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Dilacerações

 
O meu âmago corrói-se em dilacerações,
Defraudado,
Atormentado,
Pelo apogeu que deixou de ser meu,
Acérrima atroz enclausura,
Contracções do sofrimento que perdura.

O meu anseio desfez-se em nulidade,
Magnificente relampejo ténue da felicidade,
Agora afogado pelas intempéries da saudade,
As lágrimas secaram,
Sorrisos dementes me deixaram,
Tédio infinito do sofrimento,
Enclausura perpétua nas grades do tormento.

Sinto-me encolhido,
Torpe dilacerante gemido,
Soturna inquietação de uma prostração,
Corpo fustigado em contracção,
Débil quietude,
Sofrimento beligerante sem voz,
Em mim se entranha a corrosão atroz,
Tremo em ansiedade,
Quando sinto o corpo a sucumbir,
Flagelo-me em torpor,
Quando a mente deseja explodir,
Beligerante e ácida incursão,
Pela mórbida irreversível degradação.

Senil,
Entranhada em mim a desilusão,
Vil,
Amarga putrefacção de uma existência,
Em demência,
Na penumbra do silêncio inexisto,
Contínua degeneração a que assisto.
Na desistência,
Na conformação de uma incumbência,
Deixar-me possuir pela inexistência.

Se já nada me apraz,
Me totalizo na nulidade, na vacuidade,
Lamento eterno de apenas querer morrer em paz…
 
Autor
Bruno Miguel Resende
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 25/10/2007 08:05  Atualizado: 25/10/2007 08:05
 Re: Dilacerações
Forte poema,
As dilacerações que vivemos de uma sociedade mundialmente preconceituosa que arrasa cada vez mais os olhares da cegueira.
Muito bom
ConceiçãoB