Continuava a ponderar minha alma que sofria,
no monólogo denso que a mim se referia:
“ - Então, dizes - Estou apaixonado, sou feliz,
realizado, tenho um novo amor,
não mais sofro por quem não me quis.”
“ - Fazes do querer amar reles labor,
sentimento banal e piegas, sem rosto,
como se a paixão fosse artigo exposto,
à venda num bazar de artigos populares,
entre mil miçangas, lantejoulas e colares.”
“ - És um ser desprezível nesse agir
não pensas que podes estar a iludir
quem apenas quer estender a mão?
“- O que queres com essa má ação?
Estrada mais iluminada eu preferiria
eram duras verdades que ela proferia:
“- Vais acabar causando algum dano,
não levarás nenhuma melhoria.
Não te iludas, será teu ledo engano
confundir a quem mostra simpatia,
tem um sorriso, um gesto afável
pelo teu reles sofrer miserável.”
“ - Ela não te ama!. Domina teu ardor,
não te iludas, nem te tornes risível.
Ela apenas é uma mulher sensível,
que entende sentimentos de dor
e já sofreu por um amor perdido.”
Não quer amar você, quer só ajudar,
afastar essa angustia e te apoiar.”
Advertia assim minha alma com sabedoria,
estéril monologo, pois ansioso não ouvia.
De arrebatada figura,
sou altivo, sou forte,
não carrego lutos e mágoas,
até um dia enganei a morte,
na sua faina de colher almas
e renasci.