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Eternidade

 

Eternidade

Posso sentir a morte do fim do dia,
o hálito fétido da sua boca aberta,
a crescente invasão da agonia,
a alma vazia na noite deserta.

Tão certas as palavras que existiam,
apenas no fim, rastros de melancolia,
deste dia que há tão pouco apenas nascia,
e agora, pouco a pouco, a morte o levava:
ele morria.

Não posso sepultar mais este dia.
Quero me libertar destes grilhões,
fazer de um simples sonho realidade,
de um simples ato de vontade — eternidade —,
e ver nascer, com alegria, um dia que nunca morreria
de verdade.

Ter o olhar refletido no nada,
tão frio como o aço da espada;
encontrar o altivo senhor do universo,
que, mesmo distante, está perto
do meu coração.
Alexandre Montalvan

 
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montalvan
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