Insistia inda em avaliar a alma que sofria,
no monólogo surdo que a mim se referia.
" - Gritas ao mundo que sofres e és infeliz,
Ornando a tudo com melancólico matiz!
Amealhando compaixões para a desdita,
que nas teias de ilusões não reste adita."
Sem nenhum receio adiante ela mais iria,
por que em angustias mergulhado me via.
Censurava assim minha alma algo arredia
e era ao meu proceder que respeito dizia.
" - O que esperas desse proceder, vil cariz,
não tornará evanescente tua viva cicatriz?
Que uma desavisada alma faça uma visita,
para ser ao triste rol de infelizes inscrita? "
" - Podes mirar um espelho com tanta calmaria,
depois de planejares iludir alguém à revelia?"
De arrebatada figura,
sou altivo, sou forte,
não carrego lutos e mágoas,
até um dia enganei a morte,
na sua faina de colher almas
e renasci.