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Mendigo

 
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Mendigo

Aquele mendigo catando toco de cigarros
Com cabelos compridos e barba sem fazer
Saiba que já foi rico e tinha belos carros
E vivia nos melhores restaurantes a comer

Hoje tem uma tosse seca, mas sem escarro
Seus pulmões doentes estão a se desfazer
O alcool é que o deixou deste modo bizarro
Dorme pelas calçadas sem ter o que comer

Crianças que vão à escola lhe tiram sarro
Às vezes até lhe atiram pedaços de barro
Quando ele vai passando, todo maltrapilho

Veja o que o álcool faz com os humanos
Pois antes ele tinha de tudo e fazia planos
Agora anda nas trevas sem nenhum brilho.

jmd/Maringá, 20.10.12




verde

 
Autor
João Marino Delize
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 20/10/2012 21:04  Atualizado: 20/10/2012 21:04
 Re: Mendigo
Triste cantar poeta João, fiquei até emocionada.
Uma mensagem que retrata sem dúvida que os dias que correm são tão, mas tão incertos independentemente da classe social a que pertençam...ah conheço casos assim, contam-se pelos dedos porque esta região é extremamente pequena (300.000 hab mais ou menos), mas que os há há.

Haja sempre um lar aconchegante para todo ser que vive na terra.
Deambulei e delirei demais neste seu cantar.
Abraços
Luzia

Enviado por Tópico
fotograma
Publicado: 21/10/2012 00:28  Atualizado: 21/10/2012 00:28
Colaborador
Usuário desde: 16/10/2012
Localidade:
Mensagens: 1473
 Re: Mendigo
interessante soneto com crítica de cunho social endereçada a medíocres viciados em atenção a todo custo de toda estirpe

eu adicionaria "é" ao trecho:

O alcool é que o deixou deste modo bizarro
Dorme pelas calçadas sem ter o que comer

visto que sem pontuação é possível ler como "o alcool dorme pelas calçadas", embora obviamente se possa aperceber pelo contexto

sempre achei todo verdadeiro poeta meio asceta em sua meta de pura criação lírica

ascetas são facilmente tomados por mendigos por juízes de capas