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Catarse

 
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As casas dormem ainda
ensaiando um silêncio de morte improvisada.
Nas janelas fechadas
oculta-se um rumor de luzes estranguladas.
O fogo adormecido da quimera
envelhece sob um céu sem luar
junto à rebentação das sombras
onde decifro a solidão fria do inverno
no crepitar da memória incandescente.

Personagem de encruzilhada, busco
um elo que faça ainda sentido
com qualquer coisa conhecida,
enquanto assisto ao desgaste lento das horas
a cavarem um fosso de incertezas
no parapeito arruinado da esperança.
Respiro todos os segredos da escuridão
no mármore arruinado onde repousa
um silêncio de asas mortas
e o gemer surdo do sono adiado.


Ao fundo do corredor
no átrio vago da demora
range a porta da alvorada
a abrir-se para a claridade inesperada do dia.


 
Autor
Runa
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Enviado por Tópico
Beija-Flor76
Publicado: 25/05/2012 20:33  Atualizado: 25/05/2012 20:33
Membro de honra
Usuário desde: 23/02/2010
Localidade: PORTUGAL
Mensagens: 2080
 Re: Catarse
É um pleno "encher de pulmões" este poema maior, tão bem pavimentado de metáforas e sensãçoes.
Pergunto-te: se ainda não existir...para quando um livro?
Seria bom poder ter tudo isso na mesa de cabeceira.

Abraço
Beija-flor

Enviado por Tópico
carolcarolina
Publicado: 25/05/2012 22:15  Atualizado: 25/05/2012 22:15
Colaborador
Usuário desde: 24/01/2010
Localidade: RS/Brasil
Mensagens: 9299
 Re: Catarse
Poeta Runa!

A claridade inesperada do dia trazendo nova esperança.
Belo poema com versos inspirados
Abraço
Carol

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 25/05/2012 23:32  Atualizado: 25/05/2012 23:32
 Re: Catarse
Um festival de metáforas. Um belo poema. Parabéns, Runa.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 29/05/2012 00:29  Atualizado: 29/05/2012 00:29
 Re: Catarse
*Versos atados num fio dourado da 'claridade inesperada do dia'.
Um texto para levar no peito e no olhar.
Beijo-te
Karinna*