Prosas Poéticas : 

Dança

 
Sento-me no chão, na mão, a caneca de chá quente dispersa aromas de maçã e canela pelo ar. Olho o firmamento, perscrutando por entre estrelas e galáxia um sinal. A noite abraça-me como cobertor quente que me afaga nesta fria madrugada de final de Verão. Escuto a coruja que na árvore mais próxima quebra o silêncio da noite.
Tomo um gole desta infusão, sinto a alma acender-se no peito com o calor que este líquido me aporta. Por instantes parece-me ver o teu olhar por detrás de Vénus, lugar propício para te sentir, no desejo que ofereces em cada toque, na luxúria que teu corpo destila. Eu, persigo-te, despojando-me da minha armadura de guerra, qual Marte desejando-se Apolo, sigo no rasto deste cometa, cabelo que soltas voando pelo Universo.
Subitamente sinto um arrepio na nuca, uma brisa que se esconde nos meus cabelos. Instintivamente sinto a tua presença, escuto sobre a grama a suavidade dos teus passos, e um murmúrio... "amor!" Olho, e vejo-te chegar, carregas nas mãos o teu chá e pedes-me que te abrigue no meu cobertor.
Ficámos ali até o dia nascer, contemplando o Universo que se estendia à nossa frente, abraçados um ao outro e sonhando com Vénus e Marte, dançando por entre as galáxias.

 
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