Poemas -> Minimalistas : 

o que que

 


quando morrem as palavras na garganta
não recebem funeral
nem ganham vida eterna



o circo prossegue o espetáculo
o palhaço-equilibrista-mágico sorri enigmático
em meio ao duplo mortal vira pombo e voa



ontem o sol sorria
hoje chove
amanhã não importa



nas ruas os passos mal se olham
pisam com convicção sobre velhas trilhas
e quando param e vislumbram a sua, está apagada



que dirá a janela ao pôr-do-sol?
não se despede, pois sabe de sua rotina
mas range e trinca o dente



e toda essa cerca em volta dos campos
não é senão uma tosse de gargante irritada
e as ovelhas conhecem atalhos pra se perder



declarei minha alma em meu imposto de renda
bem inalienável e imóvel
aguardo uma pequena devolução



 
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Enviado por Tópico
Caopoeta
Publicado: 16/04/2013 15:18  Atualizado: 16/04/2013 15:18
Colaborador
Usuário desde: 12/07/2007
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Mensagens: 1988
 Re: o que que
as pessoas já não se conhecem a si mesmas,
estão ocupadas em retirar a dignidade de outras.


nas ruas os passos mal se olham
pisam com convicção sobre velhas trilhas
e quando param e vislumbram a sua, está apagada



-gosto imenso desta frase.

foi a que me fez cá debitar algo,
que eu não sei bem o que é...

Abraço.

Enviado por Tópico
Maria Verde
Publicado: 16/04/2013 15:48  Atualizado: 16/04/2013 15:48
Colaborador
Usuário desde: 20/01/2008
Localidade: SP
Mensagens: 3489
 Re: o que que
Gostei de todos, mas o quinto mini está da hora!
Não compreendi o quarto... "e quando param e vislumbram a sua..." a sua o que?

MV




Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 16/04/2013 16:05  Atualizado: 16/04/2013 16:05
 Re: o que que
Gostei muito das metáforas utilizadas.Nunca se sabe exatamente a intenção/inspiração do poeta,mas interpretei como a facilidade muitas vezes de seguir modelos pré-estabelecidos e trilhar caminhos já abertos, em detrimento de ousar contestar e fazer o novo.
Abs
Angela