Sou onda vertical,
em mim surfam sentimentos,
ando por oceanos,
afogo mares d'enganos,
espraio-me por praias tropicais,
não sou o que pareço,
bato, furiosamente,
em rochas resistentes,,
entro em grutas de luzes
e sombras, de vários matizes,
onde vivem neptunos felizes!

Muitas vezes,
desfaço-me em horizontes macios,
deixo de ser onda, por mares ondulando
e sou ancoradouro de navios,
versátil, mas nem sempre navegável!

A terra é minoria,
mas maioria de toda a mágoa,
felizmente, sou onda
com 70% d'água,
onde boiam,
surfam destroços d'um navio,
com 30% d'ossos,
que, embora só destroços,
são lastro do meu corpo,
que vogam na crista da onda!

Por vezes,
levanto nas asas duma gaivota,
nas asas duma pomba,
faço a vontade ao vento,
vou pelos pontos cardeais
e colaterais,
desço na maré vaza,
na maré cheia junto-me às demais,
mas, quando fico macia,
de barriga para baixo,
vem muito pescador até mim,
fazem-se cócegas com seus anzóis,
apanham peixes,
do céu, dos sóis apanho raios e feixes,
à noite apanho luares!

Por sois e luas apanhado,
fico sem saber se montar
em gaivotas ou em pombas!

Compreendam,
sou onda...
e faço ondas!
...............xxxxxxxxxx..............
Autor: Silvino Taveira Machado Figueiredo
Gondomar


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