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andarilhânsias (I)

 
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ANDARILHÂNSIAS
I
(Tenho dentro de mim ruas tão longas)

Tenho dentro de mim ruas tão longas
tão perdidas de norte, e calcetadas
de pedras que não sabem quão amargas
são as ervas pedindo urgentes mondas.

Tenho fora de mim luas tão várias
tão perdidas da sorte e da ternura
de uns olhos que saibam da lonjura
à nitidez e ao sonho necessária.

E nestas minhas mãos, linhas tão breves
tão ténues, tão de renda e finitude
que nem eu ousaria escrever nelas

o poema que, em branco, não revela
à minha boca o fio, a longitude,
a estridência da pena que me serve...

in "40 Poetas Transmontanos de Hoje", Âncora Editora 2017


Teresa Teixeira


 
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Sterea
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Enviado por Tópico
Carlos Ricardo
Publicado: 26/07/2017 22:02  Atualizado: 26/07/2017 22:02
Colaborador
Usuário desde: 28/12/2007
Localidade: Penafiel
Mensagens: 1801
 Re: andarilhânsias (I)
Essas andarilhânsias estão no bom caminho.
Maravilha!

Enviado por Tópico
Juvenal Nunes
Publicado: 10/01/2019 12:02  Atualizado: 10/01/2019 12:02
Membro de honra
Usuário desde: 28/07/2013
Localidade: Douro Litoral
Mensagens: 531
 Re: andarilhânsias (I)
Poema revelador da reflexão das agruras desta vida a que a poesia serve de lenitivo. Há muito de estética e musicalidade no seu desenvolvimento que faz dele um poema bem conseguido.

Juvenal Nunes

Enviado por Tópico
ZeSilveiraDoBrasil
Publicado: 13/01/2019 14:07  Atualizado: 13/01/2019 14:07
Administrador
Usuário desde: 22/11/2018
Localidade: RIO - Brasil
Mensagens: 1851
Online!
 Re: andarilhânsias (I)
olà, Teresa!

dizem ser condição imposta e alheia à qualquer vontade própria, e que; poetas, pensadores, estão mais sujeitos, ou, apenas meros reféns dessa estridência... ao meu olhar, um `caminhar amargo; talvez seja o que o sujeito poético reclama dessas `andarilhânsias`...


aquele abraço bem caRIOca