Poemas : 

A carne

 
O sofrer na carne espinhos!
O cair no silêncio dos mortos!
Os mortos já nem a carne sentem,
Por ela morrem todos os dias!
Que ter carne é acreditar!

No que no que os olhos não vêm (mas a alma presente!)
No que a mente repete, mas sem saber o porquê!
Porque a razão é da carne e não da mente!

Que a carne é podre mas a mente aleijada!
É podre antes de se fazer!
Porque a vida a isso obriga!
Nas contendas sem fim,
Ser contrário á natureza
E falar um sim, quando devia ser não!
E a carne apodrece
Porque a mente se esquece!

O valor da razão
Se é pecado crer na vida
É ir um pouco mais além!
Nas agruras da vida amolecer,
Deixar-se ser mais “homem”
Viver-se por viver!
É como ter de viver só no meio de tanta gente,
Repetir noites acordadas conversas com alguém!
Chorar arrepios de morte! Nos pesadelos da carne!
No azeite adoçar esta alma,
Que não quero morrer sem poder sentir!

Acender a vela à carne velha e confusa,
Aquecer-lhe a mente nos boatos estúpidos,
Ressuscitar o sino da aldeia,
Que apodrece faz décadas!
Lavá-lo nas lágrimas de tantos,
Caídas no peito de alguém!
Fazê-lo gritar novamente,
Nos olhos da carne ver também!
O sopro alegre do anjo da guarda,
Querendo o meu bem!
Ele me aquece a carne!
Me dá o leite quente da ressurreição!
Me embala pacientemente no discernimento!
Me ensina a voltar dizer sim!
A sorrir de satisfação!
Me entrega, por fim, uma vela!
Onde diz o meu nome!
Que eu devo segurar! E juntinho ao peito lhe rezar!
Para não cair em tentação,
E a carne poder amar!
Ser livre de dizer que sim ou não!
Ter temor ao livro e esfriar minha pena,
No amor à absolvição!
Na palavra ouvida
Na pena a ousadia!
Para amar é preciso ser livre,
Diz o meu anjo ao coração!

 
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mechirome
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