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Fome

 
Fome

Rasgava a carne com barra de aço;
era uma obra de arte, um Picasso.
Outro berrava sem entender nada;
seu sangue jorrava, outro dava risada.

A barriga aberta — tripas, vísceras
vermelhas, rosadas —
parecia alegre e saudável.
Eu pensei: isto aqui está mais para Dalí.

Seria mais salutar e provável.
Sangue escorria pelas frestas da mesa,
quase uma cachoeira densa, caudalosa.
Se é, assim seja — não havia defesa.

Era algo sem noção, uma cena espantosa;
talvez a fome trouxesse alucinação.
Chamei: — Garçom!

Ele trouxe o cardápio.
Fiquei na dúvida entre o bife malpassado
e o grelhado de cação!

Alexandre

 
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montalvan
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Enviado por Tópico
RoqueSilveira
Publicado: 02/02/2012 12:30  Atualizado: 02/02/2012 12:30
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Mensagens: 8104
 Re: Fome
Por vezes é melhor não olhar o cozinheiro, mas este poema foi bem cozinhado para a escolha do cação, rss
Abraço
Roque