Poemas : 

o custo da vontade do povo

 
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Até a necessidade se tranformar em disciplina
até a disciplina se tornar hábito,
até ao hábito se tornar dependência e vício,
até a pobreza ser algo que infeliz se ensina,
até a cetose se tornar o nosso hálito,
e a fome um pouco do respirar neste hospício.

Até os anéis acobreados sairem dos dedos,
até as mãos nuas perderem a gordura, o recheio,
e restar a magreza suave e pétrea do osso,
até a revolta ser cochichada em segredos,
e entre o esquálido e o gordo não haver meio,
e nos castelos encantados encherem o fosso,

Até a miséria ser uma forma normal de vida,
a que nos acostumamos por ser o comum,
por nos entrar na pele, como a merda e o ar,
olhamos a crise que não chega escorrida
por se arrastar insidiosa, de lado nenhum,
mas que parece que veio, sem recheio, para ficar..
.




Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.

Eugénio de Andrade

Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.

Realidades alternativas que não podem ser alternativa.
No 25A comemora-se o quê?
 
Autor
Rogério Beça
 
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Enviado por Tópico
Alemtagus
Publicado: 28/05/2023 17:39  Atualizado: 28/05/2023 17:39
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 Re: o custo da vontade do povo
É de 2011, mas continua actual. Aplaudo!