Ao tempo que não cabe, dividido,
O beijo que te dei, já vai partido.
Minha alma sem sossego, não demora.

Não quero conhecer o Paraíso
Sem ter que revelar o que preciso.
É como não haver sequer a sorte.

A dor responde sempre que não deixa
Amor cariciando uma madeixa
Dos cabelos terríveis dessa morte.
Marcos Loures


96

Morrer do amor intenso e sem juízo
Qual fora um byroniano pós moderno;
Jamais eu arcarei co’o prejuízo
Em mangas de camisa, esqueço o terno.

Se em nuvens, vem em quando ainda piso,
Na crua realidade eu já me interno
A morte chegará sem dar aviso,
Mas não farei da vida um pleno inferno.

Não morrerei do amor; pois nele vivo,
Por mais que seja assim, convidativo
Falar com verve estúpida e imbecil

Lirismo? Meu amigo! Paciência...
Não cumpro por viver tal penitência
Meu verso abandonando o velho ardil...


97

Morrer depois de ter uma alegria
Fingida, mas decerto alentadora.
Sonho que se foi sem ter demora
Deixando como herdeira, esta agonia.

Ouvir a voz que insólita dizia
Do quanto a fantasia revigora,
Porém quando esperança vai embora
A noite, sem suporte já se esfria...

Eu quis amar, um erro que eu admito,
Quisera que em minha alma, aço e granito
Talvez eu não sofresse tanto assim.

Romântico poeta, um sonhador,
Bebendo desta fonte feita em dor,
Eu vejo aqui tão próximo, meu fim..
Marcos Loures


98

Morrendo sem ter flores, jardineiros
Dos sonhos delicados, seguem vãos,
Pudessem semear sublimes grãos
Com toda precisão em seus canteiros.

Espinhos entranhando em suas mãos,
Os cortes mais profundos; derradeiros,
Matando os ideais puros, cristãos,
Das trevas e dos medos, são ceifeiros...

Invernos se sucedem dia-a-dia,
Granizos, neves, temporais diversos.
Nas estéreis paisagens vão imersos

Os sonhos. Quando a noite vã se esfria
Apenas o lamento feito em dor,
Vazias mãos de um velho lavrador...
Marcos Loures


99

Morrendo pouco a pouco; faca em riste
O corte se aprofunda em minha pleura.
O quanto de esperança ainda existe
Gerando a solidão; qual fora neura.

Ao ver a garatuja num espelho
Colhendo os cacarecos do que fui
Ao fardo que carrego me assemelho
Enquanto o que passara ainda flui

Expondo os meus resíduos; sigo em frente
E mesmo assim não posso mais sonhar
O quanto que viver faz continente
Daquilo que pensei pudesse mar.

Não vejo outro cenário senão este.
O fim das ilusões que tu me deste.


8800

Morrendo abandonada, amarga e triste
Quem fora solidão se leva ao léu.
De um pássaro esse amor se fez alpiste
Permite que se eleve e ganhe o céu.

A par desta vontade não me esqueço
Do quanto ser feliz é meu destino.
A vida muitas vezes cobra um preço
Maior que pensara ou imagino.

Talvez inda consiga transformar
Em parto o que se fez cruel aborto.
Entranho o pensamento, ganho o mar,
Só falta estar contigo, ter meu porto.

A porta em fantasias segue aberta
Enquanto amor deveras me desperta.
 
Autor
MARCOSLOURES
 
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