Deitado ao chão gélido e duro
Olhando não se sabe para onde
Talvez admirando o escuro
Da sombra que se esconde.
Morcegos voam ao vazio
Relógios derretem ao vento
E do fundo do poço sai o frio
Com o grito do sofrimento.
Anjos sem asas
Deformados e sanguinolentos
Nadam em um mar de brasa
E bebem veneno.
O sol é azul e frio
A lua é o negrume da tarde
As estrelas não são o fascínio
São o bucólico covarde.
As rosas são violetas
E os lírios são indelicados
A tristeza é a borboleta
Que pousa sobre o pecado.
O mundo é preto e branco
As avenidas são mortas
As árvores não têm balanço
A faca não, mais, corta.
A água não é molhada,
É mais seca do que o deserto,
Não é fria como a madrugada,
É o triste futuro incerto.
As nuvens são densas
São escuras e imensas,
Distantes e horrendas.
E voltando a verdade
Os olhos são o rompimento
Do mundo da realidade
Com o mundo do pensamento.
Acho que estou apaixonada pela minha tristeza....