No silêncio da noite, abres teus braços para receber a minha alma. Teu corpo despido, coberto com esse véu translúcido que suaviza os contornos da tua pele, abre-se para mim, oferecendo-me o prazer, o calor, a alma, que brilha no teu centro de gravidade. Venho, com a sede nos lábios, beber da tua boca, o gosto suavemente quente da tua língua que se enrola na minha.
Nesta noite, o meu corpo cola-se no teu, sentindo-te o coração acelerar, olho-te profundamente nesse azul, vislumbro nele o mar imenso que retens no teu olhar. Ficamos ali, quietos, frente a frente, num instante, num momento, olhos nos olhos, corpo no corpo, alma na alma. Paramos com um simples toque a realidade que se separa, diverge desta dimensão, deixando-nos sós, no nosso próprio Universo.
Perdemos a noção do tempo, esquecemos o espaço à nossa volta, somos apenas uma corrente de energia que flui, entre corpos colados, abraçados, sentindo-se, transferindo, trocando emoções em olhares fixos.
Fechamos os olhos, e beijamos-nos, intensa e prolongadamente, até que o dia amanheça...