CENSURADO

Certa vez, Maria Lúcia, eu escrevi um soneto denominado A ALCOVITEIRA que consistia num perfil burlesco típico de comédia de erros do século XVII, no qual essa figura era recorrente. O facto é que uma pessoa próxima a mim leu quando publiquei na minha página do face e não gostou nada, apesar de sequer lhe fazer alguma menção. Creio até que dificilmente alguém conseguiria ver no soneto de então alguma forma de ofensa dirigida a quem quer seu seja. De qualquer modo, fiz do constrangimento uma brincadeira contra aquilo que considerei então uma forma de censura: peguei a linguagem da redação legislativa -- "É defeso... -- e tentei demonstrar o absurdo de tentar censurar a poesia. A brincadeira final do soneto no qual tento confundir o leitor é nesse sentido, pois, se eu quiser falar com ironia ou escárnio de alguém sempre será possível inventar um Diogo e jogá-lo no fogo, isto é, na confusão.

É isto.

Abraços, Ricardo Cunha.