Poemas : 

Pardalzinho danado

 


"...poderia ser um broto de feijão
desprezado pelo canário belga ..."
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- Pardalzinho danado -


Pardal solitário na madrugada
cava a vida, procura a ração.
Naquele domingo o desjejum
poderia ser um broto de feijão
um resto de alpiste desprezado
pelo canário belga empedernido.
Se tivesse um pouco de sorte,
talvez umas migalhas,
de uma côdea de pão preto
resto do jantar do anfitrião
sentado para o café
com a filha ao lado
e a mulher de vestido babado.

Talvez a menina da cabelos de milho
envergonhada com a xícara de porcelana
o convidasse para uma bicada
no croassã fino folheado
de quatro queijos com certeza.

Quando surge de inopino,
portando cruel vassoura,
a criada de bochechas morenas,
oblíquos olhos negros hostis,
brandindo o instrumento
como incinerador incandescente,
justiceira implacável
no inicio daquele dia brilhante.

Na frente da menina estupefada,
crispando sobrancelhas,
não mais que um pardal solitário,
levantou asas em voo rápido, rasante
sobre as maçãs salientes do rosto trigueiro
deixando a menina estampando, na boca sorriso rebelde.
festejando o malogro dos esforços
da criada estrangeira.
concentrada na intenção, olhando rápida ao redor.
varrendo lépida o perímetro, gabolando a covardia
ainda perguntado a todos
onde o pássaro se escondeu:

“ - Eta pardalzinho danado,
ond’é que se meteu?”






" ...descrevo sem fazer desfeita,
meu sofrer e meus amores
não preciso de receita
muito menos prescritores."




 
Autor
LuizMorais
 
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