Prosas Poéticas : 

tu és um cabrão eu não tenho perdão

 
apesar disso é amor

sei que sou uma cabra que te ama na violência da estuporice. sei que sou o incêndio que te caça os fundilhos e te arranca a língua para com ela tapar todos os silêncios da tua estrada em fuga.
obrigo-te a aninhar no chão onde passam os tornados na minha insensatez, e a comer todos os meus gestos num terramoto com dia marcado. coloco-te na guilhotina ajoelhado num ámen a todos os meus ais apócrifos e solto a lâmina no teu querer. faço então com ele, e dou-te a beber, o bagaço mudo da vida, e solto os cavalos na tua consciência atordoada pela minha dor oblíqua e vagabunda. o teu destino é uma tripa enrolada nos meus pés que eu ato e desato com gargalhadas tristes. esta melancolia é uma puta fora da lei a chantagear–te a devolução de todas as horas que me roubas, como resgate ao tempo em que te penso em vão, enquanto te odeio porque te amo. tu és um cabrão. eu não tenho perdão.

sei que sou uma cabra que te ama na violência da estuporice. sei que sou o incêndio que te caça os fundilhos e te arranca a língua para com ela tapar todos os silêncios da tua estrada em fuga.
obrigo-te a aninhar no chão onde passam os tornados na minha insensatez, e a comer todos os meus gestos num terramoto com dia marcado. coloco-te na guilhotina ajoelhado num ámen a todos os meus ais apócrifos e solto a lâmina no teu querer. faço então com ele, e dou-te a beber, o bagaço mudo da vida, e solto os cavalos na tua consciência atordoada pela minha dor oblíqua e vagabunda. o teu destino é uma tripa enrolada nos meus pés que eu ato e desato com gargalhadas tristes. esta melancolia é uma puta fora da lei a chantagear–te a devolução de todas as horas que me roubas, como resgate ao tempo em que te penso em vão, enquanto te odeio porque te amo. tu és um cabrão. eu não tenho perdão.
 
Autor
RoqueSilveira
 
Texto
Data
Leituras
1278
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
6 pontos
6
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
Nanda
Publicado: 04/03/2012 18:08  Atualizado: 04/03/2012 18:08
Membro de honra
Usuário desde: 14/08/2007
Localidade: Setúbal
Mensagens: 11076
 Re: tu és um cabrão eu não tenho perdão
Não tem jeito...
Estás ao rubro, São.
Beijinho
Nanda


Enviado por Tópico
Moreno
Publicado: 04/03/2012 19:02  Atualizado: 04/03/2012 19:02
Colaborador
Usuário desde: 09/01/2009
Localidade:
Mensagens: 3482
 Re: tu és um cabrão eu não tenho perdão
palavras fortes que retratam algumas realidades...


Enviado por Tópico
Migueljaco
Publicado: 05/03/2012 01:36  Atualizado: 05/03/2012 01:36
Colaborador
Usuário desde: 23/06/2011
Localidade: Taubaté SP
Mensagens: 10200
 Re: tu és um cabrão eu não tenho perdão
Boa noite Roque, seus versos permeados por intensas metáforas narram uma personagem impotente, diante do poder de sedução daquele que lhe judia em certos aspectos, mas também supre as suas expectativas de afetos quando se faz cavalheiro.
Parabéns pelo seu envolvente poema, MJ.