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Na serenidade de um momento apenas

 
Hoje despertei a realidade dentro do sonho, coloquei ambos, frente a frente, num combate verdadeiro. Não há um árbitro, nada que julgue ou que analise forças e
formas.
O sonho sorria e chorava na varanda do pestanejar.
A realidade fazia contorcionismos, para se lembrar da própria existência, numa
consciência liberta de muralismos e embuste…
Caminhei largas horas neste tapete de combate, sem nunca me ausentar de ambas as partes…
O dia descia nas colinas com o sol a respirar o frio do Inverno…eis; que a resolução ficou patente na mente, assim com a claridade de uma aurora de Primavera.
Abandonarei o sonho.
As quimeras que se tornaram loucas memórias…não é uma desistência, mas sim uma conformidade perante a realidade que impera.
É límpido este sentir…o sonho é o alimento irreal do destino…o destino é a realidade de cada sonho, sonhado no âmbar das provações…as forças nunca são iguais nem mesmo reais, nestas lutas de vento e ar…
Dentro da mente gritam apaziguadores da memória…dizem que o sonho não pode morrer nem ficar no abandono!
Não são os fracos que largam os sonhos. São os fortes, aqueles que sonham a
realidade da estabilidade emocional…para que serve o sonho, se este é ar em vácuo…maresia fictícia numa areia movediça?
Ser forte…ser emoção no sentir, é saber medir todas as vertentes na mesma
quantidade e caminhar pelas linhas onde os sorrisos sejam, verdades e nunca os
sorrisos engalanados para uma ocasião.
O âmago está repleto deste momento efémero…cansado de palavras engalanadas para serem soletradas com as mãos atrás das costas.
Isto não é sonho! Não é realidade!
É um mundo encoberto por momentos de banalidade; que nada, acrescentam.
Mais-valias de coisa nenhuma…
Trazem fragmentos a esvoaçarem soltos. Não têm sabor nem cheiro.
A questão pertinente, e aquela que venceu este combate, é esta mesma:
Qual a vantagem de ser flor plastificada? Em que jardim poderá viver esta flor?
Ficará em qualquer canto…na efemeridade da novidade, logo após tudo se esvai.
Nasci para ser borboleta…na efemeridade das cores e da liberdade com intensidade. Essa viagem; eu já fiz, por quanto é tempo de pegar as bermas da estrada e nelas deixar as palavras…o sonho!
Tenho a estante aconchegada de boas recordações!
Ser realidade na vontade de uma coragem, que marca de todo, a minha passagem seja onde for…
Não quero lamentos, nem choros…muito menos sorrisos despidos…obrigada; tenho a mala repleta deles…a viagem chama-me!
Partirei tal com cheguei…na serenidade de um momento apenas!




Ana Coelho
Os meus sonhos nunca dormem, sossegam somente por vagas horas quando as nuvens se encostam ao vento.
Os meus pensamentos são acasos que me chegam em relâmpagos, caem no papel em obediência à mente...

 
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AnaCoelho
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