BENTINHO E CAPITU

A releitura deles a que me propus nesse soneto, cara Janna, contém igualmente admiração pela obra de Machado e perplexidade em face ao destino humano. Essa terrível situação na qual Bentinho se vê como o amoroso que não se sente amado e, em nome disso, busca frágeis evidências para comprovar sua infelicidade é comovente. O corpo sabe, pela tibieza do carinho que oferece, que não é desejado; A alma sabe, pela frieza do tratamento que recebe, que não é querida. Não obstante, a fala e os factos insistem em se mostrar contraditórios, levando o amador à perplexidade: se afasta o seu objeto de amor, se vê saudoso, solitário e quiçá injusto; se aproxima o seu objeto de amor, contempla diariamente o fingimento, o jogo de aparências, enfim, a insuficiência de amor.

Tristes, tanto Bentinho quanto Capitu... Dividindo existências marcada pela conveniência e pela insatisfação!

Sublime Machado de Assis!

Abraços, RicardoC.

Saudosa produção audiovisual a desta foto. A arte do romance penetrando nas dúvidas da personagem nos leva pelo cipoal de ressentimentos d'um homem que acreditou que o amor é fruto do merecimento; d'aquilo que se faz pela pessoa amada. Capitu, à maneira de Carmem, nos recorda, porém, que "L'AMOUR EST UN OISEAU REBELLE"...

Bentinho e sua trágica existência desamorosa nos leva às sombras do amor não correspondido e da infidelidade jamais esclarecida.

Grande alumbramento e merecida homenagem a Machado as imagens e ações de suas personagens nas telas electrônicas.