Poemas : 

“ corvus occultus fronde”

 
"O vate é proscrito que vaga na terra,
Bem poucos lhe entendem o estranho falar;
Qual rocha batida das vagas do mar,
Suporta dos homens tormentos e guerra;
Dos vates a pátria no céu achar vamos,
Deixemos o exílio, minh´arpa morramos!"
E a nova corda estala; outro gemido
Que sai dos seios da harpa, e é dado às brisas.”

A Harpa Quebrada - Joaquim Manoel de Macedo





Gentio néscio és, quiseste dissimular o corvo na folhagem,
quando roxas, flores dos lilases desabrochavam na paisagem,
quando nas ruínas miseráveis de aldeias abrigar, almejaste
sons emanados das palavras sutis que penosamente sagraste.

Não viste: aos laivos deitados nas esguias pedras das azinhagas,
que te afastassem - jamais te suporiam ser trilhas - das pragas ;
pobre lacaio pretensioso, falto és da argúcia, na desdita içado!
Elas, em confiança, eram as dos cascos de nefasto corcel alado.

Veio chuva, abatendo-se sobre a terra nua tão cruenta procela,
demolindo os restos das cercas que às palavras davam cautela,
enlutando, tornando em lama toda trilha que fora ali demarcada,

Lembra-te bem: - comemoraste assim como a um dia de outono,
sôfregos versos como ao som de clarins ocupaste real um trono,
sorvendo tantos sons que trazia no bojo da brisa tênue rajada.







 
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shen.noshsaum
 
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