Poemas : 

Gritos do gueto - Lizaldo Vieira

 
Gritos do gueto - Lizaldo Vieira
São do medo
São dos tiros
São do preconceito
Ouço
Nada faço
Nada falo
Faço que não ouço
As vitrolas que roncam
Só reclamam
não abusam
Só o radio dá a noticia
Da ultima hora
De mais uma vitima
De mais uma morte
Do esquadrão
É som do gueto
Aos berros
Sons do inferno
Vida de cão danado
Almas penadas
Choro de agouro
Tons
E som do povo
Que rala e rola
Na pedra
Ganha mais não leve
Tudo é do fidalgo
Coitado vive
Suando o sovaco
São gritos
Gemidos de gente miúda
Gente velha
Adolescentes
Mulher grávida
Gente sofrida
Amaldiçoada do mundo
Mal vivida
Mal vestida
Só como e mau bocado
Plebe tristeza
Desrespeitada na gleba
Na terra
Que querias ver dividida
Sobra barrado de papelão
Não como
Não mora
Não dorme
É gente escondida
De direitos
De amor
De sonhos
Desvalida
De lá para cá
Ouço o som
De menino escondido
Com medo
Guarda segredos
Das noites inconfessas
Barraco tem brechas
Tem frestas
Parede tem ouvidos
Tuberculosos
Tem olhos arregalados
Ao preconceito
Aos abelhudos
Do mundo
Vindo de todos os lados
Ouça e cante a música legendada
De lá
Tem recado forte
Pra mandar
O mundo desses mundos
Está mudo
Sego
Calado
Não muda
Não muda nada
Tem rabo preso com o sistema opressor
Chamam-nos
Em voz alta
Rouca
Não dão ouvidos
O mundo caiu
Sem para quedas
Nosso Grito é direto
Repleto dos mistérios
Dos fundos de quintal.
Ouça e cante
Não desencante essa gente
Vaga lume
Que quer viver luz
Poesia
Pra cantar e sorrir
Toda hora
Todo dia
É hora da gente Zé vintém
Vamos assumir.seu lugar na paróquia
Que amemos
Mão a mão
Dadas.
Ao negro
Ao branco
Do barraco
Da favela
Que gritam só por razão
Eta vida de pião
Eta vida de cão
Etá vida de gado.


Q U E S E D A N E C U S T O d e V I D A - Lizaldo Vieira
Meu deus
Tá danado
É todo santo dia
O mesmo recado
La vem o noticiário
Com a
estória das bolsas
Do que sobe e desce no mercado
De Tóquio
Nasdaq
São paulo
É dólar que aume...

 
Autor
Lizaaldo
 
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