Faróis distantes, 
De luz subitamente tão acesa, 
De noite e ausência tão rapidamente volvida, 
Na noite, no convés, que conseqüências aflitas! 
Mágoa última dos despedidos, 
Ficção de pensar ... 
Faróis distantes... 
Incerteza da vida... 
Voltou crescendo a luz acesa avançadamente, 
No acaso do olhar perdido... 
Faróis distantes... 
A vida de nada serve... 
Pensar na vida de nada serve... 
Pensar de pensar na vida de nada serve... 
Vamos para longe e a luz que vem grande vem menos grande.
                
        
                Fernado Pessoa, In: Poesia de Álvaro de Campos.